10 casas para amantes de arquitetura e design se hospedar

Se as cidades brasileiras não têm o charme Belle Époque de Paris ou a opulência contemporânea de Xangai, não é por falta de artistas nas pranchetas. Arquiteto brasileiro mais conhecido no exterior, Oscar Niemeyer (1907–2012), o artífice modernista de Brasília e do Copan, encabeça uma lista de talentos com nomes como Lina Bo Bardi (1914–1992), a autora do Masp, Paulo Mendes da Rocha, laureado com o Prêmio Pritzker (o Oscar da arquitetura mundial), Vilanova Artigas (1915–1985), projetista do Estádio do Morumbi, e Ruy Ohtake, que deu formas ousadas ao Hotel Unique, entre outros trabalhos.

Nossa sensibilidade para a coisa vai até o jardim, habitat natural de Roberto Burle Marx (1909–1994), autor de mais de 3 mil projetos botânicos pelo mundo, incluindo o Parque do Ibirapuera, a Pampulha e o Aterro do Flamengo. Burle Marx popularizou espécies tropicais como as bromélias e, de lambuja, redesenhou as curvas do calçadão de Copacabana com mais sensualidade, em 1970.

Nossa escola de design de interiores também não tem do que se envergonhar, que o digam as poltronas cheias de bossa de Sergio Rodrigues (1927–2014) e as cadeiras anárquicas dos irmãos Campana.

Confira abaixo uma seleção de dez casas para amantes de arquitetura e design se hospedar no Brasil.

Búzios (Rio de Janeiro)

Na praia de Manguinhos, esta casa de sonho projetada pelo conhecido arquiteto Thiago Bernardes tem nada menos do que 11 suítes e valoriza a interação com o exterior (mar incluído) por meio de amplas janelas e portas deslizantes. A decoração inclui sofás de design, tapetes de cores neutras e uma mesa de tronco de árvore com corte longitudinal até o toco dos galhos. Sauna, hidro, sala de massagem e um confortável deck de frente para o mar completam a experiência única.

Campos do Jordão (São Paulo)

Nem só de pilotis e equipamentos high tech são feitos os imóveis conceituais, como se vê nesta casa de estilo clássico e romântico no Alto da Boa Vista, em Campos do Jordão. Cenário do primeiro inverno do “Castelo de Caras”, o casarão de seis quartos (cinco suítes) é outro que explora a vista e a integração com meio externo –no caso, 30 mil m² de jardins–, sobretudo na sala da lareira, na qual a lateral e o teto envidraçados dão ares de estufa botânica ao ambiente.

Deck com jacuzzi, day beds, gazebos e um pátio interno à europeia alimentam os sonhos do lado de fora. Em outra sala com lareira, no mezanino, não há economia em detalhes como as trepadeiras, o lustre provençal e uma gravura PB de traços eróticos. O estilo clássico segue nas estampas floridas, no guarda-roupa Luis 15 e no papel de parede das suítes, que lembram graciosos quartos de bonecas.

Joá (Rio de Janeiro – RJ)

Como se quisesse evitar a disputa com a vista da Guanabara, ali emoldurada pelo Elevado das Bandeiras até a silhueta do Pão de Açúcar, esta casa com quatro suítes e quatro pavimentos faz do branco uma obsessão. Dos luxuosos banheiros de mármore (um deles com banheira) aos sofás, passando pelo enxoval, pela sala de jantar e por todas as paredes, o imóvel aposta em um minimalismo  quebrado somente pelo tapete persa do living e pelos poucos quadros, a maioria deles em preto e branco. As cores ficam do lado de fora, no deque de cinema com piscina de borda de infinita, nas palmeiras que o flanqueiam e no indecoroso mar carioca.

Lagoa da Conceição (Florianópolis – SC)

Totalmente aberta para o verde que margeia a Lagoa da Conceição, esta casa de cinco suítes é margeada por um deck com dimensões de boulevard. A perfeita transição entre os ambientes internos e externos é sintomática na proximidade das salas de estar e jantar com os limites do imenso terraço, embora não haja qualquer displicência na escolha do mobiliário.

Peças cinquentistas como as poltronas moles a Sergio Rodrigues e as cadeiras bossa de Jader Almeida, com encosto de palhinha, dão elegância à informalidade do living e se encaixam com naturalidade no espaço com pé-direito alto e laterais escancaradas para as árvores. Não espere menos qualidade e bom gosto na sala do home e na banheira contemporânea colocada bem ao lado da janela para o jardim silvestre.

Paraty (Rio de Janeiro)

Chique e singela, moderna e colonial como a própria Paraty, o maior mérito desta casa é justamente se colocar em seu lugar. E que lugar! Com algumas dezenas de metros de frente para a praia do Corumbê, da qual se separa apenas por uma modesta cerca colorida, o imóvel de seis suítes rodeado por densa vegetação mescla móveis de vime com lâmpadas halógenas, banheiros de pastilhas com camas sob mosquiteiros, uma natureza selvagem com ofurô, banheira e piscina. Sala com home theater e Sky, cozinha moderna, ar split nos quartos e wi-fi são algumas das conveniências bem-vindas, mas nada que se compare às aconchegantes redes na varanda com imagem HD para o mar.

Praia da Baleia (São Sebastião – SP)

Quem olha a elevada barricada de concreto que oculta a fachada desta casa de fora a fora, deixando somente o pavimento superior à vista, não desconfia que, na verdade, trata-se de uma piscina de raia. O cimento queimado, aliás, toma conta dos pisos, das paredes… De todos os ambientes, conferindo ao grande caixote o estilo modernista consagrado no Brasil em décadas passadas. Concebida pelo arquiteto Angelo Bucci, o imóvel de quatro suítes tem laterais totalmente envidraçadas, cadeiras e poltronas de design, cozinha moderna com bancada central, elementos cinquentistas na decoração e facilidades como sala de entretenimento com HDTV, sauna seca e, no clube do condomínio, bem ao lado, academia, quadra de tênis e outra poliesportiva.

Santa Teresa (Rio de Janeiro – RJ)

Com uma das vistas mais luxuriantes do Rio, de frente para o enquadramento clássico do Pão de Açúcar, esta charmosa casa de cinco suítes e dois pavimentos seduz pela harmonia e elegância. Em ambientes predominantemente claros, com abundância de portas e passagens largas, a decoração tendente ao provençal moderno adorna com precisão as diversas e confortáveis área de estar.

Estampas florais na vizinhança de um sofá de couro, gravuras dispostas simetricamente, vasos com plantas ornamentais e algumas peças de antiquário dispostas cirurgicamente, como o bufê antique da sala de jantar e a classuda poltrona capitonê do hall de entrada, formam uma unidade estética que não escapa nem à cozinha, varada de armários brancos com molduras delicadamente pintadas. Na área externa, o luxo divide-se entre o terraço do segundo andar e o estiloso deck com piscina, day bed e a já alardeada panorâmica da Guanabara.

São Conrado (Rio de Janeiro – RJ)

“Aninhado na selva tropical” aos pés da Pedra Bonita, esta ‘vila’ com quatro suítes abusa do direito de combinar estilos, ao reunir peças assinadas dignas de um showroom de design. O projeto do imóvel ajuda. Claraboias generosas e largas passagens laterais inundam de claridade o lustroso piso branco, para a alegria dos arbustos do living, das almofadas coloridas e dos móveis que dialogam com a modernidade. No canto, a cadeira Diz se cala diante da mesa azul-ostentação.

Os quartos, um pouco mais comportados, e o home theater, revestido de muita madeira, mantêm a classe, já que só a cozinha demonstra timidez. Com ótimo acabamento, o banheiro mais amplo reserva a área central para a banheira, devidamente encaixada no mármore verde e protegida do sol por uma descolada cortina de teto. Um tanto mais dela pode ser vista no enorme lounge envidraçado do solario, que passa respeitosamente por cima da piscina com azulejos Athos Bulcão. A borda é infinita.

São Paulo (São Paulo)

Na cosmopolita e esquizofrênica Pauliceia, achar uma casa decorada como no Sudeste Asiático não é de causar surpresa. Localizado no Jardim Paulista, área nobre da Zona Oeste de São Paulo, este imóvel não tem elefantes de estimação nem stupas budistas, mas reverencia a Indochina desde a piscina. Cercada por um alpendre com espaço gourmet e um deck com jacuzzi, a área exibe Budas, luminárias e vasos asiáticos na ornamentação, além de um canteiro com trepadeiras que acentua a atmosfera tropical. No interior da casa, a ampla sala com poltronas balinesas e chaises cor de curry dá sequência à experiência oriental.

Contornado o jardim de inverno, o andar superior revela uma sala de jantar com tapeçaria típica, uma cama tailandesa de frente para a lareira e, na passagem, uma insuspeita e espertíssima mesa de bilhar – que não tem nada a ver com o tema, mas ficou boa. Para finalizar, a imersão no ofurô é também uma imersão na Ásia, já que se trata de uma tradição japonesa.

Trancoso (Porto Seguro – BA)

Milimetricamente singela na fachada, esta casa de três quartos no Quadrado, a praça mais badalada de Trancoso, ostenta uma brasilidade de boutique. Peças únicas como a mesa de tronco de árvore e um enorme cocar indígena, estrela da parede principal da sala, legitimam a rusticidade chique do litoral baiano, assim como o piso de cimento queimado, o forro de madeira branco, os caibros e os gabinetes patinados.

É como se a produção artesanal “de exportação” estivesse reunida em um só lugar, vide as pombas do Espírito Santo, o oratório barroco, o quadro da fauna pintado na madeira, a helicônia, a bancada de madeira, o gazebo-caramanchão, a mesa coletiva na varanda e até a meia-porta de nossas moradas rurais.