Hotel no Chile fica na linha divisória entre ‘dois mundos’
Por Heitor e Silvia Reali
Um lugar fora do comum –a 70km de Santiago– me levou a dois mundos distintos. Ok, estava no Chile com sua geografia louca e com paisagens inusitadas para brasileiros. Mas ali parece que a mão divina depois de acariciar as terras férteis do vale do rio Maipo, onde se produzem alguns dos melhores vinhos chilenos, em seguida abandonou à sorte as montanhas rochosas do Valle Lo Valdés.
No meio dessa diversidade ecológica fica o El Morado Mountain Lodge. Escolhi esse hotel, não apenas por estar nessa linha divisória, mas pelo conforto, hospitalidade e ser ponto de partida para conhecer cada uma dessas regiões.
A visão do glacial Morado, ao amanhecer, diante da janelona do meu quarto, com uma pincelada de luz laranja no seu topo, me provocou a ideia de brindar a chegada a esse país visitando as vinhas de Maipo. Estas se espalham entre pequenos povoados situados a 400 a 800 metros abaixo (o hotel está a 1.800m). Saindo do hotel virei à esquerda e parti para uma pequena lição de degustação de vinhos.
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Viajar para o Chile e não provar uma taça de vinho é impensável. Conhecer então as vinícolas dessa região abençoada pela natureza é melhor ainda. Foi ótima oportunidade para mim entrar nesse universo de sabores, aromas, cores e nuances.
São muitas as vinícolas do rio Maipo, mas dei preferência pela Concha y Toro, no povoado de Pirque, uma das mais antigas do Chile. Outra foi a Santa Rita, cuja sede em arquitetura colonial espanhola é Monumento Nacional, pois sua antiga proprietária foi heroína da Guerra de Independência.
Palestras e degustações não faltam nessas vinícolas pra aqueles que querem aprofundar seus conhecimentos no mundo de Baco, enquanto apreciam belos goles de vinhos branco, rosé e tinto.
A cada gole, uma pausa. Após cada pausa, muitos comentários. Ao fim dos comentários, algumas anotações. Considerações feitas, cada degustador deu seu parecer e nota para cada vinho, levando em conta a acidez, intensidade, visual, as borbulhas e o olfato.
O resultado despertou ainda mais minha curiosidade sobre os vinhos, e saí de lá com a ideia fixa não de me tornar um sommelier (são necessários vários anos e cursos), mas sim um bom apreciador de vinhos.
Não existe meio termo quando o assunto é natureza no Chile. No segundo dia, virei à direita ao sair do El Morado Lodge e já estava num mundo de montanhas rochosas com paisagens de mil tons de cinza e de ocre. 360º de rochedos e penhascos, onde vi claramente boa parte da formação geológica da Terra. Algumas paredes de pedra guardam as impressões digitais da água, das ondas, das movimentações das placas tectônicas, das erupções vulcânicas e até de pegadas de dinossauros no fundo arenoso de um lago.
Foi nessa natureza que parti para um dos melhores trekkings que já fiz: chegar na base do vulcão San José, e na volta me esbaldar nas piscinas naturais de águas quentes de Termas de Colina.
Caminhei sobre pedras e mais pedras soltas numa subida ingreme e precisei utilizar bastões e assim evitar que uma queda estragasse o passeio. Naquele silêncio só ouvi o tek-tek-tek dos bastões se fixando na terra e às vezes o som forte do vento que repercutia harmoniosamente pela boa acústica dos paredões rochosos. Total isolamento.
A chegada à base do vulcão, depois de três horas de caminhada, foi baita surpresa. As pedras deram lugar a uma planície verde e aquosa que formava um campo fértil utilizado pelos pastores locais para seus animais, gado, ovelhas e cavalos. Acima, o cume nevado do vulcão que dizem estar adormecido. Não sei não, pois as nuvens em cima do seu cume bem podiam ser confundidas por fumaça!
Na volta do trekking, peguei a estrada que contornava paredões rochosos, alguns cobertos de neve, até chegar nas Termas de Colina. E aí mais uma surpresa. Não foi uma bela surpresa encontrar naquele espaço rude, áspero e primitivo, uma série de cinco piscinas naturais? Encravadas num penhasco que descem em terraços pela encosta, cada uma com temperaturas diferentes.
Em comum a cor da água azul topázio e a sensação de euforia de estar naquele lugar. E mais, naquela hora em que o sol começava a desaparecer atrás das montanhas, e deixava sua marca num céu incendiado. Deslumbrante.
Retornando ao hotel com a noite clara deu ainda para ver lá no alto as cores alaranjadas de algumas nebulosas. Naquele momento pensei: bons companheiros, Chile e aventura ficam mais unidos do que nunca no El Morado Mountain Lodge.
Importante lembrar
Durante nosso trekking um dos companheiros levou um tombo, nada grave, mas e se tivesse sofrido uma torção ou algo mais sério? Por isso um seguro viagem – sempre necessário e importante – só é lembrado quando precisamos dele. Cancelamentos de voos, atrasos, perda de bagagem são apenas mais alguns itens que podem transformar sua viagem num pesadelo. Antes de viajar considere fazer uma cotação, você vai se surpreender com o baixo custo, e as muitas vantagens de um bom seguro.