Sintoma importante de doenças no fígado é apontado em pesquisa

Doenças no fígado, como MASLD e MASH, têm impactos silenciosos e estão ligadas a condições graves, como diabetes e doenças cardiovasculares

06/12/2024 12:15

Uma pesquisa conduzida pela Universidade de Basileia, na Suíça, traz um alerta importante: pessoas com doenças hepáticas relacionadas ao acúmulo de gordura no fígado apresentam uma pior qualidade de sono.

A estimativa é que entre 25% e 30% da população mundial esteja lidando com algum grau da doença no fígado
A estimativa é que entre 25% e 30% da população mundial esteja lidando com algum grau da doença no fígado - r katerynakon/Deposit Photos

O estudo, publicado na revista Frontiers in Network Physiology, analisou como essas condições afetam o ritmo de sono-vigília e revelou dados preocupantes.

Qual é a relação entre doenças do fígado e o sono?

As condições estudadas incluem a esteatose hepática associada à disfunção metabólica (MASLD) e sua forma mais grave, a esteato-hepatite associada à disfunção metabólica (MASH), além de casos com cirrose associada a essas doenças.

Pacientes diagnosticados com essas condições mostraram ter noites de sono mais fragmentadas, acordando mais vezes e permanecendo acordados mais tempo após o primeiro despertar, quando comparados a pessoas saudáveis.

Essa fragmentação do sono noturno está diretamente ligada a despertares frequentes e maior tempo de vigília, interferindo no descanso e na recuperação do organismo.

Por que a qualidade do sono é tão importante?

O sono é essencial para funções fisiológicas, como a regulação hormonal e a reparação celular. Quando prejudicado, pode gerar irritabilidade, estresse, cansaço e até impactar o desempenho em atividades do dia a dia.

Além disso, o sono de baixa qualidade é um agravante em pacientes com MASLD e MASH, que já correm maior risco de outros problemas de saúde, como diabetes, doença renal crônica e doenças cardiovasculares.

Metodologia do estudo

O experimento monitorou 46 pacientes com doenças hepáticas relacionadas à disfunção metabólica, entre 2019 e 2021, além de oito pessoas com cirrose não associada a essas condições e 16 voluntários saudáveis.

Os participantes usaram dispositivos que registraram seus padrões de sono, atividade física e temperatura corporal por quatro semanas. Também mantiveram diários de sono e responderam a questionários sobre seus hábitos.

As pessoas com MASLD eram obesas, tinham níveis mais altos de triglicerídeos e glicemia de jejum, fatores ligados à síndrome metabólica, presente em 80% dos participantes. Por outro lado, apresentaram níveis mais baixos de colesterol total, colesterol LDL e colesterol HDL.

Os resultados mostraram que as pessoas com MASLD acordavam 55% mais vezes à noite, e ficavam 113% mais tempo acordados depois de terem adormecido e acordado pela primeira vez. O grupo com MASLD também dormia por mais tempo durante o dia.

“Mostramos pela primeira vez com um método objetivo (a actigrafia 24 horas/sete dias) que o ritmo sono-vigília em pacientes com MASLD realmente difere daquele em indivíduos saudáveis: pessoas com MASLD demonstraram fragmentação significativa do sono noturno devido a despertares frequentes e aumento da vigília”, afirmou a principal autora do estudo, Sofia Schaeffer.

O que fazer diante desses sinais?

As doenças do fígado, especialmente a MASLD e a MASH, muitas vezes são silenciosas em estágios iniciais. Isso torna essencial prestar atenção a sinais indiretos, como alterações no sono, e buscar orientação médica.

Manter práticas de higiene do sono e adotar hábitos saudáveis, como alimentação balanceada e exercícios físicos, pode contribuir para aliviar sintomas e prevenir complicações.

Além disso, realizar exames preventivos pode fazer a diferença no diagnóstico precoce e na qualidade de vida.