Entenda por que a solidão pode aumentar o risco de AVC

Umas das principais causas de morte no Brasil, o AVC matou mais de 50 mil pessoas neste ano

Por André Nicolau em parceria com Anna Luísa Barbosa (Médica - CRMGO 33271)
20/10/2024 16:00

Os efeitos e riscos da solidão na saúde e longevidade – iStock/doidam10
Os efeitos e riscos da solidão na saúde e longevidade – iStock/doidam10 - iStock/doidam10

Pesquisas indicam que a solidão prolongada pode elevar em mais de 50% o risco de sofrer um acidente vascular cerebral (AVC). O AVC é a principal causa de morte no Brasil e a segunda no mundo.

Um estudo apontou que pessoas de meia-idade que enfrentavam sentimentos de isolamento apresentaram uma probabilidade significativamente maior de sofrer um derrame nos dez anos seguintes.

Aqueles que passaram por longos períodos de solidão estavam ainda mais vulneráveis. Essas descobertas foram feitas por cientistas da Universidade de Harvard.

Especialistas afirmam que os resultados ressaltam a gravidade da solidão crônica como um problema de saúde pública e recomendam a triagem para identificar indivíduos em maior risco.

Em 2023, a Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou a solidão como uma ameaça global à saúde, comparando seus impactos na mortalidade aos danos causados por fumar 15 cigarros por dia. Embora já se soubesse que a solidão está ligada ao aumento de doenças cardiovasculares, este estudo é um dos primeiros a explorar a relação específica entre solidão e AVC ao longo do tempo.

Por que a solidão aumenta a chance de AVC, segundo a ciência 

Os pesquisadores criaram um índice de solidão com base em dados de questionários preenchidos por mais de 12.000 americanos com 50 anos ou mais. Quatro anos depois, 8.936 participantes responderam ao mesmo questionário novamente.

Ao longo do estudo, 1.237 casos de AVC foram registrados entre todos os participantes, sendo 601 casos entre aqueles que realizaram as duas avaliações.

Os resultados mostraram que indivíduos solitários no início do estudo tinham 25% mais chances de sofrer um AVC em comparação com aqueles que não relataram solidão. Para quem continuava solitário durante a segunda entrevista, o risco subiu para 56%, conforme os dados publicados na revista eClinicalMedicine.

Em resumo, o estudo destaca que a solidão, especialmente se prolongada, pode ser um fator relevante para o aumento da incidência de AVC.

Outros fatores de risco para AVC

  • Pressão alta;
  • Diabetes tipo 2;
  • Colesterol elevado;
  • Excesso de peso;
  • Obesidade;
  • Tabagismo;
  • Consumo excessivo de álcool;
  • Idade avançada;
  • Sedentarismo;
  • Uso de drogas ilícitas;
  • Histórico familiar;
  • Ser do sexo masculino.

Sintomas de AVC

Os sintomas clássicos de um AVC incluem fraqueza no rosto ou nos membros e dificuldades na fala, mas há outros sinais que merecem atenção.

Um derrame pode causar alterações visuais, como visão embaçada ou dupla, em um ou ambos os olhos, além de problemas nos movimentos oculares.

Dor de cabeça intensa pode acusar a incidência de AVC – peterschreiber.media/istock
Dor de cabeça intensa pode acusar a incidência de AVC – peterschreiber.media/istock - peterschreiber.media/istock

Outro sintoma comum é a perda de coordenação ou tontura repentina, o que preocupa os especialistas por aumentar o risco de quedas.

Algumas pessoas podem sentir náuseas, vômitos repentinos ou um cansaço extremo. Nos casos de AVC hemorrágico, uma dor de cabeça súbita e intensa pode ser o único sintoma.