Neuquén, na Argentina, é pé na estrada em qualquer época do ano
Destino é para se conhecer nas quatro estações do ano com atividades bem distintas
Tem hora que a gente precisa de uma viagem na veia, e a adrenalina é Neuquén, na Patagônia argentina.
Quando a gente não conta as boas descobertas, as conquistas permanecem desconhecidas. Por isso compartilho Neuquén, destino para se conhecer nas quatro estações do ano com atividades bem distintas.
E o que tem essa Província argentina de tão especial? Começo dando algumas pistas: em novembro do ano passado, nas águas do rio Aluminé, se realizou o Campeonato Mundial de Rafting. Em março desse ano, Neuquén sediará a primeira etapa do Mundial de Motocross. E por que a escolha desses eventos de aventura recaiu sobre essa região? Porque a natureza dali não é coadjuvante, é protagonista principal.
Uma trilha para o novo, sem tirar os olhos das paisagens desconhecidas, assim defino minha viagem pela região de Neuquén. A primeira parte da viagem foi o prazer da curiosidade de conhecer os gigantes argentinos, muitos deles considerados os maiores dinossauros já encontrados no planeta.
Na pequena cidade de Plaza Huincul, 107 km da capital, se encontra o Museu Carmen Funes. Ali estão o fóssil do Argentinosaurus huinculensis, com 30 metros de comprimento, 16 de altura e pesando ao redor de cem toneladas. Até pouco tempo atrás o número 1 desses colossais quadrúpedes. A surpresa maior foi meu encontro com o Giganotosaurus carolini, equivalente sul-americano do T.rex. Só que, com 14 metros de comprimento e pesando oito toneladas, rebaixa os tiranossauros americanos a categoria pesos-penas se comparados ao argentino.
Dali, em plena ação começo a deixar o deserto patagônico, enorme e enigmático. Uma paisagem fossilizada que foi deixada para trás pela evolução do mundo. De vez em quando surge nele um oásis formado por casinha rodeada de álamos, ou lagoa, ou ainda um rio prateado serpenteando as areias monocromáticas. Depois de 200 km, vislumbro uma sucessão de cenários cativantes, insubstituíveis. Estou me aproximando de Villa Pehuenia, quase fronteira com o Chile, e hoje uma das novas capitais argentinas de aventura.
Percebo que este não é um lugar comum. As trilhas ao redor do povoado são ponto de encontro para cavalgadas, trekkings e para montanhistas. Os lagos Moquehue e Aluminé e seu rio de águas raivosas são os preferidos para os esportes aquáticos, nos quais sobressaem a canoagem e o rafting. No inverno, o boom se concentra no vulcão Batea Mahuida, e seu Parque de Neve, considerado um dos melhores para o esqui em família da Argentina.
De Villa Pehuenia há duas opções para continuar a viagem. Seguir a direção norte para Caviahue ou Copahue, ou o sul para Villa Angostura, ambas tendo a cadeia montanhosa dos Andes ao seu lado.
Porém se for inverno, não há escolha, a direção certa é o norte, onde a neve bate, literalmente, às portas. De volta a Idade do Gelo. Foi assim minha primeira impressão quando cheguei em Caviahue, cercada de montanhas pontilhadas de araucárias.
A localização da vila não poderia ser melhor, ao lado de um lago que reflete a luz do dia, ou da lua quando cai a noite. É neste contexto geográfico que a aventura começa. Ali se encontram todo tipo de acomodações: hotéis com arquitetura e design modernos, hosterias, apart hotéis e chalés. Em todos, reina a gastronomia típica argentina sempre acompanhada pelos vinhos emblemáticos – malbec ou torrontés.
Todos os esportes de neve estão à disposição ali: esqui, snowboard, trenó puxado por cães, moto de neve, patim sobre gelo e até mesmo o passeio para alcançar a cratera do vulcão Caviahue, em veículo equipado com esteiras. Vale a pena uma chegada em Copahue, a 17 km da vila, para conhecer as termas de águas sulforosas e suas fumarolas.
Outro esporte a considerar é o sledge (trenó), ou seu primo rico o skeleton que se faz deitado de bruços. Mais do que esporte é uma travessura, antídoto ao stress. Descer encostas nesses trenós conduz ao túnel do tempo e faz voltar à infância. Não por menos o último cartoon da série “Calvin e Haroldo”, de Bill Watterson, termina com os dois voando num trenó, gritando “vamos explorar!”.
Já, o outono em Villa La Angostura é uma experiência infinita das árvores que nessa estação do ano se revestem de folhas em tons amarelo, carmim e até rosa, e pelo sol ameno com temperatura fresca e agradável.
Para entrar no clima, aluguei uma bike e fui direto ao coração da vila. Na rua principal ficam as boas lojas de roupas esportivas, e o centro de viajantes que oferece mapas e opções de passeios. Me abasteci de chocolates artesanais, e saí pedalando para ver o ‘menor rio do mundo’, o Correntoso –da nascente a foz são apenas uns 200 metros. No dia seguinte encarei subir a cavalo até o topo de uma das montanhas. O percurso é de puro encantamento, cruzei um bosque com árvores centenárias onde o silêncio total me impressionou até mais do que as coiuhes, lengas e ñires, árvores típicas dali.
Se você curte pesca esportiva está no lugar certo pois, as águas geladas e cristalinas dos rios são criadouros de trutas arco-íris, marrom e a fontinalis. Mas, preferi alugar um caiaque para navegar nas águas do lago Nahuel Huapi, nome que significa Ilha do Jaguar no idioma dos mapuches, os primeiros habitantes dali.
Ser original no terreno de viagens é um desafio e tanto, ainda que a natureza desse universo seja propícia para os que pensam fora da estante. Como despertar para o novo? Neuquén, em geral, tem boas respostas.
Considere quando ir
Em Neuquén, capital
Hotel Suizo: excelente localização, ao lado das praças principais da cidade. Confortável e com bom café da manhã.
Em Villa La Angostura
Sol Arrayan Hotel & SPA: excelentes acomodações em um hotel que privilegia a natureza
Onde comer
Tasca Restaurante Placido, Tel.: 0294-4495763
Restaurante Viejo Tiempos
Passeio a cavalo
Cavalgada del Tero, Tel.: 294.15.4510559
Em Villa Pehuenia
Em Caviahue
Hotel Ignea: hotel butique com vista privilegiada do lago
Por Heitor e Silvia Reali, do Viramundo e Mundovirado