2 cidades em SP lideram ranking de praias poluídas por plástico e com certeza você já foi a alguma delas

Coleta de resíduos foi realizada em 7.000 quilômetros de costa, contando com mais de cem voluntários

01/10/2024 11:58

São Vicente (Fot0) e Mongaguá lideram ranking de praias mais poluídas por plásticos no Brasil – vbacarin/iStock
São Vicente (Fot0) e Mongaguá lideram ranking de praias mais poluídas por plásticos no Brasil – vbacarin/iStock - vbacarin/iStock

As praias de Mongaguá e São Vicente, localizadas na Baixada Santista, litoral de São Paulo, ocupam os primeiros lugares no ranking das mais poluídas por plásticos em toda a costa brasileira. Esse dado alarmante foi revelado por um estudo pioneiro da Sea Shepherd Brasil, em colaboração com o Instituto Oceanográfico da USP.

Ao todo, o levantamento abrangeu 306 praias do litoral brasileiro. Mongaguá lidera no acúmulo de microplásticos, enquanto São Vicente se destaca pelos macrorresíduos, mostrando diferentes dimensões da poluição plástica.

Em São Vicente, foram encontrados cerca de dez resíduos plásticos por metro quadrado de areia, enquanto Mongaguá revelou uma situação ainda mais crítica, com 83 fragmentos de microplástico por metro quadrado.

A Expedição Ondas Limpas, projeto responsável por essa análise, percorreu as praias de 201 municípios em 17 estados, cobrindo 7.000 quilômetros de litoral, do Rio Grande do Sul ao Amapá.

A pesquisa, realizada entre abril de 2022 e agosto de 2023, trouxe à tona dados preocupantes:

  • Todas as praias brasileiras apresentam resíduos plásticos, como embalagens e tampas de garrafas;
  • 97% delas contêm microplásticos, partículas menores que 5 mm;
  • 91% dos resíduos encontrados são plásticos, um índice bem superior à média mundial de 70%;
  • Filtros de cigarro representam 25% dos itens coletados.

Sul e Sudeste

A região Sudeste lidera em resíduos plásticos maiores, enquanto o Sul apresenta uma quantidade superior de microplásticos. A praia de Pântano do Sul, em Florianópolis, é a mais poluída por resíduos plásticos de todos os tipos, e a Praia do Rizzo, também em Florianópolis, aparece como uma das mais afetadas por microplásticos, logo atrás da Praia do Centro, em Mongaguá.

Pesca industrial mal fiscalizada também contribui para o problema, com redes, boias e linhas representando 11,2% dos resíduos plásticos. No Rio Grande do Sul, esses apetrechos são três vezes mais presentes do que a média nacional.

Impactos da poluição por plástico

Até mesmo estados com um litoral reduzido, como Piauí e Paraná, estão entre os mais impactados pela poluição por microplásticos, registrando o dobro da média nacional. O Rio Grande do Norte se destaca pelos altos índices de macrorresíduos, com três de suas cidades figurando entre as cinco mais poluídas.

Surpreendentemente, o Maranhão abriga uma exceção: a praia de Turiaçu não registrou a presença de microplásticos e teve níveis mínimos de macrorresíduos, contrastando com o cenário desolador das demais regiões.

Maiores concentrações de microplásticos 

O estudo ressalta que as praias urbanas, onde a presença humana é mais intensa, tendem a ter maiores concentrações de microplásticos. Em áreas rurais e suburbanas, a poluição tende a ser menor, mas fatores como proximidade de rios e o transporte de resíduos pelo mar também desempenham um papel importante.

O estudo também detalhou a metodologia para análise de macrorresíduos e microplásticos, ressaltando como o plástico se degrada na natureza, quebrando-se em pequenas partículas que facilmente entram na cadeia alimentar dos seres marinhos. Essas descobertas são um alerta para a necessidade urgente de ações de limpeza e políticas de preservação nas praias brasileiras.