SUS oferece novo teste para detectar câncer de colo do útero

A coleta é similar à do papanicolau e envolve a secreção do colo do útero

27/08/2025 13:14

O Ministério da Saúde começou a oferecer, por meio do SUS, um novo teste de biologia molecular para rastreamento do câncer de colo do útero. Trata-se do DNA-HPV, exame que identifica precocemente a presença do papilomavírus humano, mesmo em mulheres que não apresentam sintomas.

A tecnologia é capaz de detectar 14 genótipos do HPV, permitindo que o vírus seja identificado antes do surgimento de lesões ou do avanço para estágios iniciais do câncer. Com maior precisão diagnóstica, o teste representa um avanço importante na prevenção da doença.

SUS oferece novo teste para detectar câncer de colo do útero
SUS oferece novo teste para detectar câncer de colo do útero - iStock/janulla

Além de ser mais sensível que os métodos tradicionais, o DNA-HPV também reduz a necessidade de exames complementares e procedimentos invasivos. Quando o resultado é negativo, o intervalo entre as coletas pode ser ampliado, o que torna o acompanhamento mais eficiente e menos desgastante para as pacientes.

Outra vantagem do teste, de acordo com a pasta, é o rastreamento equitativo e de alta performance, que permite alcançar mulheres em áreas remotas ou onde há menor oferta de serviços em saúde.

Como é o novo teste para detectar câncer de colo do útero

Produzida pelo Instituto de Biologia Molecular do Paraná, ligado à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a tecnologia vai substituir o exame citopatológico popularmente conhecido como papanicolau, que passará a ser realizado apenas para confirmação de casos em que o teste molecular der positivo.

No teste de DNA, a coleta é similar à do papanicolau e envolve a secreção do colo do útero, portanto, a mulher ainda precisa passar por um exame ginecológico. No entanto, ao invés de colocar a secreção em uma lâmina, ela é colocada em um tubo com líquido conservante, que vai para o laboratório, onde é feita a pesquisa do DNA do vírus.

A coleta é similar à do papanicolau e envolve a secreção do colo do útero
A coleta é similar à do papanicolau e envolve a secreção do colo do útero - João Risi/MS

A incorporação do teste na rede pública, no início de 2024, passou pela avaliação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), que considerou a tecnologia mais precisa que a atualmente ofertada no SUS.

A tecnologia, 100% nacional, será ofertada inicialmente nos seguintes estados: Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Ceará, Bahia, Pará, Rondônia, Goiás, Rio Grande do Sul, Paraná, Pernambuco e no Distrito Federal.

Essas localidades, segundo o ministério, foram contempladas por contarem com serviços de referência para colposcopia e biópsia, garantindo fluxo assistencial completo para mulheres que apresentarem resultados alterados no teste.

A implementação começa com um município em cada estado e será ampliada conforme a finalização da substituição do método. A meta é que, até dezembro de 2026, o rastreio esteja presente na rede pública em todo o território nacional, beneficiando 7 milhões de mulheres com idade entre 25 a 64 anos todos os anos.

HPV é a principal causa do câncer do colo do útero

De acordo com o ministério, o HPV é a principal causa do câncer do colo do útero, terceiro tipo de câncer mais incidente em mulheres, com 17 mil novos casos estimados por ano no triênio 2023-2025.

Dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca) apontam 15 casos da doença para cada grupo de 100 mil mulheres no Brasil. “Por isso, a oferta do novo modelo de rastreamento é considerada um marco para a saúde da mulher”, destacou a pasta.

O câncer do colo do útero, segundo a pasta, segue como o que mais mata mulheres no Nordeste brasileiro. No Brasil, são 20 mortes por dia —até seis vezes mais que os casos de feminicídio em alguns estados.

Recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a testagem de HPV é considerada padrão ouro para a detecção de casos de câncer de colo de útero e integra as estratégias propostas pela entidade para a eliminação da doença como problema de saúde pública até 2030.

Com informações da Agência Brasil