Noruega: o caminho do troll e a história de Geiranger
A rota cênica norueguesa mais espetacular e o fiorde escandinavo que é uma das paisagens mais icônicas do planeta
Um dos países que compõem a Escandinávia, a Noruega é mundialmente conhecida por possuir um dos mais altos índices de desenvolvimento humano e por ser casa de umas das populações mais felizes do mundo.
Na década de 1970, quando descobriu o petróleo no mar do Norte, o país conseguiu angariar recursos para desenvolver uma das mais ricas economias da atualidade e tem o turismo como um dos mais fortes atrativos.
A Noruega é dona de locais belíssimos, que são ricos em histórias ancestrais do povo escandinavo e lendas folclóricas além, é claro, de ter um fiorde como patrimônio da Unesco com alto risco de tsunami iminente.
O nome da Noruega tem origem em línguas nórdicas antigas e significa “o caminho para o norte”. É também uma referência à localização geográfica norueguesa, que se situa no extremo norte europeu e também mundial. Parece longe, mas uma coisa que aprendi com a distância é que longe é um lugar que não existe e a caminhada sempre vale a pena.
O país está cheio de atrativos que devem ser considerados como rota principal de qualquer viajante, como a Trollstigen e o fiorde de Geiranger, que ficam a cerca de 8 horas de viagem, por terra, de Oslo, a capital norueguesa.
Uma sugestão é alugar um carro saindo da capital e partir para o norte em uma aventura única. Tudo que você precisa é de boas companhias, uma mochila equipada e sua playlist favorita de estrada para construir lembranças ao longo de um caminho inesquecível.
Trollstigen: o caminho do Troll
A Trollstigen (O Caminho dos Trolls, em norueguês), é a rota mais icônica do país, é um caminho curioso que fica a 67 km de Geiranger e que normalmente permanece aberta apenas entre maio e outubro.
A estrada se destaca por seus mirantes, cachoeiras e paredões rochosos encontrados numa sequência de onze curvas acentuadas. A estrada é fantástica e as curvas são surpreendentes. O cenário é de tirar o fôlego e até o motorista mais experiente vai precisar dobrar a atenção na hora de atravessar o caminho cheio de curvas e cachoeiras.
No passado, Trollstigen era uma importante passagem de transporte entre as aldeias Valldal e Åndalsnes. Quando a estrada abriu em 1939, não demorou muito para que se tornasse uma atração turística.
No topo dessa estrada cheia de curvas exóticas existem dois mirantes onde é possível enxergar as 11 curvas que formam a estrada, um denominado The Trolls Path Viewpoint, e o último chamado Plattingen.
O caminho a pé até os mirantes é feito em cima de passarelas. Lá de cima, os visitantes ficam aflitos e torcem pelos carros lá na estrada criando estratégias de caminhos e torcendo pelos veículos passarem sem nenhum problema em cada grande curva.
A rota é tão cênica que foi local de gravação da série de sucesso “Succession”, da HBO MAX. Na quarta temporada muitas cenas foram gravadas no país e podemos ver os irmãos Roy passando pela Trollstigen.
A lenda dos trolls
Porque caminho do troll? Além de todo esse belíssimo cenário, a Noruega também é lar de grandes histórias com personagens misteriosos e mitológicos que fazem parte das histórias folclóricas e contos infantis.
A verdadeira origem das histórias dos trolls é difícil de definir pois a maioria das lendas nórdicas eram contadas de boca a boca pelos antigos habitantes.
Mas o que se sabe até aqui é que os trolls são seres sobrenaturais, que gostam de viver durante a noite e se escondem em cavernas, montanhas ou florestas. Não são criaturas bonitas e nem inteligentes.
Diz a história que os trolls se transformam em pedra à luz do sol. A Noruega é um país rochoso, com muitos penhascos e fiordes e, por isso, dá a impressão de que é possível ver figuras humanas nas formações rochosas. Não precisa de muita imaginação para ver um troll camuflado no cenário que compõem a Noruega.
Fiorde de Geiranger
Geiranger é um povoado super charmoso, com uma minúscula população de pouco mais de 200 habitantes, e tem o turismo como sua principal fonte de renda. O local é cheio de história e beleza, agrada qualquer tipo de visitante, desde os que querem se hospedar em hotéis cinco estrelas até os que gostam de acampar.
Entre os meses de maio e setembro, período de alta temporada, é quando a vila fica mais cheia , mais de 300 mil turistas passam por lá e a maior parte dos visitantes chega de navio, pois, apesar de Geiranger estar a mais de 100 quilômetros da costa, possui o segundo maior porto de cruzeiros da Noruega e recebe cerca de 140 a 180 navios na alta temporada.
A beleza natural e impressionante de Geiranger atrai pessoas de todo mundo, e em 2005 a Unesco incluiu o Geirangerfjord em sua Lista de Patrimônios Mundiais, o que fez o lugar ganhar ainda mais fama e visitantes.
Tem algumas cachoeiras maravilhosas, como a famosa Cachoeira das Sete Irmãs. São sete riachos distintos que formam sete cachoeiras, a mais alta chega a 250 metros.
Os fiordes nada mais são do que imensos vales rochosos preenchidos pela água do mar e que foram esculpidos pelo descongelamento de geleiras com profundidade que podem chegar a várias centenas de metros.
Um fato curioso sobre o lugar é que o fiorde está o tempo todo sob observação de especialistas pois tem um grande risco de ter um “tsunami”.
O tsunami
A pequena aldeia de Geiranger está localizada no final do fiorde na foz do rio Geirangelva. A montanha Akerneset que está entrando no fiorde está o tempo todo sob observação por especialistas, pois tem grande risco de desabar.
A montanha tem uma fenda que se expande de dois a 15 centímetros a cada ano e geólogos estimam que se o deslizamento ocorresse, o impacto das rochas diretamente na água do fiorde causariam uma grande onda, um “tsunami”, cerca de 30 metros de altura, isso devastaria toda a costa em seu entorno.
A chance de o “tsunami” acontecer em Geiranger é dado como certo, não se tem uma ideia de quanto tempo vai demorar para que aconteça, mas a população já foi avisada que em qualquer sinal de alerta, os habitantes e quem estiver na vila, tem cerca de 30 minutos para conseguirem deixar o local.
O filme norueguês “A Onda” retrata o drama real que poderá acontecer ao vilarejo de Geiranger. É um filme de 2015 dirigido por Roar Uthaug. Representou a Noruega no Oscar de melhor filme estrangeiro em 2016.