Solteiros têm mais risco de depressão, aponta estudo

Estudo global revela que solteiros, divorciados e viúvos têm risco maior de desenvolver depressão, com diferenças de gênero e nível educacional

Por Wallace Leray em parceria com João Gabriel Braga (Médico - CRMGO 28223)
21/02/2025 16:33 / Atualizado em 25/02/2025 11:40

Uma pesquisa recente publicada na revista Nature Human Behavior revelou que o estado civil tem um impacto significativo sobre a saúde mental, aumentando o risco de depressão. Realizado com um grande número de participantes, o estudo analisou 106.556 adultos de sete países diferentes: Estados Unidos, Reino Unido, México, Irlanda, Coreia do Sul, China e Indonésia.

Os pesquisadores acompanharam os participantes por um período que variou de 4 a 18 anos, totalizando cerca de 541 milhões de adultos, aproximadamente 10% da população mundial. Através de questionários de autorrelato, os cientistas puderam identificar uma conexão clara entre o estado civil e os sintomas depressivos.

Solteiros têm mais risco de depressão, aponta estudo (Foto usada apenas para fins ilustrativos. Posada por profissional)
Solteiros têm mais risco de depressão, aponta estudo (Foto usada apenas para fins ilustrativos. Posada por profissional) - iStock/Moyo Studio

A descoberta: o impacto do estado civil

Os resultados do estudo são impactantes. Indivíduos solteiros têm um risco 80% maior de desenvolver sintomas depressivos em comparação com aqueles que são casados. Este risco aumenta ainda mais para 99% entre os divorciados ou separados, enquanto viúvos enfrentam um risco 64% maior de desenvolver depressão. Esses dados destacam como o estado civil pode influenciar significativamente a saúde emocional de uma pessoa.

Diferenças de gênero e nível educacional

Além da relação direta entre estado civil e depressão, a pesquisa também identificou diferenças importantes em função do gênero e nível educacional. Homens solteiros ou separados mostraram-se mais vulneráveis ao sofrimento emocional do que as mulheres na mesma situação.

Além disso, o estudo indicou que, entre os solteiros, aqueles com maior nível educacional estavam mais propensos a desenvolver sintomas depressivos, especialmente os homens. Este achado sugere que fatores sociais e educacionais podem agravar a relação entre o estado civil e a saúde mental.

A depressão afeta diferentes grupos de maneira distinta, com solteiros, divorciados e viúvos enfrentando riscos elevados.
A depressão afeta diferentes grupos de maneira distinta, com solteiros, divorciados e viúvos enfrentando riscos elevados. - iStock/Peopleimages

O casamento como fator protetor

O estudo sugere que o casamento pode atuar como um fator protetor contra a depressão. Isso ocorre devido ao suporte social mútuo e à estabilidade econômica proporcionados pela parceria conjugal. Além disso, o casamento pode influenciar positivamente o bem-estar emocional dos parceiros.

As mulheres, em particular, têm redes de apoio social mais amplas e consolidadas, o que pode explicar, em parte, a menor vulnerabilidade emocional das mulheres casadas em comparação com os homens.

O desafio da depressão

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a depressão é um transtorno mental que afeta cerca de 5% da população adulta global. A depressão não se limita a episódios passageiros de tristeza; trata-se de um estado persistente de humor deprimido que interfere na qualidade de vida do indivíduo. Alguns dos principais sintomas incluem dificuldades de concentração, sentimentos de culpa excessiva ou baixa autoestima, desesperança, mudanças nos padrões de sono e apetite, e fadiga constante.

Para que seja diagnosticada como um episódio depressivo, a OMS define que os sintomas devem durar pelo menos duas semanas. A depressão pode ser debilitante, e, por isso, compreender os fatores de risco associados, como o estado civil, é crucial para o desenvolvimento de estratégias de prevenção e tratamento eficazes.

O estudo global destaca o casamento como fator protetor, oferecendo suporte social e estabilidade emocional aos parceiros.
O estudo global destaca o casamento como fator protetor, oferecendo suporte social e estabilidade emocional aos parceiros. - iStock/PeopleImages

Implicações para políticas públicas de saúde mental

Com os resultados da pesquisa, surge a necessidade de aprofundar o estudo sobre os fatores que influenciam a depressão, como o estado civil. Compreender essas relações pode ajudar a criar políticas públicas mais eficazes, capazes de oferecer suporte adequado para pessoas em maior risco, como solteiros e divorciados. Além disso, é importante que abordagens personalizadas sejam desenvolvidas para diferentes perfis sociais, considerando as complexas interações entre estado civil, gênero e nível educacional.

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