Patagônia chilena: 5 motivos para viajar pela Carretera Austral
Ao longo de 1.240 km de extensão, o viajante vai dos lagos gelados de Porto Montt aos bosques "siempreverdes
Tem viagens em que a própria estrada já é uma atração turística. No Chile, a mais famosa delas atende pelo nome de Carretera Austral.
Ao longo de 1.240 km de extensão, o viajante vai dos lagos gelados de Porto Montt, onde fica o marco zero da estrada, aos bosques “siempreverdes” da Patagônia chilena, passando por rios, vales, geleiras, glaciais suspensos, parques nacionais e formações rochosas milenares em meio a um lago de águas azuladas.
Até os anos 70, quando o projeto da estrada, por fim, saiu do papel, a Região de Aisén foi uma espécie de ilha patagônica, isolada do resto do país. Em março de 1945, foi chamada de “paraíso perdido” pela revista de turismo En Viaje, da Empresa de Ferrocarriles del Estado.
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No entanto, nem obstáculos naturais, como rios, montanhas e glaciais, foram suficientes para impedir a construção de um dos maiores orgulhos da engenharia chilena, cujo avanço mais significativo se deu durante o governo do ditador Augusto Pinochet.]
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Cinco motivos para viajar pela Carretera Austral
1 – É uma das estradas mais lindas da América do Sul
Sabe aquela história de fazer uma limonada com o limão que a vida te deu? Pois em terras austrais, eles fizeram uma estrada. E quanto mais ao sul você for dirigir, mais rústica e aventureira será a sua viagem, cujos trechos são de cascalho e com curvas que exigem atenção.
Dá para começar em Coyaique, a capital da Região de Aisén que divide a estrada em Norte e Sul. Porém, é importante lembrar que os deslocamentos são longos e, em muitos casos, são feitos para ver uma única atração por dia.
Evite roteiros engessados. O humor imprevisível da Patagônia, como nevascas e chuvas, podem isolar viajantes por dias.
2 – Tem acesso aos atrativos mais impressionantes do Chile
Tudo por ali soa superlativo, de glacial suspenso a campo de gelo com cerca de 4.200 km², como o Campo de Gelo Norte, endereço da impactante Laguna San Rafael.
Entre os atrativos mais famosos da Carretera estão o Ventisquero Colgante, no Parque Nacional Queulat, na Carretera Norte; e a Capilla de Mármol, na Carretera Sur.
O primeiro fica a 195 km de Puerto Chacabuco e a 165 km ao norte de Coyhaique. Essa língua de gelo suspensa sobre uma montanha pode ser vista em uma trilha curta (1.200 metros, ida e volta) até a Laguna Témpanos, onde é possível tomar um bote para se aproximar do glacial.
Já o Santuario de la Naturaleza Capilla de Mármol é conhecido pelas rochas milenares de mármore, esculpidas pelas águas do lago General Carrera. Os passeios de barcos saem da distante Puerto Río Tranquilo, a 218 km de Coyhaique.
Mais ao sul fica a impressionante Laguna San Rafael, famosa pela geleira com vista a partir de pequenos botes.
3 – É a versão mais variada da Patagônia
Equivocadamente associada a terras nevadas, a Patagônia chilena é marcada por cenários que vão da estepe patagônica a bosques siempreverdes, com diferentes tipos de climas.
A região de Balmaceda, onde fica o principal aeroporto de acesso à Carretera Austral, é conhecida por suas extensas planícies, onde o clima é mais seco e frio, e a pecuária é uma das principais atividades. Eis a versão mais pastoril (e plana) de toda a Patagônia chilena.
Já destinos como Cochrane e Puerto Río Tranquilo, onde fica a famosa Capilla de Mármol, são conhecidos por seus bosques andinos patagônicos, responsáveis pelas diferentes cores de suas folhas, de acordo com a época do ano. É aqui que você vai encontrar aquelas imagens clássicas de árvores de tons amarelados no outono, por exemplo.
Porém um dos cenários mais impressionantes de toda a Carretera Austral são os bosques siempreverde, um dos tipos florestais mais abundantes de todo o Chile, segundo dados do CONAF (Corporación Nacional Forestal), entidade vinculada ao Ministério da Agricultura chileno.
Úmido e com folhas sempre verdes, o setor é conhecido por suas folhas de coloração viva e alto índice de chuvas.
Só em Puyuhuapi, um dos destinos marcados pela esquizofrenia climática desse tipo de região, os índices pluviométricos ultrapassam os quatro mil milímetros anuais, responsáveis por uma das paisagens mais verdes de todo o país. Puerto Chacabuco, Puerto Aisén e Caleta Tortel são outros destinos com esse tipo de clima.
4 – É um convite para viagens independentes
Apesar de contar com linhas de ônibus entre as cidades e excursões a partir de hotéis, o destino é melhor aproveitado de carro.
A dica é voar até Balmaceda (a 2h15 de avião da capital chilena) e de lá seguir de carro até Coyhaique, a cidade com melhor estrutura turística.
5 – Tem hotéis bem estruturados
Sua viagem no extremo sul do Chile não precisa ser com perrengues e a região conta com hotéis que têm refeições e passeios inclusos. Para a elaboração deste guia, o Viagem em Pauta teve apoio logístico do Loberías del Sur, cujas diárias começam em US$ 115.
Localizado em Puerto Chacabuco, o hotel conta com atrações na Carretera Austral Norte (do marco zero, em Puerto Montt à paisagem devastada pela erupção do vulcão Chaitén) e clássicos da estrada, como o Parque Nacional Queulat (endereço do Ventisquero Colgante), a Laguna San Rafael e as impressionantes Capillas de Mármol.
Para quem não quer ir muito longe, mas não dispensa um cenário patagônico, o Loberías del Sur tem também saídas para o Parque Aikén del Sur (a 15 minutos do hotel) e para as piscinas, naturalmente, aquecidas da Ensenada Pérez (1h de catamarã).
Aventureiros não podem deixar de visitar Caleta Tortel, um dos últimos vilarejos da Carretera Austral, conhecido por suas passarelas.
O que levar
Você pode até sentir um calorzinho durante as trilhas por cenários patagônicos. Mas esse é o tipo de viagem que não dá para improvisar na hora de montar a mala.
Em questão de minutos, o mau humor da Patagônia é capaz de receber o visitante com frio, chuva, vento e tempo nublado para, em seguida, abrir um céu azulado com picos de calor.