Dicas para evitar roubadas nas conexões aéreas no Chile
Viajar do Brasil para destinos remotos do Chile requer, obrigatoriamente, fazer uma conexão em Santiago.
Seria apenas uma inocente troca de aeronave, antes de seguir para endereços chilenos como o Atacama ou a Patagônia. Seria, mais não vai ser.
Só para você ter uma ideia, nas duas últimas vezes que embarcamos para território chileno, o mesmo problema: a companhia aérea deu como opções conexões com intervalos curtos e insuficientes para que fosse possível seguir viagem na próxima conexão.
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Resultado: dois voos perdidos e muitas horas de espera até o embarque seguinte.
Neste guia, você confere dicas para evitar roubadas na hora de voar no Chile:
Embarquei em Guarulhos com destino à capital chilena, às 9h, com chegada prevista às 13h20.
Já em território chileno, eu deveria embarcar às 14h45 em um voo com destino a Porto Montt, o último trecho aéreo dessa viagem.
Deveria, mas não embarquei.
Não que eu não tenha corrido por corredores longos para compensar a conexão curta de pouco mais de uma hora de diferença.
Mas antes de me sentar no assento 27C do voo seguinte, eu ainda tinha que passar pela imigração, retirar as malas para fazer um novo check in e passar por um controle de raio-x do Ministério da Agricultura.
Ainda que o check in feito em Guarulhos já tivesse garantido etiquetas para o destino final (Porto Montt) e até bilhetes de embarque, eu deveria fazer tudo de novo.
Quem desembarcou no Aeroporto Internacional Comodoro Arturo Merino Benítez, em Santiago, nos últimos meses, sabe que o terminal é sempre lotado e que uma ampliação nas instalações tem deixado a situação ainda mais caótica.
Resultado, perdi o voo seguinte.
– Mas por que vocês vendem passagens com conexões tão curta? – indaguei à mocinha do check in, em Santiago.
– Isso não é problema nosso. É do departamento de vendas – devolveu a atendente com a mesma delicadeza de um maciço rochoso de Torres del Paine.
E completou: “O único que posso fazer é remarcar seu voo sem custos no voo que sai às 20h17”.
Seriam sete horas de espera e a sugestão da moça bateu na minha cara como um golpe forte de vento patagônico, em temporadas ventosas.
Em 2016, viajando com a mesma companhia para Temuco, a jornalista que ia na mesma viagem e eu também perdemos o voo seguinte pelo mesmo problema: conexões curtas em um aeroporto caótico que não tem opção de fazer controle de imigração sem que o passageiro tenha que voltar a fazer outro check-in.
Em outras palavras, conexões rápidas e eficientes só acontecem em aeroportos com logística alinhada com os horários ofertados pelas companhias aéreas.
2 – Saiba sobre seus direitos
Para as 7 horas em que fiquei plantado no aeroporto, a única compensação oferecida pela companhia aérea foi um voucher no valor de 7 mil pesos (algo em torno de US$ 11).
E só me deram porque a experiência anterior, na mesma empresa e no mesmo aeroporto, já tinha me ensinado a pedir o infame cartãozinho com pouco mais de R$ 37 de crédito.
Qualquer passageiro sabe que US$ 11 em um aeroporto mal dão para uma pizza com refrigerante, servida no balcão do lado de fora da sala de embarque. Sobretudo se a sua nova conexão demorará 7 horas para acontecer.
Segundo a ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil), a assistência deve ser oferecida, gradualmente, pela empresa aérea, de acordo com o tempo de espera.
São obrigações da empresa oferecer comunicação como internet e telefonemas (a partir de 1 hora de atraso), alimentação (a partir de 2 horas) e hospedagem (a partir de 4 horas).
– E como eu faço para avisar meu contato que não estarei em Porto Montt, às 16h30, para pegar meu transfer?
– É só usar a internet grátis do aeroporto, senhor – me recomendou o supervisor do balcão de vendas da companhia aérea.
– Mas a internet do aeroporto não está funcionando – devolvi.
– Fica parado bem ao lado daquela placa de WIFi que você consegue.
E mais uma vez outra ráfaga de vento andino deu na minha cara.
3 – Não discuta e registre tudo
Além de voar para Porto Montt, em um voo de quase 2 horas, eu ainda teria que rodar outras 3h30, além de cruzar uma balsa, para chegar ao meu último destino.
E quando, inocente, relatei isso para o supervisor, ouvi, incrédulo:
– Se você precisa chegar em Castro, deveria ter comprado uma passagem para lá e não para Porto Montt.
Os discursos dos funcionários da companhia aérea, tanto em solo como nas aeronaves, são, perfeitamente, alinhados. Todos estão preparados para responder: “Isso não é problema nosso.”
É como ouvir que o problema é do passageiro que escolheu voar com aquela companhia aérea.
Por isso, não discuta, reúna todas as provas que tiver (bilhetes remarcados, fotos de celular do painel e vídeo, em áreas permitidas) e procure orientação jurídica, ao voltar para o Brasil.
4 – Se quiser comer, não sente na metade do avião
Eu só chegaria no meu hotel à 1h30 da madrugada do dia seguinte, depois de ter começado o périplo em um check-in às 6 da manhã, do dia anterior. Mais cinco horas nessa brincadeira, e eu teria chegado na Austrália.
Para compensar as horas de voo, aceitei comprar um lanche de 205 gramas por 4 mil pesos chilenos (cerca de 6,5 dólares).
Eu ia na metade do avião, em uma saída de emergência.
– Senhor, não temos mais essa opção – avisou a comissária com um sorriso desconcertado no canto da boca.
E a opção de refeição que ela me ofereceu foi um muffin doce com café ou chá, por 2.500 pesos chilenos, ou salgadinhos embalados em pacotinhos ruidosos.
Pedi para chamar a chefe de cabine para registrar minha indignação por nunca haver opções (pagas, que fique bem claro) para quem não se senta nas extremidades do avião, onde costumam ter início os serviços de bordo.
Se você é um leitor atento, já sabe qual foi a resposta dela:
– Não temos nada a ver com isso. Quem se encarrega de abastecer o avião é outra empresa. O que você quer que eu faça a 35 mil pés de altura?
Abre a porta do avião que eu quero descer. Vou seguir viagem de ônibus.
5 – O que estava ruim pode ficar ainda mais caprichado
O voo de Santiago para São Paulo deveria sair às 21h55, no dia 9 de março, com chegada prevista em Guarulhos, à 1h50 da manhã seguinte.
Mas, como o que já está ruim pode ficar ainda pior, a aeronave ficou retida em Mendoza (dizem) e o novo voo só sairia às 2h30 da madrugada do dia 10 de março.
Adivinha o que foi oferecido nessas 4h35 de atraso?. Quem já é experiente e insiste em voar com a empresa – muitas vezes por falta de opção – já sabe: um cartãozinho com 7 mil pesos chilenos de crédito.
Resumindo: o Chile é lindo e merece muito mais do que uma visita. Mas, infelizmente, é atendido por uma companhia aérea com serviços sofríveis que, de acordo com o destino final, pode ser a única opção de voo.