Por que este sintoma está associado ao diagnóstico precoce de demência?
Pesquisa revelou um novo e intrigante indicativo para a doença
Em um cenário de constante avanço nas pesquisas sobre demência, um estudo inovador realizado pela Monash University, na Austrália, em parceria com a University of Minnesota, nos Estados Unidos, revelou um novo e intrigante indicativo dessa condição que pode ser fundamental para o diagnóstico precoce.
A pesquisa, publicada na renomada revista acadêmica JAMA Network, acompanhou o comportamento de 17 mil pessoas acima de 75 anos durante sete anos e identificou um padrão surpreendente: a redução da velocidade ao caminhar na terceira idade pode ser um sinal de alerta para o desenvolvimento da demência.
Um olhar atento para os passos
Os cientistas monitoraram a cognição dos participantes, que eram em sua maioria mulheres brancas, tanto nos Estados Unidos quanto na Austrália.
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A cada dois anos, foram aplicados testes que mediam o declínio de memória, a velocidade de processamento mental e a fluência verbal. Além disso, a velocidade de caminhada foi avaliada duas vezes ao longo do estudo, com a medida do tempo necessário para percorrer 3 metros.
Ao final dos sete anos, os resultados foram reveladores: os idosos que apresentaram uma redução tanto na velocidade de caminhada quanto na capacidade cognitiva — o chamado “declínio duplo” — apresentaram uma probabilidade significativamente maior de serem diagnosticados com demência.
Dentre os participantes, 178 casos de demência foram registrados, o que representa 11,3% do total. Em contrapartida, aqueles que não sofreram declínio na cognição nem na marcha tinham menor risco de desenvolver a doença.
Interessante é que o estudo também analisou os grupos com declínio isolado, seja na marcha ou na cognição. Os participantes que apresentaram diminuição apenas na velocidade de caminhada estavam, surpreendentemente, em risco semelhante aos que mantiveram as funções cognitivas intactas (apenas 1% dos casos). Já aqueles com apenas declínio cognitivo mostraram uma incidência maior da doença, o que reforça a importância de identificar múltiplos sinais precoces.
A ligação entre o movimento e a mente
Com base nos resultados, os cientistas descobriram que uma queda de apenas 0,05 metros por segundo na velocidade de caminhada poderia ser um indicativo de deterioração cognitiva. A explicação para essa relação está na área do cérebro responsável pelo controle do movimento e o ritmo, sugerindo que um dano nessas regiões pode impactar tanto a marcha quanto a cognição de forma interligada.
Esse achado reforça a ideia de que a avaliação da velocidade de caminhada pode ser uma ferramenta poderosa na triagem de risco de demência, podendo ser incorporada aos exames de rotina de idosos para facilitar a detecção precoce da doença.
O que é a demência?
A demência é um conjunto de sintomas associados à perda gradual de funções cognitivas, como memória, raciocínio e habilidades necessárias para realizar atividades cotidianas.
Existem diversas formas de demência, entre as quais se destacam a doença de Alzheimer, a doença de Parkinson, a demência vascular, a doença de Huntington e a demência com corpos de Lewy. Cada tipo pode apresentar características distintas, e a progressão da condição pode variar conforme a causa subjacente.
A detecção precoce da demência é crucial, pois possibilita um tratamento mais eficaz e a melhoria da qualidade de vida dos pacientes. Entre os sintomas mais comuns, destacam-se:
- Perda de memória recente
- Dificuldade para encontrar palavras
- Desorientação no tempo e no espaço
- Problemas para planejar e seguir instruções
Esses sinais, junto à diminuição da velocidade de marcha, podem ser pistas valiosas para o diagnóstico precoce e a intervenção médica.