Aumenta nº de brasileiros que tiraram cidadania italiana e portuguesa
Especialista explica o fenômeno e quais devem ser as consequências do aumento exorbitante nos pedidos de cidadania
A busca dos brasileiros pelos serviços para obter dupla cidadania disparou com a pandemia, principalmente após reformas legislativas anunciadas por alguns países, como Portugal, que incentivam a obtenção do documento. O aumento registrado foi de mais de 200%.
Dados da última pesquisa do Eurostat –Gabinete de Estatísticas da União Europeia–, apontam que 20.400 brasileiros adquiriram a cidadania italiana ou portuguesa, somente em 2021. Mas, o que exatamente explica este fenômeno?
Para Gabriela Rotunno, CEO da Rotunno Cidadania, empresa de serviços migratórios, algumas razões podem estar por trás do crescimento exorbitante no número de solicitações realizadas por brasileiros.
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Segundo a especialista, o movimento migratório está mais intenso devido ao cenário econômico decorrente da crise sanitária que se estende até hoje.
Um outro ponto, segundo Gabriela, foi o fato da pandemia ter reforçado como a mobilidade é um fator muito importante para a vida.
“Com a maioria das fronteiras fechadas e serviços consulares suspensos durante a crise sanitária, os brasileiros que possuíam dupla cidadania podiam circular com maior liberdade pelo mundo, podendo realizar seus trabalhos, viagens e visitar a família no exterior com maior flexibilidade”, explica Gabriela Rotunno.
“Isto fez com que os brasileiros passassem a enxergar o reconhecimento da dupla cidadania, considerando a oportunidade de ter melhores condições de vida, possibilidades de estudo e liberdade geográfica”, completa
A sócia-fundadora da da Rotunno Cidadania explica como esses números do do Eurostat podem influenciar em aspectos sociais e econômicos do nosso país: “Pessoas qualificadas que vão enriquecer com seu conhecimento outras nações ao invés da nossa. Isso é uma perda enorme para o Brasil, mas é o que acompanhamos nesses últimos anos”.
Processo para tirar dupla cidadania
Gabriela também relembra, que o processo de cidadania vai além da tiragem do documento, mas sim o descobrimento das raízes, do histórico familiar e claro, das possibilidades de transição entre nações.
“A cidadania, assim como o visto, deve ser observada como um ativo financeiro. É um processo profundo, que envolve o descobrimento das raízes de cada um, mas também oferece como resultado um recurso multifuncional, que pode ser utilizado de diversas maneiras por cada cidadão. Desde a possibilidade de transitar entre países, até o privilégio de poder ser membro de outra nação”.
Pr fim, a empresária por trás da emissão da dupla cidadania de personalidades famosas, como a
atriz Marina Ruy Barbosa, a modelo Isabeli Fontana, o cantor Di Ferrero e até mesmo jogadores da seleção brasileira, oferece um parâmetro do que as entidades de pesquisa e organizações de estado podem esperar sobre a migração de brasileiros nos próximos anos.
“Muitos dos nossos clientes buscam a dupla cidadania para ter a opção de uso, mas não com um plano de migração imediato. O perfil de quem busca a nacionalidade europeia é de pessoas que desejam a segurança de ter outras opções, caso aqui no país as coisas não estejam a contento. Não prevemos estabilização no curto e médio prazo a não ser que as leis dos países europeus que concedem a cidadania restrinjam os critérios para obtenção da mesma”, finaliza.