Huaraz: uma viagem ao Peru muito além de Machu Picchu

De ruínas antigas a imensas lagoas em montanhas nevadas, Huaraz deslumbra viajantes de todo o mundo

Parada obrigatória para aventureiros de todas as partes do planeta, Machu Picchu aos poucos se tornou a “Disney Inca”. Embora tenha uma beleza indiscutível, seria um erro afirmar que uma viagem ao Peru se limita “somente” a esse Patrimônio da Humanidade.

Nem só de incas foi construído o passado do Peru, assim como nem só de Machu Picchu vive o turismo peruano. De oásis a florestas, de lagoas imensas a ilhas repletas de focas, esse país sul americano possui mistérios e belezas únicas, que encantam o olhar daqueles que têm complexo de Indiana Jones.

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Caminho para o Glaciar Pastoruri, no Parque Nacional Huascaran, na região de Huaraz, no Peru
Créditos: AlbertoLoyo/iStock
Caminho para o Glaciar Pastoruri, no Parque Nacional Huascaran, na região de Huaraz, no Peru

Um desses lugares, está a seis horas ao norte de Lima. A 3.000 metros de altitude, pouco conhecido pelos brasileiros, existe uma cidade que é capaz de dar a sensação térmica das quatro estações do ano em um único dia. Escutar a sonoridade de seu nome, agrada os ouvidos de quem tem sede por aventura: Huaraz.

Vista da laguna Laguna Llanganuco em Huaraz, no Peru
Créditos: Rafael pelo Mundo
Vista da laguna Laguna Llanganuco em Huaraz, no Peru

Basicamente, Huaraz é uma cidade que fica entre duas cordilheiras, a Blanca e a Negra. Para se ter uma ideia da altitude de Huaraz, basta compara-la com o local mais alto do Brasil, o Pico da Neblina, no Amazonas, que possui 2.995 metros de altitude. Somente a área urbana de Huaraz, com seus 3.052 metros de altitude, já está mais elevada do que qualquer ponto brasileiro, porém, nos 180 km de extensão da Cordilheira Blanca, as coisas ficam ainda mais altas, com montanhas que chegam a 6 mil metros de altitude. Mais do que o dobro do pico mais alto do Brasil.

Entre lagoas, ruínas e glaciares, esse distinto lugar, que possui em sua natureza diversos tons de azul, é famoso por encantar viajantes de todas as partes do mundo. Confira abaixo cinco dicas do que fazer em uma viagem a Huaraz:

Vista da Cordilheira Blanca
Créditos: Rafael pelo Mundo
Vista da Cordilheira Blanca

Visitar as ruínas Wilcahuain

Muito antes da colonização sul americana, antes mesmo do Império Inca, do ano 500 a 1.200 d.C., existia uma civilização que habitava a Cordilheira dos Andes, os huaris. O Estado Huari construiu centros arquitetônicos em diversos locais do território peruano, entre eles, em Huaraz. A poucos quilômetros da cidade, encontram-se as ruínas Wilcahuain.

Estrada que leva até o Glaciar Pastoruri
Créditos: Rafael pelo Mundo
Estrada que leva até o Glaciar Pastoruri

Localizada em cima de uma das montanhas da Cordilheira Negra, e dividida em dois sítios arqueológicos, as ruínas Wilcahuain eram os túmulos das múmias huaris.

Por se tratar de um local próximo a cidade, é possível alugar uma bicicleta e ir visitar as ruínas na base da pedalada. Só não se esqueça de levar bastante água e também remédios (ou chocolates) para evitar o mal da altitude.

Com as devidas precauções e cuidados (porque cá entre nós, cair por ali seria um tombo e tanto), devido a volta da trip arqueológica se resumir a uma imensa descida, o cicloturista pode arriscar um emocionante downhill.

Ruínas Wilcahuain, em Huaraz
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Ruínas Wilcahuain, em Huaraz

Se você gostar dessa viagem ao passado pela cultura huari, uma outra dica é visitar Chavin, também em Huaraz. Outro sítio arqueológico que foi escavado e descoberto graças às “pistas” contidas nos blocos de pedras das ruínas Wilcahuain

Cicloturismo até as Ruínas Wilcahuain
Créditos: Rafael pelo Mundo
Cicloturismo até as Ruínas Wilcahuain

Trekking da Laguna Llanganuco e Laguna 69

Um dos passeios mais famosos de Huaraz, é o trekking da Laguna Llanganuco e da Laguna 69. Trata-se de duas imensas lagoas, a mais de quatro mil metros de altitude, que se formaram pelas águas vinda do gelo derretido do pico da montanha.

Turistas nas ruínas Wilcahuain
Créditos: Rafael pelo Mundo
Turistas nas ruínas Wilcahuain

Devido a sua complexidade, o mais indicado é fazer o passeio das lagoas com uma agência de turismo. Existem diversas opções no centro da cidade.

O percurso é dividido em duas partes. A primeira, é a visita a Laguna Llanganuco, com suas águas azuladas, vista para as nuvens e paisagem que parece criada por meio de um sonho.

Na segunda, prepare-se para gastar a sola do tênis, pois se inicia um trekking de quase três horas até a Laguna 69.

Caminho até a Laguna 69
Créditos: Rafael pelo Mundo
Caminho até a Laguna 69

O caminho é ideal para apreciar as diferentes paisagens criadas pela fauna e flora da natureza local.

Após uma boa caminhada, a quase cinco mil metros de altitude, lá está ela, a Laguna 69.

A Laguna 69
Créditos: Rafael pelo Mundo
A Laguna 69

Da lagoa é possível se escutar o eco das avalanches que ocorrem pela Cordillera Blanca. Caso você tenha sorte, existe também a chance de presenciar um fenômeno que lembra uma tempestade de neve, mas na verdade é o gelo que se desprende do pico da montanha e flutua pelo ar.

Chuva de gelo na Laguna 69
Créditos: Rafael pelo Mundo
Chuva de gelo na Laguna 69

Conhecer o Glaciar Pastoruri (enquanto ele ainda existe)

Localizado a cinco mil metros de altitude, encontra-se o Glaciar Pastoruri, uma das poucas geleiras que restam nas áreas tropicais da América do Sul.

O glaciar fica a 71 km de Huaraz, a aproximadamente duas horas da cidade. Além de sua beleza, existe um outro motivo para se conhecer o Pastoruri. Devido ao aquecimento global, a geleira diminui 20 metros a cada ano, e a previsão é de que ela não exista mais em 2030. Se antes as pessoas podiam andar pela geleira, e até esquiar por ali, hoje, essa visita é limitada por uma corda, e resta aos viajantes apenas admirar o glaciar a distância.

Cacto gigante que fica na região do glaciar Pastoruri
Créditos: Rafael pelo Mundo
Cacto gigante que fica na região do glaciar Pastoruri

Um outro ponto bacana desse passeio, é o caminho até chegar ao Pastoruri. Repleto de paisagens bucólicas, o trajeto envolve diversas atrações, como lagos multicoloridos de água gasosa, pinturas rupestres e cactos gigantes.

Escalar os paredões de Huaraz

Com tantas montanhas, não é de se admirar que Huaraz seja um paraíso para alpinistas. Uma boa opção do que fazer, é dedicar um dia de sua viagem para escalar alguns paredões.

Rapel pelos paredões de Huaraz
Créditos: Rafael pelo Mundo
Rapel pelos paredões de Huaraz

Para fazer esse passeio com segurança, você pode encontrar diversas opções pelas agências de turismo no centro da cidade.

Passear pelas ruas da cidade

Com uma população receptiva, uma boa opção de atividade em Huaraz é passear pelas ruas e conhecer seus moradores.

Morador de Huaraz
Créditos: Rafael pelo Mundo
Morador de Huaraz

Uma das peculiaridades que torna o lugar ainda mais mítico, foi o fato de ter sobrevivido ao terremoto de Ancash, que ocorreu em 1970. O desastre natural mais catastrófico da História do Peru.

O terremoto destruiu 97% da cidade, e hoje, praticamente toda a área urbana foi reconstruída.

Praça de Huaraz
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Praça de Huaraz

Em conversa com as pessoas, é possível se ouvir histórias dignas de roteiros cinematográficos. Tanto sobre alpinistas que ficaram na vertical por mais de três dias, em escaladas intermináveis, quanto também de todo o misticismo e lendas que contém a cultura indígena local, enraizada até hoje nos hábitos e costumes do seu povo.

Moradora em um bar de Huaraz
Créditos: Rafael pelo Mundo
Moradora em um bar de Huaraz

Huaraz é um destino imperdível para quem visita o Peru, e pode trazer a aventureiros e aventureiras de todas as partes do planeta momentos que um dia serão descritos como “mágicos”.

Texto e fotos de Rafael Pelo Mundo