Cresce o número de intercambistas brasileiros na Austrália

Um dos destinos turísticos mais procurados do mundo, a Austrália se tornou nos últimos anos também um destino comum de brasileiros interessados em aprender inglês em um local de língua nativa ou cursar uma graduação nas universidades do país.

O crescimento significativo de chegadas de estudantes do Brasil já foi notado pelas empresas australianas, que começaram a investir em programas de incentivo e roteiros alternativos que mesclam as obrigações educacionais com o potencial de lazer da região.

Brisbane é um dos destinos preferidos dos intercambistas brasileiros na Austrália.
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Brisbane é um dos destinos preferidos dos intercambistas brasileiros na Austrália.

Segundo Vinícius Barreto, CEO da Australian Centre, agência de intercâmbio para a Austrália, houve um aumento de 30% no número de estudantes brasileiros procurando instituições de ensino na ilha oceânica entre 2015 e 2016. Em média, a cada ano, a taxa de viagens aumenta em 20%.

“Os brasileiros entenderam que é inteligente aproveitar o momento que o país vive e se qualificar no exterior, principalmente para voltar mais competitivo ao mercado de trabalho nacional. Quando a economia retomar e os empregos voltarem ao patamar que estavam, eles estão mais qualificados”, argumenta.

Os dados da empresa indicam que as cidades mais procuradas pelos brasileiros são Sydney e Brisbane, na costa leste, e Perth, na costa oeste. Em média, o período de estadia deles é de seis meses. Ainda que tenha tido um crescimento significativo no número de estudantes de graduação em universidades do país, a maioria dos que viajam do Brasil à Austrália buscam aprimorar o inglês.

Vista da baía de Sydney com o icônico prédio da Ópera House ao fundo
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Vista da baía de Sydney com o icônico prédio da Ópera House ao fundo

Os números da Australian Centre refletem as estatísticas do governo australiano sobre a chegada de visitantes estrangeiros ao país: entre junho de 2015 e o mesmo mês de 2016, 43,9 mil brasileiros viajaram à Austrália, figurando no grupo das 16 nacionalidades que mais chegaram à nação oceânica no período.

Juntos, eles deixaram 300 milhões de dólares australianos durante as viagens. Entre junho de 2014 e o mesmo mês de 2015, foram 46,4 mil brasileiros que gastaram aproximadamente a mesma quantia no país. Os números são significativos se levar em conta que, até os anuários de números do turismo de 2013, o Brasil sequer aparecia nos dados de chegadas do governo.

Em abril deste ano, a Austrália recebeu 4,2 mil brasileiros, um aumento de 27% em relação ao mesmo mês de 2016, quando 3,3 mil cidadãos do Brasil viajaram para o país. Em março, foram 5 mil brasileiros, um aumento de 28% em relação a 2016.

Segundo dados de agências de intercâmbio, número de estudantes do Brasil cresceu 30% entre 2015 e 2016
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Segundo dados de agências de intercâmbio, número de estudantes do Brasil cresceu 30% entre 2015 e 2016

No anuário do período de 2011/2012, a Austrália imaginava o Brasil como um país em “rápida emergência” econômica e, assim, um possível mercado de atuação dos programas de incentivo do governo.

O Vietnã e a Argentina eram outros países na mesma categoria que apareceriam como projeto de incremento ao mercado turístico visando o ano de 2020. No caso brasileiro, aparentemente, o sucesso chegou antes. “A melhora na economia brasileira aconteceu antes do que eles esperavam”, diz Barreto.

A jornalista Thaís Yamashita, 30 anos, viveu por dez meses na Austrália em 2009 para estudar inglês e trabalhar. Durante o período, morou na cidade de Perth, na costa oeste, e em Sidney, principal metrópole do país. Ao contrário dos dados, ela diz que sempre percebeu uma intensa movimentação de brasileiros nas escolas australianas mesmo naquela época. “Lembro que quando fui à agência escolher a cidade que moraria na Austrália, me aconselharam a não ficar em Gold Coast, na costa leste, porque era um lugar repleto de brasileiros e, portanto, não aprenderia o inglês. Fiquei com medo de não vivenciar a cultura local e continuar me relacionando em português”, conta.

“Decidi ir para Perth, mas mesmo lá tinha uma comunidade grande do Brasil. Fui convidada diversas vezes para ir em uma balada de brasileiros e, em Sidney, já funcionavam restaurantes que vendiam feijão, churrasco e outros pratos típicos daqui”, completa.

Em abril deste ano, uma grande agência de viagens australiana realizou seu primeiro grande workshop sobre turismo no país em São Paulo, reunindo cerca de 100 operadoras de intercâmbios brasileiras. No evento, expositores de 14 regiões da Austrália apresentaram seus destinos, produtos, oportunidades e serviços turísticos. A expectativa é de realizar outros eventos do mesmo porte nos próximos anos.