Perfil molecular define agressividade de tumor cerebral

Cientistas descobriram quais são as mutações genéticas e modificações epigenéticas que caracterizam um dos tipos mais comuns de tumor cerebral, o glioma de baixo grau. Os resultados da pesquisa foram publicados revista americana “New England Journal of Medicine” e envolveu mais de 300 pesquisadores de todo o mundo, seis deles da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP.

Os pesquisadores participam de um consórcio internacional para pesquisas genômicas em câncer, conhecido como “The Cancer Genome Atlas” ou TCGA, e analisaram um total de 293 casos de gliomas de baixo grau em adultos.

O grupo estudou dois tipos de câncer cerebral: o glioma de alto grau e o de baixo grau (Ilustração: Ingram Publishing/iStock)

Segundo o professor Houtan Noushmehr, do Departamento de Genética da FMRP e um dos pesquisadores do TCGA, o grupo estudou dois tipos de câncer cerebral: o glioma de alto grau e o glioma de baixo grau. “Trata-se de um subtipo distinto de câncer cerebral definido como difuso e pode ser caracterizado pela maior sobrevida e melhor resposta a tratamentos quando comparado ao glioma de alto grau”, diz Houtan.

Nos Estados Unidos, a cada ano cerca de 23 mil pessoas adultas desenvolvem tumor cerebral e 10 mil delas apresentam gliomas. No Brasil, os gliomas representam aproximadamente 42% de todos os tipos de tumores cerebrais, malignos ou benignos. Esses tumores afetam as células gliais, responsáveis pela proteção, nutrição e suporte dos neurônios.

Segundo o professor, “o câncer cerebral de alto grau é uma das formas mais agressivas de câncer com uma sobrevida média global de 15 meses”; já nos de baixo grau, a sobrevida dos pacientes é de dois a cinco anos. Entretanto, Houtan lembra que esses gliomas de baixo grau “tendem a recidivar após o tratamento e, em alguns casos, podem progredir para graus mais elevados de malignidade”.

O resultado alcançou “novos conhecimentos acerca das alterações epigenéticas associadas aos gliomas”. Ofereceram dados “capazes de contribuir com o diagnóstico diferencial e também protocolos de tratamento diferenciais para pacientes que apresentam uma ou mais características moleculares”.

Via Agência USP