Índia anuncia vacina para agosto, mas cientistas vêem prazo irreal
Especialistas manifestaram preocupação com o que consideram meta ambiciosa e perigosa
O principal órgão de pesquisa médica da Índia anunciou que pretende lançar uma vacina contra o novo coronavírus em agosto deste ano. Para cumprir o prazo, o Conselho Indiano de Pesquisa Médica (ICMR, na sigla em inglês) ordenou que 12 hospitais iniciassem ensaios clínicos da vacina com o objetivo de tê-la pronta para uso público até o dia 15.
A meta, porém, tem sido classificada como ambiciosa e irrealista por alguns especialistas em bioética do país, que manifestaram preocupação com os prazos. Eles se perguntam como uma vacina pode passar pelas três fases de testes em humanos em apenas um mês e meio. Segundo eles, a urgência por uma vacina não pode abreviar etapas.
Após as críticas, o ICMR se justificou dizendo que a orientação tinha como objetivo apenas reduzir a burocracia desnecessária e não contornar os processos necessários.
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Em uma pandemia, a aprovação para uso emergencial de uma vacina pode ser concedida se os dados das duas primeiras fases do estudo forem convincentes o suficiente. Mas ainda assim, os cientistas veem prazo curto demais, o que poderia comprometer a segurança do imunizante.
Covaxin
A candidata indiana à vacina, que recebeu o nome de Covaxin, está sendo desenvolvida pela empresa farmacêutica Bharat Biotech em colaboração com o ICMR.
A primeira fase dos ensaios clínicos com ela está prevista para começar nesta semana e envolverá cerca de 300 pessoas. Já a segunda fase, incluirá outras 700 voluntários.
A Covaxin é uma vacina “inativada” – feita usando partículas do vírus da covid-19 que não são capazes de infectar. A injeção de doses específicas dessas partículas serve para criar imunidade, ajudando o corpo a criar anticorpos contra o vírus.
Coronavírus na Índia
A Índia é o terceiro país mais atingido pela pandemia de coronavírus do mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos e do Brasil em número de casos. São 700 mil infectados e 20 mil mortes. O país tem oito vezes mais casos do que a China, que tem população de tamanho semelhante e foi onde o vírus surgiu no fim do ano passado.