Um estranho dentro de casa: a mágica de ser um viajante
Completos desconhecidos podem dividir o mesmo teto?
Quais as chances de você levar para casa alguém que acaba de conhecer na rua e recebê-la como hóspede? Ou, ainda, de deixá-la cuidando da casa enquanto você viaja? Pode parecer improvável, mas posso afirmar que isso já aconteceu comigo diversas vezes. Trata-se da mágica de ser um viajante.
Não estou falando de alguém com quem tenha combinado através de um website, que faça parte de comunidades dispostas a receber e ser recebido ou a trocar hospedagem por cuidados com o pet alheio. Esse tipo de serviço é incrível, mas refiro-me a encontros espontâneos, desses com que a vida nos presenteia quando menos esperamos.
Viajei pelo mundo com meu parceiro, passando por 57 países e estou, atualmente, percorrendo o Brasil de carro e não foram raras as vezes em que fomos abordados por completos desconhecidos, que se ofereceram para receber-nos na intimidade dos seus lares.
Para muitos, essa atitude pode parecer leviana, perigosa, até. Mas, pense comigo: da mesma maneira que a pessoa que coloca para dentro um estranho poderia estar correndo um risco, quem aceita ir para a casa de um desconhecido passar uma noite, também poderia ser uma possível vítima. Se colocarmos na balança, perde quem não estiver aberto para dizer sim a um convite tão generoso.
O mais bacana desse tipo de situação é que, invariavelmente, a experiência é enriquecedora para os dois lados, já que, receber um viajante abre as portas para histórias de lugares diferentes, para conhecer melhor alguém de outra cultura, para ter uma companhia inusitada naquele dia-de-semana qualquer. Para o hóspede, nada mais gostoso, enquanto se está fora de casa, do que receber carinho, ter uma cama confortável e alguém diferente para conversar. Claro que, aquele que está sendo recebido deve colocar-se na polaridade mais pró ativa possível e fazer tudo para ser uma ótima companhia.
Todos os momentos em que eu e o Plácido aceitamos um convite deste tipo, acabaram tornando-se marcantes. Receber um coração aberto gratuitamente é algo que nos toca de maneira ímpar e acaba deixando uma necessidade de retribuir. Não necessariamente para a mesma pessoa, que, em geral, não quer nada em troca quando tem uma atitude assim; mas para o universo! E, assim, vão formando-se pequenas correntes do bem, formadas por elos que, de alguma forma, encontram-se nesse vasto mundo, repleto de exploradores anônimos, prontos para serem recebidos por seus anjos e, em seguida, espalhar por aí que existem, sim, pessoas boas. Aos montes!
Por Mariana Beluco