Onde comer em Paraty: 5 restaurantes de estilos diferentes
De pescado fresco a massas, passando por influências indígenas, confira onde comer neste pedaço de litoral entre Rio e São Paulo
Muitos a identificam como o lugar ideal para quem tem fome de letras, atraídos por sua Festa Literária Internacional de quase duas décadas de realização. Mas onde comer em Paraty é um importante capítulo na viagem ao destino no litoral sul do Rio de Janeiro. Em 2017, ele recebeu da Unesco o título de Cidade Criativa da Gastronomia, atividade que tem engrossado o caldo de seu desenvolvimento econômico de forma sustentável e tem feito surgir ali restaurantes de diferentes estilos gastronômicos.
Expressa nos muitos endereços esparramados pelas ruas de pedra do centro histórico, a vocação para a boa mesa há tempos ultrapassou as correntes que cercam o trecho da cidade só para pedestres. Em espaços como a Fazenda Bananal, o caminho a ser seguido é um só: do campo à mesa, levando ao prato o que cresce em meio à Mata Atlântica. Já no Peró fica a estrada mais curta que liga Paraty à Amazônia, ao tempo de uma garfada.
Por toda a cidade, elementos da cultura alimentar caiçara conversam com a culinária da Europa, como se vê no Pippo, embaixada informal da Itália dentro da tradicional Pousada do Sandi. Essa troca fez surgir em Paraty uma cozinha inventiva que, ao mesmo tempo, não abriu mão de seus pratos típicos, como o camarão casadinho, clássico a ser pedido no Hiltinho ou no Refúgio.
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Saiba como foi a nossa hospedagem na Pousada do Sandi (Paraty)
A lista abaixo é um aperitivo para te deixar com água na boca e causar ainda mais vontade de conhecer alguns dos melhores restaurantes de Paraty.
Refúgio: amor ao mar
A cozinha pensada por Bel Costa bota o pescado e os frutos do mar como protagonistas. Pedir casquinha de siri é um bom começo antes de encarar camarões à grega ou peixada à brasileira. Moqueca boa se garante é no tempero. Além disso, a versão vegana do Refúgio é farta em pupunha e vem com farofa molhadinha.
As porções são respeitosas. Se pedir entrada, divida o prato principal sem cerimônia. Assim, todos chegam à sobremesa, que pode ser a manga macerada com caramelo de laranja e sorvete de baunilha. A decoração do salão tem peças feitas pela chef e artista plástica. Os dias de tempo firme com sol são perfeitos para se sentar nas mesas externas e ver os barquinhos ali perto.
Peró Restaurante: raízes do Brasil
Autodefinida como cozinha indígena brasileira, a proposta de unir ingredientes ancestrais ao refinamento contemporâneo foge daquilo que se encontra em outros restaurantes de Paraty. O Peró fica dentro da Pousada do Príncipe, perto do centro histórico, e tem no comando Georgia Joufflineau, uma das organizadoras do Festival Gastronômico de Paraty, realizado em novembro.
O menu é enxuto, facilitando a escolha. A massa é representada pelo ravioli de banana da terra ao molho bechamel com puxuri. Carnívoros podem pedir o filé mignon com canjiquinha de milho crioulo e molho de jabuticaba. Com cara de obra de arte, o robalo em crosta de baru, farofa de camarão e redução de tucupi faz a gente não querer estragar a apresentação. Não saia sem ao menos dividir o cuscuz de tapioca com baba de moça e lascas de coco.
Fazenda Bananal: em se plantando tudo dá
A propriedade do século 17 fica na estrada Cunha-Paraty, no trecho de quem sobe rumo à Cachoeira Pedra Branca. O sistema de agrofloresta dita o ritmo da Fazenda Bananal, aberta a visitantes desde a sua restauração. Grande parte do que se consome no restaurante local vem de canteiros e criadouros, que dividem espaço com espécies da Mata Atlântica. Plantas alimentícias não convencionais (Pancs), inclusive.
Pancs como a capuchinha embelezam pratos e são parte das receitas. Sazonal, o menu respeita o ciclo da natureza. Se houver pupunha, peça a versão assada, um clássico da casa. Prove o leitão desmanchando com ragu de lentilhas e couve frita. Ou robalo grelhado acompanhado de arroz cremoso de coco, banana chamuscada e farofa de açafrão com limão. O banoffee leva só ingredientes da fazenda: banana do quintal, doce de leite e creme de iogurte feitos a partir da ordenha diária, além de farofa doce. Para comer sem pressa.
Pippo: almoço com as estrelas
O restaurante da Pousada do Sandi parece um set de cinema italiano. Decorado com fotos de artistas e diretores das décadas de 50 e 60, a ambientação transporta você em parte para a Itália, cabendo ao chef Pippo o complemento dessa tarefa. Nascido na Sicília, ele sabe que do mar sempre podem sair boas ideias para um prato.
A massa do seu ravioli leva tinta de lula. Vieiras, camarões e peixe compõem a tríade de recheio. E tudo vem devidamente mergulhado em molho saboroso. Peça o pappardelle alla Dolce Vita (massa de rúcula e gergelim, com manjericão, pistache, nozes e abobrinha) e complete a homenagem sentando-se ao lado da foto de Anita Ekberg na Fontana de Trevi, uma cena antológica do clássico de Federico Fellini.
Hiltinho: tradição local
O passeio de barco é uma instituição em Paraty. Nossa saída foi limitada pelo mau tempo, que impediu a chegada até a Ilha do Algodão, onde funciona uma das unidades do Restaurante do Hiltinho. Perdemos o almoço com vista lá do alto, mas não ficamos sem provar o camarão casadinho. No endereço do centro histórico de Paraty, dois pares desse crustáceo são fortemente unidos e fartamente recheados por farofa. Batatas cozidas fazem um papel de damas de honra dessa união.
Você pode até comer peixe à brasileira, moqueca ou polvo grelhado. Porém, dizem ser um crime não pedir o tal do camarão casadinho em Paraty. Na dúvida, não hesite. Ainda mais num restaurante que fica na Rua da Cadeia.
Por Fernando Victorino
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