Geração Z e 50+ impulsionam turismo no Brasil no pós-covid
Grupo também preferem viagens mais curtas usando transporte terrestre
Estudo divulgado pelo Google mostrou que o número de pessoas que querem viajar cresceu 10% em relação ao período anterior à pandemia de covid-19. E o perfil desses viajantes surpreendeu: são jovens da geração Z (nascidos entre 1995 e 2010) e idosos da geração Baby Boomers (nascidos entre 1940 e 1960), das classes C, D e E e, em sua maioria, moradoras das regiões Centro-Oeste, Nordeste e Norte.
O aumento do interesse em viagens é puxado por brasileiros que, há três anos, não tinham o hábito de viajar, mas alimentaram essa vontade durante a pandemia e, neste ano, planejam pegar a estrada (+14%).
A Geração Z representou 28% desse público, e eles são, comumente, uma faixa etária que representa uma fração bem menor entre o grupo de viajantes habituais (15%). Os maiores de 65 anos –representados principalmente pela geração dos Baby Boomers– também se destacam: 7% dos novos viajantes são dessa faixa etária que, por outro lado, representa apenas 3% dos turistas recorrentes.
No recorte socioeconômico, o estudo revela a importância das classes C, D e E no reaquecimento do turismo brasileiro. Quatro em cada cinco novos viajantes (82%) pertencem a esses grupos. Entre os viajantes recorrentes, as pessoas com esse perfil socioeconômico compõem menos da metade (41%).
O estudo foi divulgado durante o evento Think Travel, que reuniu grandes empresas do setor de turismo na sede do Google Brasil, em São Paulo. A pesquisa entrevistou mil brasileiros com idade a partir de 18 anos, que são viajantes habituais ou pretendem viajar neste ano.
Além disso, a análise apresentada também recebeu o complemento de insights (ou percepções, em português) coletados a partir das pesquisas feitas por brasileiros na ferramenta de busca do Google no Brasil.
Menos mochila, mais família
Ao mesmo tempo em que um público de novos viajantes desponta no pós-pandemia, o número de mochileiros habituais que projetam viajar em 2023 caiu 4% comparado a 2019.
Essa queda, porém, é compensada por uma maior disposição entre os remanescentes desse grupo: 79% dos que pretendem viajar querem fazer com mais frequência do que antes da pandemia.
A frequência das viagens em família também deve crescer, em especial aquelas compostas por crianças de até 12 anos.
Comparando os destinos de maior desejo pré e pós-pandemia, o estudo aponta uma tendência de interesse pelo Nordeste brasileiro (crescimento de 9 pontos percentuais em relação a 2019), resorts e hotéis fazendas (+ 6 pontos percentuais) e cidades brasileiras com ecoturismo (+ 4 pontos percentuais).
“A vontade de explorar novos lugares após o confinamento imposto pela pandemia criou uma nova oportunidade para empresas do setor, com uma demanda superior aos níveis pré-pandemia”, afirma Aline Prado, líder de insights para o segmento de Viagens no Google Brasil.
Aumento na busca por hospedagem
As percepções do Google também mostram que o brasileiro saiu da pandemia mais preocupado com a hospedagem. O número de pesquisas por hotéis no buscador do Google quase dobrou (+97%) no Brasil no período de janeiro e fevereiro de 2022 em relação ao mesmo período de 2019.
Neste contexto, as buscas apontam tendências como o maior cuidado com a localização (as pesquisas por ‘bem localizado’ já cresceram 238% neste ano em relação a 2022) e decisões mais impulsivas (consultas por ‘hotéis perto de mim’ cresceram 412% no mesmo período).
Na contramão, o interesse por aluguéis de alta temporada e aluguéis de casas particulares por aplicativo estão menores do que em 2019.
Distâncias curtas e viagens terrestres
A análise dos dados de Busca revela ainda que o brasileiro está à procura de viagens mais curtas e em distâncias menores. Nos primeiros meses de 2023, as consultas por viagens de 3 dias cresceram 130% em relação ao mesmo período de 2022.
No mesmo período, também cresceram 156% as buscas por rotas de até 250 km – por outro lado, rotas com mais de 3.500 km caíram 77%.
Distâncias curtas levam a uma maior procura por transportes terrestres. Isso é comprovado pelo aumento das pesquisas por viagens de ônibus (+26%) e aluguéis de carros (+44%), na comparação com 2019.
Por outro lado, as pesquisas por passagens aéreas, apesar de registrarem queda de 3% no período analisado, estão chegando aos mesmos patamares do período pré-pandemia pela primeira vez.
“As viagens terrestres são a bola da vez”, afirma Débora Bonazzi, head de negócios para o segmento de Viagens do Google Brasil. “Mais do que mostrar que a demanda por viagens está aquecida no Brasil, os dados deixam claro que há uma oportunidade de diversificação de negócios para as empresas do setor.”