9 lugares secretos para curiosos ‘crônicos’ conhecerem em Londres

Para além do famoso Big Ben, da London Eye, da Tower Bridge ou da Abadia de Westminster, Londres possui uma série de outros pequenos lugares que provavelmente sequer os londrinos conhecem ou sabem da história que ali existe. Uma das cidades com passagens aéreas baratas a partir de junho, quando os preços de bilhetes internacionais caem, a capital britânica pode oferecer um roteiro alternativo até demais.

Recentemente, a advogada Thais Chartes resolveu explorar a metrópole não por meio dos seus conhecidos cartões-postais, mas conhecer lugares que ela tinha ouvido falar conversado com amigos britânicos em Paris, na França, onde vive atualmente. “Eles me falaram que a caveira do [filósofo] Jeremy Bentham estava guardada numa salinha na London’s University College e eu desacreditei. Ficou sendo piada até o dia em que eu fui até lá e me deparei com o cadáver do próprio”, brinca ela.

Vista panorâmica de Londres
Vista panorâmica de Londres

Uma das cidades mais antigas do mundo e por muito tempo a sede mundial do poder britânico sobre as colônias ao redor do planeta, Londres guarda uma série de relíquias históricas que dizem algo também sobre o nosso tempo. Para ajudar alguns curiosos “crônicos”, Catraca Livre  elaborou uma lista de nove lugares que, caso você queira explorar o lado “C” de Londres, vale muito a pena.

Vão de pedestres em Crystal Palace

Reaberta em 2017, a antiga ligação da estação de metrô Victorian Crystal Palace foi objeto até de campanha pela sua reinauguração como passagem de pedestres. O metrô, que se conectava por ela com o espaço à estação de trem (destruída em 1961), serviu também como abrigo contra ataques aéreos durante a Segunda Guerra Mundial. Segundo o jornal “The Telegraph”, a estação ao sul de Londres foi construída a quase 150 anos atrás, mas foi fechada para o tráfego de passageiros em 1954. Em 2008, a dupla britânica Chemical Brothers utilizou o local para gravar o clipe de “Setting Sun”.

O esqueleto de Jeremy Bentham

O esqueleto vestido do filósofo Jeremy Bentham
O esqueleto vestido do filósofo Jeremy Bentham

Nos claustros ao Sul do principal prédio da London’s University College fica um pequeno gabinete onde o visitante encontra o esqueleto vestido do filósofo Jeremy Bentham (1748-1832). O espaço tinha o corpo inteiro do pensador mumificado, mas seu cadáver não colaborou e caiu na cadeira onde estava assentado. A cabeça ainda hoje é a da caveira, mas coberta de cera. A propósito, Bentham, que foi uma das inspirações da criação da própria universidade, especificou em vida que queria que seu corpo fosse dissecado depois de sua morte e preservado do jeito em que está.

The Eisenhower Centre

Fachada do Eisenhower Centre
Créditos: Picasa 2.6
Fachada do Eisenhower Centre

Um abrigo abaixo do solo protegido de ataques aéreos – com um bunker, banheiros, cozinhas e facilidades médicas para 8 mil pessoas – foi construído em oito paradas de metrô estratégicas durante a Segunda Guerra Mundial. Uma delas ao redor da Tottenham Court Road é particularmente notada pelos poucos turistas que sabem de sua existência por ter sido ali que o general estadunidense Dwight Eisenhower, antes de ser presidente dos EUA, comandou seu exército durante o chamado “Dia D”. Uma das entradas do abrigo – na Chenies Street, perto da junção com a North Crescent – é ainda visível e foi renomeada de Eisenhower Centre em homenagem ao ex-presidente.

O sino do Santo Sepulcro

Interior da Igreja do Santo Sepulcro, em Londres
Interior da Igreja do Santo Sepulcro, em Londres

O sino da da igreja do Santo Sepulcro, próxima a Old Bailey, tem uma longa história: por séculos, a grande peça na torre do tempo era marcada por ser o sinal de uma execução na prisão de Newgate. Além disso, do século 17 ao 19, o escriturário da igreja de Santo Sepulcro foi responsável por tocá-lo brevemente quando alguém iria ser executado na penitenciária – sempre à meia-noite do dia da morte. O toque era para ajudar o condenado a se preparar para “se encontrar com o Criador”. O “sino de execução” permanece hoje em uma redoma de vidro na nave da igreja. “All you that in the condemned hole do lie/ Prepare you, for tomorrow you shall die” (Todos vocês que no fim condenado mentem/ Preparem-se para morrer amanhã), dizia o trecho de uma rima recitada pelo escriturário da igreja enquanto tocava o sino e hoje grafada no local onde ele está guardado.

Assento do cobrador do Ferry

No lado Sul do rio Tâmisa, que corta Londres, perto do Globe Theatre, está uma cadeira de pedra esculpida na parede de um prédio. Era o assento do cobrador de tíquetes do Ferry que passava pelo rio, uma espécie de táxi da Idade Média, onde os passageiros deveriam esperar pelas tarifas para cruzar o Tâmisa. A peça é conhecida por ser uma das últimas remanescentes daquela época na Londres de hoje.

Terraços “falsos” de Leinster

A vizinhança ao redor do Terraço Leinster, ao norte de Bayswater Road, era já uma populosa e luxuosa área quando a primeira estação de metrô foi construída ali nos anos 1860. Aqueles primeiros trens precisavam ficar por um período ao ar livre para que seus motores recebessem ventilação e, então, esfumaçassem. Assim, a companhia resolveu construir casas falsas em um dos quarteirões do bairro para esconder as composições por trás das fachadas.

Macklin Memorial

Charles Macklin, um dos mais atores londrinos mais famosos do século 18 – também por ter matado um colega durante uma discussão nos camarins de uma peça, esfaqueando-lhe os olhos, imortalizou seu remorso pela morte com uma placa em seu próprio memorial – no adro da igreja de St. Paul, em Covent Garden. Macklin foi considerado culpado pela Justiça, mas jamais foi preso. Na peça encontrada na igreja, uma faca aparece pendurada no olho de uma máscara de teatro.

Bomba d’água de John Snow

Ainda é possível ver a bomba d’água original que ajudou a espalhar a epidemia de cólera pela cidade em 1854. Na Broadwick Street, próximo ao Soho, fica que se tornou conhecida como a bomba d’água John Snow, em referência ao médico que encontrou o local por onde as pessoas estavam se contaminando da doença naquele ano e mudou a percepção sobre a cólera até então. Ele foi o primeiro também a tentar controlar a epidemia cercando a área da bomba. Naquela época, a doença era considerada resultante de um miasma que vagava no ar e tinha uma base moral que afirmava que ela vinha das classes pobres – que por isso tinham muitas pessoas mortas.

Portão de York

Jardins do Victoria Embankment
Créditos: Picasa
Jardins do Victoria Embankment

Antes do Victoria Embankment ser construído, em 1860, as grandes casas na região de Strand tinham orgulho do lugar, com jardins que ficavam nas margens do Tâmisa. Entre elas estava a Casa de York, lar do primeiro duque de Buckingham, construída em 1237.

O portão da mansão, construída em 1626, permanece até hoje, mas a casa foi demolida em 1675. O portão pode ser encontrado dentro dos Embankment Gardens.