Tratamento conta câncer pode avançar com tecnologia criado por brasileiro
Método aposta no "sobrecarregamento" das células cancerosas para matá-las
Uma pesquisa liderada por um cientista brasileiro pode transformar o tratamento do câncer colorretal, o segundo mais frequente no Brasil, com previsão de 44 mil novos casos da doença por ano no próximo triênio, entre 2023 e 2025, de acordo com estimativas do Instituto Nacional de Câncer (Inca).
Matheus Henrique Dias, biomédico e especialista em biologia molecular, fez uma descoberta inovadora: ao invés de focar em interromper o crescimento das células cancerosas, sua abordagem é empurrá-las ao limite, estimulando-as até que entrem em colapso.
Como um sistema que sobrecarrega e trava, essas células entram em “tilt”, levando à própria destruição. Essa nova estratégia abre um caminho promissor para tratamentos mais eficazes no combate ao câncer.
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A ideia pode soar contraintuitiva, mas foi justamente ao observar como as células reagem quando são superestimuladas que o pesquisador Matheus Henrique Dias chegou a uma descoberta revolucionária.
Ele propôs uma abordagem que vai na direção oposta aos tratamentos tradicionais, como a quimioterapia e a radioterapia, que buscam desacelerar a multiplicação celular.
O câncer, afinal, é um aglomerado de células que, devido a mutações no DNA, perdem o controle e se multiplicam desordenadamente. A inovação do tratamento está em sobrecarregar esse processo, forçando as células a entrarem em colapso, ou em um “tilt”, levando-as à autodestruição.
O estudo, que já recebeu destaque em grandes publicações científicas, está sendo conduzido no prestigiado Instituto do Câncer da Holanda. Nos próximos meses, o tratamento avançará para a fase inicial de testes em pacientes, e embora ainda precise passar por outras etapas antes de se tornar acessível, os resultados iniciais são promissores.
O “acidente” que mudou tudo
Com quase duas décadas dedicadas à pesquisa, Matheus sempre buscou encontrar uma solução que pudesse salvar vidas.
Curiosamente, ele nem sabia que acabaria trabalhando com câncer quando iniciou, há quase dez anos, a pesquisa que embasou essa descoberta. Ele descreve o que aconteceu como um verdadeiro “acidente de laboratório”.
Ainda no Brasil, durante um experimento para estudar a divisão celular, o biomédico utilizou uma substância que deveria acelerar a multiplicação das células.
O que aconteceu, no entanto, foi o oposto: as células reagiram de maneira inesperada. Intrigado, Matheus decidiu aplicar essa descoberta em células cancerígenas, o levando a ser convidado para o Netherlands Cancer Institute. Lá, após cinco anos de intensa pesquisa, ele finalmente desenvolveu um tratamento promissor.
Eficácia do tratamento
Publicado na respeitada revista Cancer Discovery, o estudo revela que a combinação de dois medicamentos pode “estressar” as células tumorais até que elas entrem em colapso, e depois impedir que se recuperem.
É justamente esse efeito duplo que garante a autodestruição das célula cancerosas, oferecendo uma nova esperança no combate ao câncer colorretal.