Hotel Watergate: quarto revive escândalo político dos EUA
Episódio de espionagem que terminou com renúncia do presidente Nixon é mais que o tema de uma suíte em Washington
O norte-americano tem a capacidade de transformar tudo em atração. Até os próprios problemas. Nem um dos maiores escândalos políticos da história dos Estados Unidos escapou disso. O caso Watergate, que há 50 anos culminou na queda de Richard Nixon, único presidente do país a renunciar ao cargo, é tema de um quarto de hotel em Washington.
Quem se hospeda na suíte 214 do Hotel Watergate, na capital norte-americana, volta no tempo até 1972, ano em que ocorreu a invasão à sede do Partido Democrata, localizada no conjunto de edifícios vizinhos.
Na madrugada de 17 de junho, cinco homens arrombaram o escritório com o objetivo de grampear telefones e fotografar documentos que pudessem favorecer Nixon, candidato à reeleição pelo Partido Republicano. Os bandidos se hospedaram no hotel, sendo dois deles no quarto 214, base para a ação do grupo, que terminou descoberto por um segurança e preso pela polícia.
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Nas paredes da suíte, quadros estampam as primeiras páginas de jornais e revistas que relembram os principais momentos desse episódio. A decoração inclui o pôster do filme Todos os Homens do Presidente, baseado nas reportagens de Bob Woodward e Carl Bernstein. O trabalho da dupla de jornalistas do Washington Post foi determinante para comprovar o envolvimento de Nixon, cuja renúncia só veio dois anos mais tarde.
Hotel polêmico desde a criação
Inaugurado em 30 de março de 1967, o Hotel Watergate é parte de um complexo de edifícios desenhados por Luigi Moretti. Conservadores torceram o nariz para as linhas curvas do projeto do arquiteto italiano, que desafiou a austeridade neoclássica característica dos prédios públicos de Washington.
As críticas não abalaram a reputação do hotel de luxo, onde artistas de Hollywood conviviam com congressistas, juízes da Suprema Corte e a elite da capital dos Estados Unidos. E o escândalo de 1972 colocou o nome Watergate definitivamente nos livros de história. Vendido e reformado diversas vezes, o hotel fechou as portas em 2007. Foram necessários cerca de US$ 200 milhões para restaurá-lo e deixá-lo próximo do projeto original.
Em junho de 2016, ele foi reinaugurado com 336 quartos, mas a suíte 214 só ganhou o aspecto atual no ano seguinte. A decoração dela contou com a ajuda de Lyn Paolo, figurinista de filmes e séries de TV, como Scandal, que trata dos bastidores do poder em Washington (nada mais apropriado, não?).
Além do mobiliário típico dos anos 1960/70, a suíte tem uma antiga máquina de escrever e um gravador de rolo sobre a escrivaninha vintage. Nesta acomodação exclusiva para maiores de 18 anos há espaços para a modernidade, como máquina de café Nespresso, lençol 300 fios, TV de 48 polegadas e amenities da marca italiana La Bottega. Uma curadoria de livros sobre personagens de Watergate e o escândalo estão à disposição no quarto.
A sede do poder aos pés dos hóspedes
Membro da Preferred Hotels & Resorts, associação de hotéis de luxo independentes, o Watergate tem um bar peculiar com paredes compostas por 2.500 garrafas de whisky suavemente iluminadas. Além de café da manhã, almoço e jantar, o restaurante Kingbird serve nos fins de semana um chá da tarde inspirado nos anos 1960. E um bar na cobertura, diante do Rio Potomac, proporciona visão do Kennedy Center e do Monumento a Washington no horizonte da cidade. A Casa Branca fica a 25 minutos de uma caminhada.
Para celebrar os 50 anos do escândalo de Watergate, o hotel oferece até 30 de junho de 2022 um pacote especial de hospedagem, que inclui amenities comemorativas, cocktail temático, café da manhã para duas pessoas e visita à suíte (conforme a disponibilidade). Ao custo sugestivo de US$ 1.972, a diária para dormir uma noite no histórico quarto 214 dá direito a tudo isso e ainda um par de roupões. Cortesia, eles podem ser levados para casa. Não vai ser considerado roubo.