Areia, no Brejo Paraibano, tem flores, história e cachaça artesanal
A região no interior da Paraíba é conhecida pela riqueza cultural e histórica
Localizada a cerca de 2h de João Pessoa, a cidade de Areia, no Brejo Paraibano, guarda joias da arquitetura colonial, como casario colonial preservado, engenhos da época do Ciclo do Açúcar e teatro histórico.
Na bela cidade do Brejo Paraibano o turista pode vivenciar experiências novas sem ficar preso definitivamente ao conceito sol e mar, muito comum na região Nordeste.
Além de oferecer um clima serrano, com temperaturas agradáveis quase que o ano todo –no inverno os termômetros podem chegar a 12ºC–, o viajante pode realizar visitas a engenhos, idas a museus, se embrenhar em uma autêntica expedição gastronômica ou ainda visitar dezenas de produtores que cultivam flores de todas as formas e cores.
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Areia oferta restaurantes rurais de beira de estrada e outros mais sofisticados. A área central do município tem ruas de paralelepípedo e casinhas coloridas bem preservadas.
Centro histórico de Areia
O conjunto histórico e urbanístico é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) desde 2006. A essência dos séculos 18 e 19 dá ao destino um charme todo especial.
Nos casarões é comum os moradores deixarem um vaso de flores apoiado na janela, ampliando ainda mais o clima de cidade serrana. Para chegar ao município, distante apenas 120 km de João Pessoa, é preciso subir a Serra da Borborema.
No verão a brisa ajuda a enfrentar as temperaturas altas e no inverno os visitantes podem usar blusas de meia estação, botas e casquinhos para experimentar o ar geladinho e bastante refrescante que sopra nessa região.
A serra da Borborema cerca boa parte do Brejo Paraibano. Eis a explicação para temperaturas amenas, onde nos meses de inverno é corriqueiro registrar 12ºC.
Terra de alambiques e flores
Por ter feito parte do Ciclo do Açúcar no século 18, Areia é cercada por engenhos. À época, a maioria das mais de 250 propriedades ativas se dedicava à produção de açúcar e melaço.
Atualmente, pouco menos de duas dezenas resistiram à passagem do tempo e sobrevivem da cachaça. Entre elas, o Engenho Triunfo é responsável pela produção do rótulo mais famoso da Paraíba, encontrado com facilidade em bares e restaurantes.
O engenho é aberto à visitação do público. O passeio guiado custa R$ 30,00 e inclui passagem pelos galpões de moagem, fermentação e destilagem, além de degustação. É um roteiro que resgata o passado e ainda preserva o futuro da bebida que deu a Areia o título de “Capital Nordestina da Cachaça”.
Há outras propriedades que recebem visitas, como o Engenho Ipueira, considerado também um ícone local. Inaugurado em 1936 por Donato Feitosa, o lugar iniciou à época a produção de açúcar mascavo e cachaça.
O maquinário desse engenho é uma relíquia inglesa e a área tem nada menos de 400 hectares, dos quais 42 são destinados à criação de gado nelore. Atualmente produz também mel de excelente qualidade.
Assim como no Engenho Triunfo, os proprietários contam, em detalhes, como a cachaça é produzida e resgatam histórias do passado. No Engenho Ipueira vale também visitar a produção de hortaliças orgânicas.
Outro destaque é Engenho Santa Vitória, datado de 1870. Atualmente produz cachaça e já produziu bastante rapadura no passado. A produção é em larga escala atendendo praticamente todo o mercado nacional.
O Caminho dos Engenhos está sendo formatado como novo produto turístico de Areia. Um dos maiores incentivadores é o empresário Aquiles Leal, que tem na Água Mineral Vitória um grande produto.
Uma cidade do século 19
Areia é repleta de lembranças do passado. Com razão. A cidade foi fundada no século 19, depois de ter sido vila e povoado. Parece um presépio de tão perfeita.
O nome do município não é uma homenagem ao relevo montanhoso e de terra escura, mas a um riacho margeado por porções de areia clara. O curso d’água era a principal referência para os exploradores do brejo paraibano encontrarem a cidade.
As atrações relacionadas ao Ciclo do Açúcar incluem o óbvio, engenhos, mas passam por lugares inusitados, como o campus da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).
O Museu da Rapadura, também conhecido como Museu do Brejo Paraibano, é uma boa pedida para viajar no tempo. Quem visita o local, onde funciona o Centro de Ciências Agrárias, pode ver peças originais de 1870. Entre elas, um alambique de barro, utilizado na produção de cachaça exclusiva para os donos da propriedade.
Os visitantes também têm acesso a uma autêntica moenda movida por escravos e a todo o sistema de produção do açúcar mascavo, da cachaça e da rapadura.
Teatro Minerva é testemunho da arte em Areia
Outra atração que vale a pena visitar no centro da cidade é o Teatro Minerva, o primeiro construído na Paraíba. Fica na Rua Epitácio Pessoa.
O local foi palco por vários anos de apresentações de música clássica, peças de teatro, concertos e até óperas internacionais. No passado Areia era também um importante centro cultural e de arte da região Nordeste e um dos mais importantes da Paraíba.
Museu Regional e Casa de Pedro Américo
O Museu Regional de Areia, na Rua Professor Xavier Júnior, também merece entrar no roteiro. O acervo reúne obras de arte e relíquias dos índios da etnia bruxaxá, nativos da região do brejo.
Para quem gosta de história, uma visita à casa de Pedro Américo, que pintou o famoso quadro “O grito do Ipiranga”, é obrigatória.
Do outro lado da avenida, próximo da Praça João Pessoa, o espaço funciona como museu e conta com réplicas de obras do artista paraibano que ficou internacionalmente conhecido e preserva parte de sua história, além de alguns de seus objetos pessoais.
Delícias regionais e gastronomia ímpar
Uma pausa nas visitações a museus e engenhos merece uma boa refeição. Em Areia, há restaurantes que valem a viagem. O local na verdade é um destino turístico bastante inclusivo em termos de gastronomia.
Às margens da PB-079, o Restaurante Rural Vó Maria é administrado por moradores da comunidade Chã de Jardim. De fato, o espaço se parece com uma casa de vó. Rústico, serve pratos tradicionais feitos com carne de bode e de sol, farinha, feijão-verde e outros.
Os insumos utilizados na cozinha vêm de produtores locais. Destaque para as polpas de fruta, produzidas sem água, e para os bolos servidos de manhã e à tarde. Aos fins de semana, é comum que haja filas no local. Portanto, programe-se para chegar cedo.
Outra opção para almoçar ou jantar em Areia é o restaurante Matuta Adaptado, tem um excelente buffet variado e dezenas de opções para petiscar. Vale ainda visitar e experimentar o De’ Lelis, que tem foco na comida regional com receitas inspiradoras.
Outro restaurante interessante é o Bambu Brasil, que fica dentro da Pousada Villa Real, tem vista maravilhosa e atendimento perfeito. É mais intimista e tem cardápio variado. O cardápio democrático do Aroma da Serra também é destaque, que oferece sabor e criatividade em sua gastronomia contemporânea e é o pioneiro na região em oferecer deliciosos pratos veganos.
Quem prefere algo mais casual pode ir a cafeteria Casa de Talha. O local tem uma atmosfera aconchegante e romântica. Experimente a tapioca Maria Bonita com flores comestíveis. Todos os restaurantes de Areia têm em seu cardápio essas flores que abusam da criatividade.
Para a noite, o Food Park Emporium 31 tem quiosques bem-organizados e bastante coloridos e é uma experiência vibrante e única que une sabores a uma estética perfeita. Tem pratos regionais, lanches gourmet, e pratos internacionais, uma excelente opção para turistas e toda a família.
Outro local imperdível é a famosa Casa do Doce na hora da sobremesa. Acessível pela PB-079, o espaço, uma cabana coberta por palha, reúne combinações de sabores inusitadas.
A macacada é o doce mais famoso. Leva mamão, banana, coco, rapadura e canela. Experimente também o doce de leite com toques de café e canela.
Capital Paraibana das Flores
A cidade tem três títulos importantes que são: “Capital da Cachaça”, “Capital Paraibana das Flores” e “Patrimônio Cultural Nacional”. Quem tem feito a diferença pela consolidação do turismo local é o trabalho incessante do Sebrae-PB, que recentemente entregou ao Brejo Paraibano a importante Rota das Flores.
Reconhecida como “Capital Paraibana das Flores”, Areia foi contemplada com esse outro título no último dia 4 dezembro pela Assembleia Legislativa da Paraíba.
Na parte cultural e histórica, Areia tem ainda duas igrejas que são consideradas algumas das mais antigas da Paraíba: Nossa Senhora do Rosário dos Pretos e a igreja Nossa Senhora da Conceição.
Ambas atualmente estão sobre rigoroso restauro do Iphan, e devem ser reabertas para visitação a partir do próximo ano. Vale destacar também a Primeira Senzala Urbana da Paraíba, o Casarão José Rufino.
Para quem deseja ir às compras, leve em sua viagem uma bolsa vazia porque, além das cachaças e doces, é possível visitar locais que incentivam arte e artesanato, como a Casa Amor, Chã da Pia, Panelas de Barro feitas a mão, Talha Artesanato e vários pintores e artistas locais que já são destaque no Brasil e mundo afora. Além disso, floriculturas ofertam flores coloridas e de produção local para decoração.