Só 31% dos homens brasileiros usam contraceptivos, diz pesquisa
Nesta terça-feira (26), Dia Mundial da Prevenção da Gravidez Não Planejada, o Departamento de Ginecologia da Escola Paulista de Medicina da Unifesp divulgou os resultados de uma pesquisa sobre comportamento masculino em relação à contracepção e prevenção de DSTs (doenças sexualmente transmissíveis).
Foram ouvidos 2.000 homens de 15 a 25 anos, em dez capitais do país –Belém, BH, Brasília, Curitiba, Goiânia, Porto Alegre, Recife, Rio, Salvador e São Paulo-, no fim do mês de agosto. O estudo levantou que, apesar de 72% dos brasileiros acreditarem que a responsabilidade pela contracepção e prevenção de doenças seja do casal, somente 31% dos homens se previnem.
As consequências desse comportamento implicam em dois problemas de saúde pública que atingem o Brasil: a gravidez não planejada e as DSTs. Para se ter uma ideia, 30% das gestações no país não são planejadas, de acordo com o Instituto Oswaldo Cruz.
- Descubra como aumentar o colesterol bom e proteger seu coração
- Entenda os sintomas da pressão alta e evite problemas cardíacos
- USP abre vagas em 16 cursos gratuitos de ‘intercâmbio’
- Psoríase: estudo revela novo possível fator causal da doença de pele
“Uma pesquisa de 2014 levantou que 10% do PIB do país é gasto em consequência da gravidez na adolescência”, explicou a ginecologista e obstetra Albertina Takiuti, coordenadora do Programa Estadual do Adolescente da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, durante a coletiva de apresentação da pesquisa. “Isso contribui para maiores índices de prematuridade e de mortalidade infantil”, completou.
Dados do Ministério da Saúde ainda mostram que em 2015, mais de 39 mil homens foral diagnosticados com sífilis e 22,4 mil foram infectados com HIV, o que corresponde a mais do que o dobro do número de mulheres que contraíram o vírus da Aids no mesmo período. Essa estatística é preocupante e evidencia a falta de prevenção, e a baixa adesão ao preservativo masculino.
A sexóloga Laura Müller, conhecida por responder perguntas de sexo no programa Altas Horas (TV Globo), também participou da coletiva para comentar quais são os aspectos emocionais dos jovens que engravidam na adolescência, e o que pode ser feito para tentar diminuir o número de casos.
“É importante lembrar que sexo ainda é um assunto tabu. Explicar para os adolescentes que métodos contraceptivos, como a camisinha, evitam uma gravidez não desejada ou uma DST parece simples, mas na hora da transa, será que ele consegue colocar em prática? Será que é fácil para o jovem e para o adulto vestir a camisinha?”, problematizou a sexóloga.
Para Müller, a tarefa não é tão fácil, pois existe o medo de perder a ereção, principalmente entre aqueles que estão iniciando a vida sexual, entre outras coisas. “É importante destacar que ele deve ir a um médico para tirar dúvidas e escolher o método que mais de adapta”, orientou.
Ela ainda disse só a informação não é suficiente. “A educação sexual deve ser compartilhada em todos os setores, na mídia, em casa, na escola, no médico, no psicólogo, porque não é simples lidar com essas questões. Muitos assuntos preocupam os jovens na hora H, como a própria gravidez indesejada, as doenças, a prática do sexo em si e o prazer, e a diversidade sexual”, enumerou a sexóloga.
De acordo com a pesquisa da Unifesp, 38% dos entrevistados aprenderam sobre sexo e métodos contraceptivos com amigos e pela internet. Quando tiveram alguma dúvida, 60% afirmaram que pesquisam na web e somente 5% procuraram ajuda de um profissional de saúde.
“Os números indicam uma realidade delicada e mostram a necessidade de ensinar adolescentes e jovens adultos sobre os métodos contraceptivos disponíveis e a importância da prevenção das DSTs. Essa é a melhor saída para diminuir casos de gravidez na adolescência e surtos de sífilis, por exemplo. O melhor caminho é conscientizar para prevenir”, afirmou Afonso Nazário, ginecologista e professor do Departamento de Ginecologia da Unifesp.
Principais resultados da pesquisa
• Porto-alegrenses e curitibanos são os que mais se preocupam com as doenças sexualmente transmissíveis (48%).
• Apenas 4% dos porto- alegrenses e curitibanos usam camisinha em todas as relações sexuais.
• Os goianos são os que mais usam camisinha em todas as relações sexuais (44%).
• 74% dos recifenses costumam carregar uma camisinha consigo.
• 80% dos recifenses acreditam que a responsabilidade pela contracepção é do casal.
• 42% dos paulistas se preocupam com DSTs durante a relação sexual.
• 38% dos paulistas usam camisinha às vezes.
• 92% dos mineiros procuram esclarecer suas dúvidas sobre contracepção ou sexo na internet.
• 77% dos mineiros acreditam que a responsabilidade pela contracepção é do homem; apenas 4% acreditam que é do casal.
• 68% dos cariocas apontaram a camisinha masculina como método mais efetivo e 75% preferem usá-la.
• 90% dos cariocas acreditam que a responsabilidade pela contracepção é de ambos.
• 50% dos brasilienses acreditam que a camisinha masculina é o método contraceptivo mais efetivo.
• 27% dos brasilienses não usam preservativo masculino nas relações sexuais.
• 42% dos goianos acreditam que a pílula anticoncepcional é o método mais confiável e 54% preferem este método.
• Os goianos são os que mais acreditam que a responsabilidade pela contracepção é do casal (90%).
• 94% dos homens em Belém já tiveram relações sexuais sem nenhuma proteção contraceptiva.
• Quando têm dúvidas sobre sexo ou contracepção, 11% dos homens em Belém procuram um profissional de saúde.
• 94% dos portos alegrenses apoiariam a parceira caso ela desejasse parar com todos os métodos.
• 44% dos soteropolitanos acreditam que a camisinha é o método mais confiável e 40% acham que é a pílula anticoncepcional.
• 49% dos soteropolitanos preferem camisinha e 41% pílula anticoncepcional.