Solidão crônica aumenta risco de derrame em adultos mais velhos, aponta estudo

Estratégias para prevenir o isolamento e proteger a saúde cardiovascular

Por Wallace Leray em parceria com Anna Luísa Barbosa (Médica - CRMGO 33271)
07/06/2025 11:32 / Atualizado em 24/06/2025 21:51

A solidão é um fenômeno social que vem ganhando atenção crescente por seu impacto direto na saúde, especialmente entre adultos mais velhos. Recentes estudos indicam que o isolamento prolongado pode influenciar negativamente o sistema cardiovascular, elevando o risco de doenças graves. Um estudo inovador da Escola de Saúde Pública TH Chan, da Universidade de Harvard, trouxe novos dados que ligam a solidão crônica a um aumento significativo no risco de Acidente Vascular Cerebral (AVC), ressaltando a importância de estratégias que promovam o convívio social para a prevenção dessa condição

Solidão crônica aumenta risco de derrame em adultos mais velhos, aponta estudo
Solidão crônica aumenta risco de derrame em adultos mais velhos, aponta estudo - iStock/peterschreiber.media

O impacto da solidão no risco de AVC

Embora já existissem evidências da relação entre solidão e doenças cardiovasculares, poucas pesquisas haviam focado especificamente na influência do isolamento social no risco de AVC. A investigação publicada na revista eClinicalMedicine em 24 de junho destacou que a solidão persistente não só eleva a probabilidade de um derrame, como o faz independentemente de outros fatores, como sintomas depressivos ou a sensação de exclusão social. Isso evidencia que o isolamento social crônico é um importante fator de risco, capaz de afetar a saúde cerebral dos idosos de forma direta.

Adultos acima de 50 anos que enfrentam solidão crônica têm maior risco de sofrer AVC, segundo pesquisa.
Adultos acima de 50 anos que enfrentam solidão crônica têm maior risco de sofrer AVC, segundo pesquisa. - iStock/Pornpak Khunatorn

Metodologia e principais resultados da pesquisa

O estudo analisou dados de 8.900 participantes com 50 anos ou mais, todos sem histórico prévio de AVC, coletados entre 2006 e 2018. Os voluntários responderam a questionários que avaliavam seus níveis de solidão e foram reavaliados quatro anos depois para identificar padrões duradouros de isolamento social. A distinção entre solidão temporária e crônica foi fundamental para os resultados: enquanto a solidão temporária, geralmente causada por eventos passageiros, não apresentou impacto significativo no risco de AVC, a solidão crônica aumentou esse risco em impressionantes 56%. Esse efeito permaneceu mesmo após ajustes para saúde física, sintomas depressivos e nível de atividade física.

Números que reforçam a importância da prevenção

Durante o período de acompanhamento, foram registrados 1.237 casos de AVC entre os participantes que responderam apenas à primeira avaliação. Entre aqueles que participaram das duas fases do estudo e relataram solidão crônica, 601 sofreram derrames, evidenciando a gravidade do impacto do isolamento social prolongado. Esses dados ressaltam a necessidade de medidas eficazes para identificar idosos em situação de solidão persistente e intervir para minimizar seus riscos.

Fortalecer vínculos sociais pode ser tão importante quanto a alimentação e o exercício para prevenir doenças cardiovasculares.
Fortalecer vínculos sociais pode ser tão importante quanto a alimentação e o exercício para prevenir doenças cardiovasculares. - iStock/peterschreiber.media

A importância de fortalecer laços sociais

Os especialistas envolvidos na pesquisa enfatizam que combater a solidão deve ser parte das estratégias de saúde pública para prevenir o AVC em adultos mais velhos. Promover interações sociais, fortalecer os vínculos comunitários e incentivar programas de apoio familiar são ações essenciais para melhorar a qualidade de vida e proteger a saúde cerebral. Assim, fomentar o contato social pode se tornar tão crucial quanto manter uma alimentação equilibrada e praticar exercícios físicos para a prevenção de doenças cardiovasculares.