Síndrome de Hulk: os principais sinais do transtorno explosivo e como identificá-los

Episódios costumam durar cerca de 30 minutos, mas suas consequências podem se estender por muito mais tempo

Por André Nicolau em parceria com Anna Luísa Barbosa (Médica - CRMGO 33271)
25/02/2025 13:00

Episódios costumam durar cerca de 30 minutos, mas suas consequências podem se estender por muito mais tempo –  dundanim/iStock
Episódios costumam durar cerca de 30 minutos, mas suas consequências podem se estender por muito mais tempo –  dundanim/iStock - Getty Images/iStockphoto

Já imaginou perder o controle da raiva a ponto de se tornar irreconhecível? Essa é a essência do Transtorno Explosivo Intermitente (TEI), popularmente chamado de Síndrome de Hulk—uma referência ao icônico personagem da Marvel que, em momentos de fúria, se transforma em uma força incontrolável.

O TEI se manifesta como episódios súbitos de agressividade desproporcional a situações comuns do dia a dia, como um engarrafamento ou a frustração de perder um objeto. “As reações vão além do normal, podendo incluir explosões de raiva, batimentos cardíacos acelerados, sudorese intensa, pupilas dilatadas e impulsos agressivos, tanto verbais quanto físicos”, explica o psicólogo Filipe Colombini, CEO da Equipe AT.

Esses episódios costumam durar cerca de 30 minutos, mas suas consequências podem se estender por muito mais tempo. O impacto emocional é profundo: após a crise, é comum que a pessoa sinta vergonha, culpa ou tristeza, tornando a convivência social e profissional ainda mais desafiadora.

Embora possa afetar qualquer pessoa, o transtorno é mais frequente em homens e pode surgir já na infância ou adolescência, persistindo até a fase adulta. Além das dificuldades emocionais, o TEI pode levar a problemas no trabalho, nos relacionamentos e até a conflitos legais, devido a reações agressivas que fogem do controle.

Por que isso acontece?

As causas exatas do TEI ainda não são totalmente compreendidas, mas pesquisadores apontam que ele pode estar ligado a:

✔ Fatores genéticos (predisposição hereditária)
✔ Alterações na química cerebral, especialmente nos níveis de serotonina
✔ Influências ambientais, como histórico de violência ou traumas na infância

Como reconhecer a Síndrome de Hulk?

⚡ Explosões de raiva súbita e intensa
⚡ Agressividade verbal (gritos, insultos, ameaças) ou física (danos a objetos, pessoas ou animais)
⚡ Sensação de alívio durante a explosão
⚡ Arrependimento e culpa logo após o episódio
⚡ Sintomas físicos, como taquicardia, suor excessivo, tremores e tensão muscular

Como controlar a fúria?

O tratamento para o TEI combina diferentes estratégias para ajudar a pessoa a controlar suas reações impulsivas. A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é uma das abordagens mais eficazes, pois ensina técnicas de regulação emocional, controle dos impulsos e identificação de gatilhos.

“O paciente aprende exercícios práticos, como respiração e relaxamento, para reduzir a intensidade da resposta emocional”, destaca Colombini. Em alguns casos, medicamentos psiquiátricos também podem ser prescritos para auxiliar no controle da impulsividade.

Além disso, estratégias complementares podem fazer a diferença:

💠 Banhos gelados ou segurar gelo nas mãos para reduzir a intensidade da raiva
💠 Atividades físicas regulares para liberar o excesso de tensão acumulada
💠 Acompanhamento terapêutico (AT), que leva as intervenções para fora do consultório e ajuda a aplicar o aprendizado no dia a dia

O que fazer se você ou alguém próximo sofre com TEI?

O primeiro passo é buscar ajuda especializada. Com tratamento adequado, é possível aprender a gerenciar as emoções e evitar que pequenas irritações se transformem em explosões destrutivas. Afinal, ninguém quer viver como um Hulk descontrolado—mas todos podem aprender a canalizar a força da raiva de forma positiva.

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