Solidão está associada à doença de Parkinson, indica estudo

Para entender a possível relação entre os dois fatores, a pesquisa avaliou a situação de saúde de quase meio milhão de pessoas

01/01/2024 08:30

Sonolência excessiva pode ser um dos sinais incomuns de Parkinson – iStock/Getty Images
Sonolência excessiva pode ser um dos sinais incomuns de Parkinson – iStock/Getty Images - iStock/thodonal

Evidências científicas associam o sentimento de solidão ao desenvolvimento de doenças neurodegenerativas como o Parkinson. O estudo realizado no Reino Unido foi publicado pela renomada revista científica JAMA Neurology.

Para entender a possível relação entre os dois fatores, a pesquisa avaliou a situação de saúde de quase meio milhão de pessoas ao longo de 15 anos. A maioria dos voluntários tinha mais de 50 anos, faixa etária na qual o Parkinson tende a ser mais prevalente.

Na primeira etapa do experimento, os questionários incluíam perguntas sobre a frequência com que se sentiam sós. Segundo os dados obtidos, pessoas frequentemente solitárias tinham 37% mais chances de desenvolver a doença de Parkinson. O estudo, no entanto, não é o primeiro a relacionar a solidão a problemas de saúde, mas é o primeiro a estabelecer uma ligação com o Parkinson.

Solidão e Parkinson

Evidências descobertas no estudo mostram que condições como a depressão e doenças metabólicas, como diabetes, podem potencializar essa relação. Por isso que a associação entre solidão e Parkinson pode ser influenciada por diversos fatores, incluindo condições de saúde mental e física.

Contudo, a ligação exata entre a solidão e a doença de Parkinson não é totalmente entendida, embora evidências sugiram que as vias metabólicas, inflamatórias e neuroendócrinas podem estar envolvidas.

O que é a Doença de Parkinson?

A doença de Parkinson é um distúrbio neurológico progressivo que afeta o movimento e o controle do corpo. Ele é caracterizado pela degeneração das células nervosas no cérebro que produzem a substância dopamina, responsável pelo controle dos movimentos musculares.

Alguns dos principais fatores de risco para a doença incluem exposição a certas substâncias químicas, trauma crânio, idade avançada, sexo masculino e hereditariedade.

Essa nova pesquisa aponta a importância de considerar os efeitos da solidão na saúde neurológica. No entanto, mais estudos são necessários para entender como a solidão contribui para o desenvolvimento da doença de Parkinson e como esse conhecimento pode ser aplicado para o desenvolvimento de estratégias preventivas eficazes.

Primeiros sintomas do Parkinson

Alguns sintomas podem aparecer até dez anos antes do início do Parkinson. Além disso, aproximadamente 25-30% dos pacientes apresentam perda do olfato antes do início da doença. Veja outros sinais abaixo:

  • a disfunção olfativa persiste ao longo do tempo e não parece variar com a terapia farmacológica;
  • distúrbios do sono, 40% dos pacientes sofreram de distúrbios do sono durante anos antes do início da doença;
  • necessidade de urinar com frequência e até mesmo durante a noite;
  • a constipação pode ser um dos primeiros sintomas da doença. A constipação relacionada ao Parkinson costuma ser acompanhada por uma sensação de saciedade, mesmo que você tenha feito uma refeição leve;
  • dificuldade para escrever, com caligrafia ilegível. A letra fica cada vez menor;
  • dificuldade em mover o braço ao caminhar. Pode acontecer de a pessoa não conseguir mais estender o braço ao tentar pegar um livro na estante e sem sentir dor;
  • problemas de deglutição;
  • rigidez de expressão facial; devido à perda de dopamina, os músculos faciais podem ficar rígidos e causar falta de expressão e olhos arregalados;
    depressão. O estado depressivo pode surgir muitos anos antes do diagnóstico.