Brasileiros são um dos imigrantes mais qualificados na Austrália
“Brasileiros são o grupo de imigrantes com mais universitários na Austrália “, revela o professor Eduardo Picanço Cruz, da UFF (Universidade Federal Fluminense), do Rio de Janeiro, em uma pesquisa sobre as viagens do Brasil para o país oceânico. “Nós estamos surpresos em descobrir isso”, completou ele em entrevista ao portal australiano SBS.
O principal objetivo do estudo era revelar as razões para a imigração de brasileiros já estabilizados na Austrália, muitos deles após períodos de intercâmbio na Oceania. O método consistiu em pesquisas conduzidas com 610 imigrantes do Brasil já vivendo em território australiano.
Baseado em estatísticas do censo australiano de 2011, a pesquisa mostra que, entre os imigrantes que já possuem diplomas universitários, os brasileiros estão à frente em relação ao volume de imigrantes total na Austrália. Se MBAs, mestrados e doutorados são incluídos, o Brasil possui o quarto grupo imigrante mais qualificado do país, atrás apenas de Bangladesh, Índia e Nepal –países asiáticos relativamente mais próximos geograficamente.
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“Estudos recentes mostram que os imigrantes brasileiros preocupados com seus níveis educacionais têm crescido ano a ano. Os resultados da população estudada mostram que 82,6% daqueles que foram a Austrália possuíam um bacharelado ou estavam cursando um nível terciário, incluindo MBAs, mestrados ou doutorados”, explica Cruz.
Aliado ao fato de que 56,9% desses imigrantes possuem idades entre 21 e 30 anos, Cruz sugere que o país está “perdendo mentes”. “Eles são jovens mentes que estão começando suas carreiras e deixando o Brasil porque não veem perspectivas vigorosas no país”, diz ele.
A porcentagem de brasileiros qualificados na Austrália supera até mesmo a taxa dos nativos: em termos de diplomados, eles são 57,45% contra 18,88% de australianos com o mesmo nível educacional. Essa realidade foi constatada pelo brasileiro Juliano Mendes, que passou um ano vivendo em Sydney enquanto estudava Biologia na New South Wales University. “Todo mundo que eu conheci do Brasil estava terminando um curso universitário ou se preparando para começar um mestrado”, explica.
“Os brasileiros saem do país já sabendo quais universidades desejam estudar, o que querem pesquisar, quais professores preferem, etc. O fato de algumas das principais faculdades australianas estarem entre as melhores do mundo atrai esses estudantes”, completa.
“Vale ressaltar que, quando nós consideramos o número de mestres e doutores que imigraram para a Austrália, o Brasil ocupa a 36ª posição. Por outro lado, observando a porcentagem de mestrados e doutorados, o Brasil ocupa o 16º lugar entre as nacionalidades estrangeiras vivendo na Austrália”, continua Cruz.
No geral, o grau de educação entre os entrevistados estava acima da média, em comparação com australianos ou outros imigrantes.
Hoje em dia, Austrália e Canadá são os destinos favoritos de jovens imigrantes brasileiros. Além de permitir aos estudantes que trabalhem metade do tempo durante seus períodos de estudos, o país oceânico ainda oferece um padrão de vida excepcional combinado com um estilo de vida agradável.
Para além disso, como muitos entrevistados declararam, o “clima quase brasileiro” se torna uma vantagem competitiva da Austrália em relação ao Canadá. Maiores fatores influenciam a decisão do imigrante, como o intercâmbio de programas universitários ou períodos de aprendizado da língua inglesa.