8 coisas que aprendi em uma viagem à Índia

Amor, casamentos e viagem. É com esta combinação perfeita que a nutricionista Beatriz Lerer, 26 anos, e o analista de sistema Pedro Sakhabuth, 30, partiram em um mochilão/lua de mel que deve durar um ano.

A viagem começou no final de abril de 2017, três semanas após o casal carioca dizer “o sim”. A primeira parada da aventura foi no México, onde foram padrinhos de um casamento.

O casal carioca Beatriz Lerer e Pedro Sakhabuth na Fortaleza Vermelha, em Nova Déli, na Índia

Segundo Beatriz, a aventura deve durar até abril, quando serão novamente padrinhos de casamento! “Amor, casamento e viagem é com a gente!”, conta a nutricionista.

A viagem é no estilo “slow travel, low cost” (viajar devagar, com baixo custo, em tradução livre). “Guardamos um dinheiro para viajar. Ficamos em sofás pelo couchsurfing, trocamos alimentação e hospedagem por horas trabalhadas no Workaway e alguns bicos de que aparecem no caminho”.

Atualmente o casal está na Tailândia, depois de passar um tempo na Índia. O próximo destino será o Vietnã.

A aventura pode ser acompanhada pelo site “Embarque Nessa Loucura” e pelas redes sociais –Facebook, Instagram e YouTube.

Abaixo o casal compartilha oito coisas que aprendeu durante a viagem à Índia.

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A Índia é um lugar diferente de tudo que você já viu! Ir até lá é uma experiência de vida, que tem tanto a te ensinar se você estiver disposto a aprender.

1 – Repensar o conceito de cheio

A Índia é um lugar diferente de tudo que você já viu!

Índia é o 2º país mais populoso do mundo. Você vai entender a recomendações de todo mundo para não pegar o metro no horário do rush e o ditado de tem sempre espaço para mais um. Num banco de ônibus onde cabem 2, vão 5. Num leito do trem noturno onde iria uma pessoa deitada, vão 7. Se você quiser se ajeitar para dominar um pouco mais de espaço, você provavelmente vai perder os poucos centímetros que tinha anteriormente, afinal, eles foram criados lá. Dividir espaço faz parte e faz você repensar o tamanho da sua bolha. Ficar esparramado na sua cama do albergue que era uma cama de beliche num quarto de 16 pessoas, troca para, que bom que a cama é só minha!

2 – Silêncio é sagrado

Nunca tinha ouvido tanta buzina ao mesmo tempo. A Índia tem uma trilha sonora própria. São tantas buzinas de tantos meios de transporte diferentes (tuk tuk, rickshaw, taxi, uber, motorista normal, bicicleta, moto e pedestres) disputando o mesmo espaço e seguindo regras de transito individuais que vira uma sinfonia de xingamentos e beeep beeeeeeeeeep. Num país que buzina vira cantiga de ninar, encontrar um canto sem barulho vai parecer um milagre. Você vai perceber que ouvir o seu próprio pensamento pode ser grandioso e reconfortante. O silencio traz a paz de companhia e a gratidão invade!

3 – Gentilize não tem valor!

Se os indianos puderem te ajudar, eles vão! Algumas vezes precisávamos de celular para ligar e muitos indianos nos emprestaram. Uma vez até retornaram para um número indiano que eu peguei emprestado para avisar que nosso trem tinha atrasado e a moça veio correndo atrás de mim porque podia ser importante. Wi-fi é raridade e quando tem, pedem um celular indiano para mandar uma senha. A gente tá sempre em busca de internet né, gratuita então é só amor! Muitas pessoas colocaram os seus telefones a disposição e esperavam receber a mensagem para depois seguir a vida. Tantas ações que não demoraram minutos e mudaram tanta a nossa vida durante a viagem! Nos fez repensar o valor do tempo, da ajuda e da gentileza!

4 – Banho, infelizmente, é privilégio

Banho é bom, água quente é luxo e se for saindo do chuveiro então, se sinta o sultão

Banho é bom, água quente é luxo e se for saindo do chuveiro então, se sinta o sultão governando por aqui. Lembro de estar num albergue em que a água não era transparente, não esquentava (não estava fria, mas também não estava quente), e saia um filetie fino de água, que era melhor mesmo tomar de cuia. Tentei explicar para o recepcionista daquele humilde hostel e não conseguia me fazer entender. Fiquei super brava, afinal, eu SÓ queria um banho quente. As referências dele quanto a isso era completamente diferente da minha, o padrão de vida e os privilégios também. Fez eu me sentir uma menina mimada por querer algo, que para mim, era tão “básico”.

5 – Papel higiênico salva vida

Caminhando em ruelas pela Índia é possível ver adultos e crianças fazendo suas necessidades no meio da rua. Dá para entender quando digo que pouquíssimos lugares tinha papel higiênico, para ser sincera, apenas nas hospedagens, aeroportos e turist traps. Os indianos em si não usam privada, fazem num buraco no chão que tem um lugar para apoiar os pés e se faz as necessidades de cócoras. Eles se limpam com baldinho (tem uma torneira do lado do buraco) e dar a descarga também. Fazer xixi de cócoras é até ok, afinal carnaval de rua é gigante no Rio e as vezes se faz necessário, mas limpar com baldinho coletivo era demais. E depois como seca? Enfim, ande sempre com um rolinho de papel higiênico e será mais feliz. Também é uma boa forma de fazer amizades em fila de banheiro com estrangeiras desavisadas ou recém chegadas no pais.

6 – Comida indiana é uma das melhores do mundo (tudo é picante)

Caminhando em ruelas pela Índia é possível ver adultos e crianças fazendo suas necessidades no meio da rua

Indianos tem o hábito de cozinhar tudo que comem e no século 21 é raridade. A base de alimentação são vegetais e eles fazem delícias inusitadas com tanto hortifrúti. Você não acredita o sabor que a couve-flor pode ter! A gente se encantou tanto que fizemos uma aula de culinária por lá. Eles são acostumados com pimenta, e de vários tipos. Cada restaurante e família tem sua mistura especial, eles chamam de massala. A gente sempre comia comida picante, mesmo pedindo para não ser. Descobrimos que a maioria dos cozinheiros se recusa a cozinhar sem a massala, fala que não é comida indiana e outro nos deu a dica de pedir apenas com sal, mas realmente descaracteriza bastante a culinária! Os indianos acreditam muito no poder dos alimentos e a forma de cozinhar faz parte dessa cultura milenar! O que você anda comendo?

7 – Melhora muito sua ansiedade

Escrevo isso sabendo que ansiedade é um grande quesito a ser trabalhada em mim e a Índia me deu uma aula. As coisas acontecem no tempo que elas vão acontecer e não tem nada que você possa fazer para mudar isso! (Grande acorda pra vida! rsrs). Não necessariamente porque tem um trem no horário do seu, na plataforma que o seu deveria estar que é o seu trem. Trem atrasa, ônibus atrasava, as condições meteorológicas interferem, ninguém te dá satisfação, os indianos aceitam e a única pessoa soltando fumaça e querendo mudar a forma como as coisas acontecem é você. É um país que te ensina flexibilidade na marra e a viver o presente que está acontecendo, afinal, criar expectativas e fazer planos que não acontecem geram frustração demais e ninguém quer isso. Você acaba cedendo, abrindo mão do controle e percebe que a vida fica mais leve.

8 – Diga SIM com mais frequência

Os indianos acreditam muito no poder dos alimentos e a forma de cozinhar

A gente quase não ouviu um indiano falar não. Pegamos um tuk tuk que a gente perguntou ao motorista se sabia onde era o local que íamos, ele disse que sim. Ele parou a cada esquina para colar do nosso mapa offline e pedir informação. A gente queria comer um prato específico num quiosque, disseram que sim e vimos um atendente atravessar a rua e comprar os ingredientes. Outro restaurante estava lotado e perguntamos se tinha mesa, o garçom disse que sim e solicitou que a mesa que já tinha pago a conta se levantasse. O SIM faz as coisas acontecerem! Os indianos tem uma visão que nos surpreendeu, eles nunca recusam uma oportunidade, eles sempre dão um jeito, e no final, dá certo. Vai que dá! Começa a falar mais sim e se arriscar mais que acontece!