Ficou mais caro viajar com milhas? Saiba usá-las de outras formas
As milhas aéreas podem ser vendidas e transformadas em dinheiro vivo, que volta para o bolso do consumidor
Em um ano, a quantidade média de milhas para comprar passagens aéreas subiu 17%, segundo levantamento da plataforma MaxMilhas.
Por exemplo, para viajar entre São Paulo e Rio de Janeiro em maio de 2021 era necessário, em média, seis mil milhas. No mesmo período de 2022, é preciso mais de 10 mil, aumento de cerca de 70%.
Essa alta é reflexo do salto no valor das passagens aéreas motivado, principalmente, pelo aumento do combustível. Ainda de acordo com o levantamento da MaxMilhas, a variação foi de 35% para viagens nacionais e 30% para internacionais, apenas entre janeiro e abril de 2022.
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O aumento nos preços também chegou às passagens emitidas com milhas aéreas, o que pode desestimular os consumidores e levar a um aumento de milhas expiradas por falta de uso.
O percentual de pontos e milhas expirados subiu 1,2% no último trimestre do ano passado, em relação ao mesmo período de 2020, saltando de 14,4% para 15,6%. Na prática, isso representa dinheiro jogado fora, uma vez que os pontos e milhas são pagos direta ou indiretamente pelos clientes.
Os programas de fidelidade
Muitos consumidores pensam que milhas aéreas são apenas uma bonificação pelo uso do serviço de uma companhia, mas não é bem assim. O acumulo de milhas (pelos programas de fidelidade) ou pontos (pelos bancos e operadoras de cartão) representa um modelo de negócio bastante lucrativo para as empresas.
Os programas de fidelidade vendem as milhas e pontos para as companhias aéreas, bancos e varejo. Quando os clientes dessas empresas adquirem seus produtos e serviços, tais pontos e milhas são transferidos ao usuário, mas sempre mediante cobrança de taxas e sobrepreços não necessariamente percebidos, por serem muitas vezes embutidos no valor final do produto comprado. Por isso, se as milhas são adquiridas pelo consumidor, devem ser consideradas um bem e podem ser usadas de diversas formas, desde a troca por passagens e produtos, ou até mesmo sua venda, gerando renda extra.
Segundo dados mais recentes da Associação Brasileira das Empresas do Mercado de Fidelização (ABEMF), 97,1 bilhões de pontos/milhas foram emitidos no quarto trimestre de 2021, sendo que apenas 4,8% foram adquiridos pelas companhias aéreas para uso de seus clientes frequentes. Os bancos e o varejo foram responsáveis pela aquisição de 95,2% dos pontos/milhas emitidos pelos programas de fidelidade.
O que fazer com milhas acumuladas
Muitos brasileiros deixam escorrer pelo ralo esse bem por não acompanharem de perto a gestão de seus pontos e milhas. Muita gente também acredita que a única forma de os utilizar é através do resgate de passagens e produtos. Contudo, as milhas aéreas podem ser vendidas e transformadas em dinheiro vivo, que volta para o bolso do consumidor.
“Além de não deixar que elas expirem, o consumidor que vende suas milhas recebe o valor em dinheiro, o que pode contribuir para pagar contas, fazer investimentos, comprar itens e serviços ou usar em algum outro momento”, explica Rafael Palácio, gerente de negócios da MaxMilhas.
Apesar da alta no valor das passagens, na MaxMilhas, elas estão, em média, 37% mais baratas do que diretamente nas companhias aéreas.
Consumidor paga pelas milhas e pontos
As milhas são sempre cobradas do cliente que as acumula, seja através de taxas para uso dos cartões de crédito, de valor embutido nos preços de bens e serviços adquiridos, inclusive das passagens aéreas, ou mesmo pela compra de milhas ou assinatura de clube dos programas de fidelidade.
No cartão de crédito, os pontos/milhas são fornecidos como forma de estimular as compras por esse meio, mas seus custos estão inseridos nas taxas cobradas pelos bancos — repare que os cartões com melhores taxas de conversão de pontos são justamente aqueles com anuidade mais cara ou que exigem valores mínimos de consumo mais alto.
As companhias aéreas também cobram, de forma indireta, pelas milhas que são “distribuídas” aos clientes viajantes — não à toa as tarifas mais altas são aquelas que oferecem mais milhas.
Os próprios programas de fidelidade das companhias aéreas comercializam e atribuem valor às milhas ao vender pacotes de assinatura ou mesmo lotes de milhas. Essas empresas também chegam a oferecer vantagens na conversão de pontos do cartão para milhas. Quando o consumidor solicita essa transferência, os bancos ou emissores dos cartões têm que comprar as milhas que seriam convertidas para o cliente, gerando receita, além de passar o controle (inclusive sobre a validade das milhas) para o programa.
Sendo assim, o consumidor sempre estará pagando pelos pontos ou milhas e deve ter o direito de escolher como melhor utilizá-los, além de poder ter acesso às melhores informações que o ajudem nesse processo de decisão.