Uso prolongado destes medicamentos está associado à demência

Descoberta foi feita por estudo que envolveu dados de mais de 5 mil pessoas

Recentemente, um estudo científico publicado na revista Neurology, vinculou o uso prolongado de medicamentos para tratar problemas como azia e refluxo a um maior risco de desenvolvimento de demência.

Este estudo analisou dados de mais de 5.000 participantes com média de 78 anos, e o resultado mostrou que os indivíduos que utilizaram inibidores de bomba de prótons (IBPs) – classe de medicamentos muito utilizada no tratamento desses distúrbios – por 4,5 anos ou mais apresentaram 33% mais chances de passar a ter demência.

Dentre os medicamentos desse tipo, podemos incluir o omeprazol, esomeprazol, lansoprazol, pantoprazol, rabeprazol e dexlansoprazol, que atuam inibindo a última etapa de liberação do ácido gástrico.

Estudo liga classe de medicamento à risco de demência
Créditos: seb_ra/istock
Estudo liga classe de medicamento à risco de demência

Esses remédios são muito eficazes no controle de sintomas de refluxo ácido e uma versão mais severa do problema, a chamada doença de refluxo gastroesofágico, onde os conteúdos do estômago retornam ao esôfago.

Pode o uso prolongado de inibidores da bomba de prótons levar à demência?

Pamela Lutsey, professora de epidemiologia e saúde comunitária na Escola de Saúde Pública da Universidade de Minnesota nos Estados Unidos e coautora do estudo, explica que existem indícios de que o uso de IPBs pode levar à deficiência de vitamina B12, um problema que pode acarretar o declínio cognitivo.

Além disso, estudos em camundongos sugerem que o uso dessas medicações pode afetar o metabolismo da proteína amiloide, o que pode contribuir para o desenvolvimento de demência.

Poderia haver outras condições de saúde associadas ao uso de IBP?

Há estudos que também sugerem uma correlação entre o uso contínuo de medicamentos inibidores da bomba de prótons e um maior risco de acidente vascular cerebral (AVC), fraturas ósseas e doença renal crônica. Contudo, é importante notar que esses estudos não afirmam que o uso desses medicamentos cause demência ou qualquer uma das condições mencionadas, somente que existe uma associação.

Devo parar de tomar o medicamento prescrito para tratar meu refluxo?

O conselho dos profissionais de saúde é que os pacientes devem discutir essas informações com seus médicos antes de qualquer mudança no tratamento. Kamakshi Lakshminarayan, autor sênior do estudo, enfatiza que a interrupção abrupta desses medicamentos pode resultar em sintomas piores. Portanto, é sempre indicado buscar orientação médica para discutir sobre as melhores opções de tratamento.