Amsterdã quer fechar as vitrines do polêmico ‘Red Light District’

Prefeita da capital holandesa deseja mudar a cara do "bairro do sexo", considerado Patrimônio Mundial da Humanidade pela Unesco

08/07/2019 11:13

A prefeitura de Amsterdã anunciou na semana passada planos para a reforma do famoso bairro “Red Light District”, reduto de prostituição da capital holandesa. Uma das medidas seria o fim das vitrines em que as mulheres se apresentam aos turistas.

O anuncio foi feita pela prefeita Femke Halsema, a primeira mulher a ocupar o cargo na história da cidade.

A prefeitura de Amsterdã anunciou mudanças no famoso bairro “Red Light District”
A prefeitura de Amsterdã anunciou mudanças no famoso bairro “Red Light District” - sborisov/iStock

Segundo a prefeita, as medidas são necessárias devido a mudanças sociais, entre as quais a ascensão do tráfico de pessoas e a elevação no número de turistas que visitam o bairro e usam seus celulares para registrar e distribuir fotos das mulheres pelas redes sociais.

De acordo com a agência de notícias Reuters, foram apresentadas quatro opções de mudanças no “bairro do sexo”: terminar com o esquema de vitrines, instalar um sistema de alvarás especial para os estabelecimentos, reduzir o número de bordeis drasticamente ou fechá-los simultaneamente e transferi-los para outra região da cidade, com controle rígido de entrada e saída das pessoas.

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As opções serão apresentadas durante todo o mês de julho aos moradores. O projeto escolhido será submetido à Câmara de Vereadores de Amsterdã ainda este ano.

Turistas passam pelas vitrines do famoso bairro “Red Light District”, em Amsterdã
Turistas passam pelas vitrines do famoso bairro “Red Light District”, em Amsterdã - minemero/iStock

Segundo a prefeita Femke Halsema, as mudanças têm três objetivos principais. Proteger as prostitutas contra condições de trabalho degradantes, reduzir o crime e reviver o bairro, criado há 500 anos e classificado pela Unesco como parte do Patrimônio Cultural da Humanidade, junto com os canais da cidade.

Guerra ao turismo de massa

No começo do ano, a prefeitura de Amsterdã anunciou que vai proibir os tours guiados no Red Light District a partir de janeiro de 2020.

A medida, segundo a prefeitura, é para promover o respeito as prostitutas que trabalham na região e pôr fim a problemas causados por turistas.

A prefeitura de Amsterdã vem adotado medidas contra o turismo de massa na cidade
A prefeitura de Amsterdã vem adotado medidas contra o turismo de massa na cidade - Yasonya/iStock

“Não é mais aceitável ver os trabalhadores do sexo como uma atração turística”, disse o vereador Udo Kock. Segundo ele, os turistas costumam ser inconvenientes, fazem muito barulho e jogam lixo no chão nas ruas da região.

A prefeitura também anunciou a redução de 20 a no máximo 15 pessoas o tamanho de grupos em passeios guiados no centro histórico de Amsterdã e proibiu tours na região depois das 19h, incluindo fins de semana.

Turistas terão ainda que pagar uma taxa de entretenimento, mas o valor ainda não foi divulgado.

Atualmente cerca de dez grupos guiados passam por hora na Oudekerksplein, o coração do bairro da Luz Vermelha. Em horários de pico, esse número pode chegar a 48.

Famoso letreiro

No final do ano passado, a prefeitura da capital holandesa retirou as enormes letras vermelhas e brancas que ficava da Museumplein (Praça dos Museus). O lugar era um dos mais fotografados pelos turistas.

O famoso letreiro ‘I am Amsterdam’, na Museumplein, foi removido pela prefeitura de Amsterdã no começo de dezembro
O famoso letreiro ‘I am Amsterdam’, na Museumplein, foi removido pela prefeitura de Amsterdã no começo de dezembro - serts/iStock

O painel foi instalado na praça onde ficam os museus Rijksmuseum, Van Gogh, Moco e Stedelijk, em 2004, pelo escritório de promoção turística da cidade.

De acordo com o jornal holandês “Het Parool”, a remoção foi um pedido do partido ambientalista Groenlinks, que consideravam o painel “num símbolo do turismo de massa” e do “individualismo exagerado” em uma “cidade que representa solidariedade e diversidade”.