Três causas de demência que estão por trás de 22% dos casos no Brasil

Baixa escolaridade, hipertensão e perda auditiva estão por trás de 22% dos casos de demência no Brasil. Estudo da USP revela como prevenir

29/06/2025 12:02

Hipertensão e perda auditiva também são grandes vilões do cérebro, diz estudo brasileiro.
Hipertensão e perda auditiva também são grandes vilões do cérebro, diz estudo brasileiro. - iStock/LightFieldStudios

Um estudo da Universidade de São Paulo (USP) identificou os principais gatilhos para o avanço da demência no Brasil. A análise, baseada em dados do Estudo Longitudinal de Envelhecimento no Brasil (ELSI-Brasil), revelou que apenas três fatores de risco concentram 22% dos casos diagnosticados no país.

Entre os mais de 9 mil participantes do estudo — com idade média de 63 anos — foram avaliados aspectos como escolaridade, condições de saúde e estilo de vida. A pesquisa mostrou que quase metade dos casos de demência poderiam ser prevenidos ou, ao menos, adiados com a intervenção adequada.

Três causas concentram quase um quarto dos casos

Os três maiores responsáveis pela demência entre brasileiros são:

  • Baixa escolaridade (7,7% dos casos)
  • Hipertensão arterial (7,6%)
  • Perda auditiva (6,8%)Os dados também apontaram variações conforme a raça. Em pessoas brancas, os fatores de risco mais relevantes foram hipertensão, baixa escolaridade e perda auditiva. Já entre negros e pardos, a baixa escolaridade liderou, seguida por hipertensão e perda auditiva.

A boa notícia é que muitos desses fatores são considerados modificáveis. Segundo a geriatra Claudia Kimie Suemoto, da USP, políticas públicas podem — e devem — focar na prevenção desses fatores, especialmente quando os recursos são limitados.

Três fatores respondem por boa parte dos casos de demência no Brasil. Entenda como prevenir com base na ciência da USP.
Três fatores respondem por boa parte dos casos de demência no Brasil. Entenda como prevenir com base na ciência da USP. - iStock/Andreus

Oportunidade de agir cedo

A prevenção da demência começa antes do que muita gente imagina. A baixa escolaridade, por exemplo, afeta a saúde cognitiva desde a infância. Já fatores como hipertensão e perda auditiva são mais frequentes a partir da meia-idade, o que reforça a importância de intervenções precoces.

Além dos três principais, o estudo identificou outros nove fatores que também influenciam no risco de demência:

  • Obesidade
  • Diabetes
  • Consumo excessivo de álcool
  • Lesões cerebrais traumáticas
  • Sedentarismo
  • Depressão
  • Tabagismo
  • Isolamento social
  • Poluição do arA combinação de ações preventivas nessas áreas poderia reduzir em até 48% os casos da doença no país.

 

Sinais de demência pouco conhecidos preocupam especialistas

Pesquisadores alertam para sintomas sutis da demência, como alterações no paladar, dificuldades com planejamento e perda de empatia. Esses sinais, muitas vezes ignorados, podem indicar o início da doença. Reconhecer precocemente esses indícios é crucial para diagnóstico e tratamento eficazes, segundo especialistas em neurociência e saúde mental. Clique aqui para saber mais.