Sinal que indica maior risco de demência pode surgir ao levantar

Estudo de Harvard apontou uma relação entre hipotensão ortostática e o risco de demência; entenda

Os recentes avanços científicos vêm destacando a correlação entre a hipotensão ortostática – um fenômeno caracterizado pela queda abrupta da pressão arterial quando o indivíduo se levanta – e o risco aumentado de demência.

O alerta reforça a importância de uma atenção médica apropriada, especialmente nos casos de pessoas que apresentam sintomas como tonturas frequentes ao se levantar.

Hipotensão ortostática e risco de demência: o que a ciência revela?
Créditos: iStock/klebercordeiro
Hipotensão ortostática e risco de demência: o que a ciência revela?

Um dos estudos mais recentes sobre o tema foi realizado na Escola de Saúde Pública, da Universidade Harvard. A pesquisa analisou 11,6 mil pacientes que participam do Estudo do Risco de Aterosclerose nas Comunidades, cujo acompanhamento ocorre desde o final da década de 1980.

A idade dos participantes foi de 55 anos no início do estudo. Cerca de um a cada cinco voluntários desenvolveu demência nas quase três décadas de análise.

Qual sinal pode indicar maior risco de demência?

A pesquisa apontou que participantes que apresentaram queda significativa na pressão arterial, no primeiro minuto após se levantar, tinham um risco até 22% maior de desenvolver demência em comparação com aqueles que mantiveram a pressão estável. Uma queda na pressão após o primeiro minuto teve menos impacto.

Ainda não se sabe por que a hipotensão ortástica aparentemente eleva a probabilidade de alguém enfrentar a demência.

“E ainda não sabemos se a queda precoce na pressão leva à demência ou vice-versa”, disse Yuan Ma, professora de Harvard e principal autora do estudo.

Mas, segundo os pesquisadores, quedas abruptas na pressão arterial podem resultar em uma diminuição do fornecimento de oxigênio e nutrientes ao cérebro, aumentando, assim, o risco de lesões cerebrais isquêmicas e, consequentemente, de demência. 

Embora o estudo ainda não possa dizer se a queda na pressão arterial é uma causa ou um sintoma precoce da demência, a relação entre os dois fenômenos é clara e merece uma investigação mais aprofundada.

A perspectiva brasileira

No Brasil, um estudo liderado pela geriatra Claudia Kimie Suemoto, professora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), analisou 12,8 mil pacientes que participam do Estudo Longitudinal Brasileiro de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil).

Segundo a médica, o estudo também mostrou uma correlação entre a hipotensão ortostática e um pior desempenho no teste de fluência verbal. Ele está publicado no The Journals of Gerontology.

Como prevenir a hipotensão ortostática?

O resultado do estudo de Harvard justifica uma mudança na conduta médica. Ele pede mais atenção à hipotensão, que pode ser silenciosa e passar despercebida.

Não obstante, a boa notícia é que a hipotensão ortostática é passível de tratamento. Seja por meio da hidratação adequada, de evitar levantar-se rápido demais e praticar atividade física.

O recado principal é que tonturas frequentes ao se levantar são indicativos importantes e necessitam de atendimento médico.