Seu intestino pode estar afetando sua saúde mental
Cientistas identificam bactérias intestinais ligadas à depressão. A descoberta pode transformar diagnósticos e tratamentos

Pesquisas recentes vêm reforçando uma hipótese surpreendente: bactérias intestinais podem ter um papel direto no desenvolvimento da depressão. Essa conexão entre o sistema digestivo e o cérebro, conhecida como eixo intestino-cérebro, vem sendo tema de intensos estudos científicos ao redor do mundo.
Um trabalho publicado em 2022 na revista Nature Communications identificou 13 tipos específicos de bactérias intestinais associados a sintomas depressivos. O estudo observacional analisou amostras de microbioma fecal de 3.211 indivíduos de diferentes etnias, trazendo evidências promissoras sobre o impacto da flora intestinal na saúde mental.
Os gêneros bacterianos apontados — como Eggerthella, Coprococcus, Subdoligranulum, Sellimonas e Lachnoclostridium — fazem parte dos chamados táxons microbianos que, segundo os cientistas, influenciam diretamente o risco de desenvolver transtornos depressivos.
Como as bactérias intestinais podem influenciar o humor
O mecanismo por trás dessa relação pode estar na produção e regulação de neurotransmissores, como o glutamato, butirato, serotonina e o GABA (ácido gama-aminobutírico). Essas substâncias químicas são essenciais para o equilíbrio emocional e, quando desreguladas, podem contribuir para quadros de depressão.
Segundo os autores do estudo, a presença ou ausência de determinadas bactérias intestinais pode afetar o metabolismo desses neurotransmissores. A esperança é que, futuramente, exames do microbioma intestinal ajudem no diagnóstico e tratamento da depressão.
Médicos poderiam, por exemplo, analisar o perfil microbiano do paciente e, a partir disso, sugerir ajustes alimentares e uso de probióticos específicos para restaurar o equilíbrio intestinal e, possivelmente, melhorar o estado emocional.

Sinais que não devem ser ignorados
A depressão é uma condição complexa e pode se manifestar de maneiras variadas. Entre os sintomas mais comuns estão:
- Tristeza constante e sensação de desesperança
- Fadiga persistente e baixa energia
- Insônia ou excesso de sono
- Alterações significativas no apetite
- Dificuldade de concentração
- Perda de interesse por atividades prazerosas
- Dores físicas sem causa aparente
- Pensamentos negativos recorrentes
Se esses sintomas estiverem presentes, especialmente de forma prolongada, é importante buscar ajuda profissional. A ciência está cada vez mais próxima de entender que cuidar do intestino pode ser também cuidar da mente.
Conheça os diferentes tipos de depressão
A depressão vai além da tristeza: existem variações como depressão maior, distimia, depressão atípica e sazonal. Cada tipo apresenta sintomas e tratamentos específicos. Reconhecer essas diferenças é essencial para diagnóstico e cuidado adequados. Entenda mais sobre os diferentes tipos de depressão no link da Catraca Livre. Clique aqui para saber mais.