Amsterdã quer fechar as vitrines do polêmico ‘Red Light District’

Prefeita da capital holandesa deseja mudar a cara do "bairro do sexo", considerado Patrimônio Mundial da Humanidade pela Unesco

A prefeitura de Amsterdã anunciou na semana passada planos para a reforma do famoso bairro “Red Light District”, reduto de prostituição da capital holandesa. Uma das medidas seria o fim das vitrines em que as mulheres se apresentam aos turistas.

O anuncio foi feita pela prefeita Femke Halsema, a primeira mulher a ocupar o cargo na história da cidade.

A prefeitura de Amsterdã anunciou mudanças no famoso bairro “Red Light District”
Créditos: sborisov/iStock
A prefeitura de Amsterdã anunciou mudanças no famoso bairro “Red Light District”

Segundo a prefeita, as medidas são necessárias devido a mudanças sociais, entre as quais a ascensão do tráfico de pessoas e a elevação no número de turistas que visitam o bairro e usam seus celulares para registrar e distribuir fotos das mulheres pelas redes sociais.

De acordo com a agência de notícias Reuters, foram apresentadas quatro opções de mudanças no “bairro do sexo”: terminar com o esquema de vitrines, instalar um sistema de alvarás especial para os estabelecimentos, reduzir o número de bordeis drasticamente ou fechá-los simultaneamente e transferi-los para outra região da cidade, com controle rígido de entrada e saída das pessoas.

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As opções serão apresentadas durante todo o mês de julho aos moradores. O projeto escolhido será submetido à Câmara de Vereadores de Amsterdã ainda este ano.

Turistas passam pelas vitrines do famoso bairro “Red Light District”, em Amsterdã
Créditos: minemero/iStock
Turistas passam pelas vitrines do famoso bairro “Red Light District”, em Amsterdã

Segundo a prefeita Femke Halsema, as mudanças têm três objetivos principais. Proteger as prostitutas contra condições de trabalho degradantes, reduzir o crime e reviver o bairro, criado há 500 anos e classificado pela Unesco como parte do Patrimônio Cultural da Humanidade, junto com os canais da cidade.

Guerra ao turismo de massa

No começo do ano, a prefeitura de Amsterdã anunciou que vai proibir os tours guiados no Red Light District a partir de janeiro de 2020.

A medida, segundo a prefeitura, é para promover o respeito as prostitutas que trabalham na região e pôr fim a problemas causados por turistas.

A prefeitura de Amsterdã vem adotado medidas contra o turismo de massa na cidade
Créditos: Yasonya/iStock
A prefeitura de Amsterdã vem adotado medidas contra o turismo de massa na cidade

“Não é mais aceitável ver os trabalhadores do sexo como uma atração turística”, disse o vereador Udo Kock. Segundo ele, os turistas costumam ser inconvenientes, fazem muito barulho e jogam lixo no chão nas ruas da região.

A prefeitura também anunciou a redução de 20 a no máximo 15 pessoas o tamanho de grupos em passeios guiados no centro histórico de Amsterdã e proibiu tours na região depois das 19h, incluindo fins de semana.

Turistas terão ainda que pagar uma taxa de entretenimento, mas o valor ainda não foi divulgado.

Atualmente cerca de dez grupos guiados passam por hora na Oudekerksplein, o coração do bairro da Luz Vermelha. Em horários de pico, esse número pode chegar a 48.

Famoso letreiro

No final do ano passado, a prefeitura da capital holandesa retirou as enormes letras vermelhas e brancas que ficava da Museumplein (Praça dos Museus). O lugar era um dos mais fotografados pelos turistas.

O famoso letreiro ‘I am Amsterdam’, na Museumplein, foi removido pela prefeitura de Amsterdã no começo de dezembro
Créditos: serts/iStock
O famoso letreiro ‘I am Amsterdam’, na Museumplein, foi removido pela prefeitura de Amsterdã no começo de dezembro

O painel foi instalado na praça onde ficam os museus Rijksmuseum, Van Gogh, Moco e Stedelijk, em 2004, pelo escritório de promoção turística da cidade.

De acordo com o jornal holandês “Het Parool”, a remoção foi um pedido do partido ambientalista Groenlinks, que consideravam o painel “num símbolo do turismo de massa” e do “individualismo exagerado” em uma “cidade que representa solidariedade e diversidade”.