Atração limitada: lugares que controlam o número de turistas

Já é uma tendência global limitar o acesso de turistas a pontos turísticos ou cidades populares.

Vislumbro que tais medidas, que atendem as necessidades de impor limites à visitação turística, então sendo adotadas por quatro motivos principais: conter o excesso de turistas; evitar prejuízos aos próprios pontos turísticos; evitar prejuízos ao meio ambiente e equilibrar a preservação e a progressão da cidade, assim como as necessidades dos turistas e as dos moradores locais.

Pôr do sol no templo Phnom Bakheng, no complexo de Angkor Wat, Camboja

A seguir, listo alguns dos pontos turísticos mais famosos do mundo e algumas das cidades que já adotaram medidas que restringem a visita direta ou indireta ao turista.

Angkor Wat (Camboja)

O sítio arqueológico de Angkor Wat é um dos maiores tesouros budistas do mundo. São templos espetaculares, próximos à cidade de Siem Reap, e Angkor Wat é, sem dúvida, o melhor conservado.

No mês de março de 2017, a Autoridade para a Proteção e Gestão de Angkor e da região de Siem Reap (APSARA), no Camboja, anunciou que irá restringir o número de visitantes ao templo Phnom Bakheng, uma montanha de 65m e o lugar mais popular para apreciar o pôr do sol na região de Angkor Wat. Apenas 300 pessoas poderão visitá-lo ao mesmo tempo.

O complexo de templos Angkor Wat é o maior monumento religioso do mundo

A realidade é que, muitas vezes, as pessoas ficam no meio de uma multidão e não tem qualquer visão de Angkor Wat a partir de Phnom Bakheng. Assim, essa restrição é uma medida não só para preservar o templo, como também para tentar melhorar a percepção dos turistas com o pôr do sol ali, que tem sido dificultada pela superlotação há quase 10 anos.

Eu visitei Siem Reap e Angkor Wat em fevereiro/2017, e era absurdo o número de pessoas que queriam ver o pôr do sol naquele templo. Tanto é que as filas começavam a se formar horas antes pela Autoridade para a Proteção e Gestão de Angkor e da região de Siem Reap (APSARA).

Além disso, recentemente, aumentaram (ou melhor, inflacionaram) os preços para a visita a Angkor Wat, como meio para “tentar” diminuir o turismo na região. Desde o dia 1º de fevereiro deste ano, o preço das entradas para o Angkor Wat, no Camboja, praticamente dobrou. O passe de um dia quase duplicou de US$ 20 para US$ 37 e o passe de três dias subiu de US$ 40 para US$ 62. Para terem uma ideia, esses 2 passes correspondem a 90% dos visitantes do local.

Fernando de Noronha (Brasil)

As águas cristalinas de Fernando de Noronha

O Arquipélago de Fernando de Noronha é formado por 21 ilhas espalhadas numa extensão de 26 km² e a maior e principal ilha também é chamada de Fernando de Noronha. Para ajudar a preservar o equilíbrio homem-natureza, o turismo é restrito a apenas 420 visitantes por dia, e a estadia desses é altamente controlada. Logo após a chegada, tanto no aeroporto quanto no porto, o visitante tem que pagar uma Taxa de Preservação Ambiental (TPA).

Na prática, o objetivo é limitar a entrada de turistas e ampliar a receita (com a taxa de preservação ambiental) para minimizar os impactos provocados ao meio ambiente.

A taxa é cobrada de acordo com os dias de permanência na ilha. No entanto, se você sair antes do período programado, terá direito à restituição da diferença antes de embarcar para o continente. Da mesma forma, se resolver prolongar a visita, deve procurar o local do pagamento da taxa até o dia do vencimento inicialmente previsto e renovar o período de permanência.

Inclusive, o turista pode efetuar o pagamento on-line aqui.

Ha Long Bay (Vietnã)

Barcos turísticos na baía de Ha Long

Localizada no litoral norte do Vietnam, é a mais conhecida baía e certamente uma das principais maravilhas naturais deste país. São três mil ilhotas de rocha calcária que se levantaram de forma impressionante das águas do mar e a maior parte das ilhas não está habitada.

As autoridades locais já tomaram algumas medidas, restringindo o número de ilhas nas quais os barcos podem atracar, fazendo com que a maioria dos turistas navegue sempre pelas mesmas ilhas e realizam paradas nas mesmas cavernas, como a Han Sung Sot.

Além disso, depois de alguns acidentes ocorridos com barcos que tinham muitos estrangeiros a bordo, o governo vietnamita aprovou uma lei em 2016 que determina que os turistas na Baía de Ha Long agora só terão permissão de ficar dentro das cabines durante o passeio, ou seja, não poderão mais apreciar a vista dos decks/convés dos navios. Ou seja, talvez o melhor do passeio não poderá ser feito e pode afetar o número de turistas na região.

Coliseu de Roma (Itália)

Os entornos do Coliseu são extremamente tumultuados

Maior e mais famoso símbolo do Império Romano e uma das 7 novas maravilhas do mundo moderno, o Coliseu era um enorme anfiteatro reservado para combates entre gladiadores contra outros seres humanos ou gladiadores contra animais selvagens. O Coliseu foi o segundo sítio arqueológico mais visitado do mundo em 2015 e 2016 (perdendo apenas para a Grande Muralha da China), com mais de 6 milhões de visitantes.

Para facilitar o acesso da população ao centro histórico e valorizar a cultura, a cidade de Roma já proibiu a circulação de carros na região dos pontos turísticos da cidade. Além disso, pelo site do Coliseu, com taxa de serviço on-line, o ingresso sem horário agendado no Coliseu tem o limite de visitantes de 3 mil pessoas/dia.

Confira o texto completo em O Viajante

Por Giscard Stephanou, do site O Viajante