Trombofilia na gestação: quando investigar e como tratar
Trombofilia pode causar abortos e complicações graves na gravidez. Saiba como diagnosticar e tratar
A gravidez é um período de intensas mudanças no corpo da mulher, e algumas condições de saúde podem aumentar os riscos tanto para a gestante quanto para o bebê. Uma dessas condições é a trombofilia, que pode passar despercebida até que complicações sérias ocorram.

Trombofilia é uma alteração na coagulação do sangue que favorece a formação excessiva de coágulos (trombos), aumentando o risco de trombose e outros problemas durante a gravidez. A detecção precoce e o acompanhamento médico especializado são fundamentais para garantir uma gestação segura.
O que é a trombofilia e como afeta a gestação
Essa condição pode ter origem genética ou adquirida, e está associada ao risco elevado de trombose. Na gravidez, o risco é ainda maior devido às mudanças naturais do organismo.
A trombofilia está entre as principais causas de aborto espontâneo, ao lado de fatores hormonais, autoimunes, tireoidianos e infecções. Além disso, pode provocar óbito fetal, pré-eclâmpsia, eclâmpsia, trombose, restrição de crescimento fetal e descolamento da placenta.
É importante destacar que, após a 28ª semana, o organismo da gestante entra em um estado de hipercoagulação, o que serve para prevenir hemorragias no parto. No entanto, esse processo aumenta os riscos para mulheres trombofílicas.
Sinais de alerta e diagnóstico
Os sintomas mais comuns da trombose incluem inchaço, dor e vermelhidão em apenas uma das pernas. Esses sinais devem ser investigados imediatamente.
O diagnóstico de trombofilia é feito por um hematologista, com base em exames de sangue e histórico pessoal e familiar do paciente. Em casos de aborto, também é indicado o estudo genético do material fetal para identificar possíveis causas.
“O Manual Técnico da Gestação de Alto Risco do Ministério da Saúde recomenda a investigação após três abortos sem causa aparente, mas especialistas alertam que histórico familiar com casos de trombose, AVC, hipertensão ou perda gestacional já justificam o início da investigação.”

Cuidados e prevenção durante a gravidez
Alguns casos de trombofilia são hereditários, mas outros podem ser evitados. O uso prolongado de antibióticos ou anticoncepcionais, por exemplo, pode ser um fator de risco.
Evitar sedentarismo, excesso de peso, tabagismo, estresse e automedicação são atitudes que ajudam a reduzir os riscos. Beber bastante água, utilizar meias de compressão e realizar drenagem linfática com liberação médica também são medidas preventivas eficazes.
É fundamental que a gestante siga rigorosamente o uso de anticoagulantes prescritos, e nunca interrompa o tratamento por conta própria.
Tratamento e parto seguro para gestantes com trombofilia
O tratamento depende do tipo e da gravidade da trombofilia. Entre as opções estão o AAS (ácido acetilsalicílico) e a enoxaparina sódica, um anticoagulante injetável seguro para uso na gravidez.
“Por se tratar de uma molécula grande, a hipercoagulação não afeta o sangue do bebê, como acontece com outros fármacos.” Isso garante mais segurança ao tratamento durante toda a gestação.
O Sistema Único de Saúde (SUS) deve fornecer esses medicamentos gratuitamente quando houver diagnóstico e justificativa médica.
Parto: normal ou cesárea?
Ao contrário do que muitos pensam, a trombofilia não exige necessariamente uma cesariana. Em muitos casos, o parto normal é mais indicado por demandar menor tempo de recuperação.
O parto deve ser programado para que o uso dos anticoagulantes seja ajustado com segurança. A cesárea só será indicada quando houver situações específicas, como descolamento prematuro da placenta, para evitar complicações como hemorragias.