Um minuto no ar: rota mais curta do mundo fica na Escócia

Voos entre Westray e Papa Westray, na Escócia, chegam a durar 53 segundos em dias mais limpos

Em 1927, o aviador americano Charles Lindbergh voou de Nova York (EUA) a Paris (França) sem fazer nenhuma escala. À época, a viagem foi considerada o grande avanço da aviação — e da própria humanidade. Em 2018, a Singapore Airlines surpreendeu novamente ao anunciar o trecho aéreo mais longo da história: 20 horas sem paradas entre a mesma Nova York e Cingapura, na Ásia.

O foco na aviação sempre passou por voar mais longe e ficar o maior tempo possível no ar. Viagens aéreas longas mantêm até hoje uma aura de exotismo, mas o mesmo acontece com trechos curtos demais.

Voos entre Westray e Papa Westray, na Escócia, chegam a durar 53 segundos em dias mais limpos
Créditos: Divulgação
Voos entre Westray e Papa Westray, na Escócia, chegam a durar 53 segundos em dias mais limpos

Curiosamente, neste ano também foi lançado um dos voos mais rápidos da história: uma conexão aérea de 15 minutos entre a ilha de Aruba, no Caribe, e a cidade de Punto Fijo, na vizinha Venezuela.

Mas o trecho não é o único: o voo internacional comercial mais curto registrado até hoje é o que liga a ilha caribenha de St. Maarten, antiga colônia holandesa na região, à também ilha de Anguilla, outrora território ultramarino britânico. A viagem é vendida pela companhia aérea Anguilla Air Services e percorre uma distância de 19 quilômetros sobre o mar do Caribe.

A ponte aérea Rio-São Paulo percorre 361 km em pouco menos de uma hora. Levando em conta essa distância, um voo comercial da Latam, por exemplo, a percorre 19 vezes.

Anguilla tem rota aérea considerada uma mais mais curtas do mundo
Créditos: shalamov/iStock
Anguilla tem rota aérea considerada uma mais mais curtas do mundo

O voo entre o aeroporto Princess Juliana, em St. Maarten, e o Clayton J. Lloyd, em Anguilla, dura dez minutos e, além de ser o mais curto, poderia ganhar o prêmio de visão mais bela da aviação comercial mundial — entre as águas claras do Caribe.

A ilha holandesa ainda possui outro trecho curto na mesma região: 15 minutos até o arquipélago francês de St. Barts, a 32 km (distância entre o centro de São Paulo e a cidade de Barueri, na região metropolitana).

Venezuela

O último trecho adicionado no conjunto de pequenos voos internacionais comerciais do Caribe é o que liga Aruba, também holandesa no passado, a Punto Fijo, na Venezuela. A distância entre os dois destinos é de 82 km (a distância entre Campo Grande e Rochedo, no Mato Grosso do Sul, por exemplo).

Colocado no mercado aéreo local em maio, o trecho é operado duas vezes por semana entre os aeroportos Queen Beatrix, em Aruba, e Las Piedras, na Venezuela, e é resultado de uma parceria entre a Aruba Airlines e o g governo do país sul-americano. No terminal venezuelano, os passageiros podem pegar conexões para as ilhas holandesas de Curaçao e Bonaire e Miami, nos EUA.

Aruba tem voo para a Punto Fijo, na Venezuela, a 82 km de distância
Créditos: dk_photos/iStock
Aruba tem voo para a Punto Fijo, na Venezuela, a 82 km de distância

Em janeiro deste ano, a Venezuela decretou um bloqueio comercial de três meses às ilhas caribenhas holandas de Aruba, Curaçao e Bonaire. O presidente Nicolás Maduro alegou que seus vizinhos estavam extraindo recursos do país e os revendendo no mercado negro. Embora as conexões entre Aruba e Venezuela tenham rompido, as relações não impediram que o novo voo fosse inaugurado cinco meses depois.

Os voos de 15 minutos são feitos por aviões Bombardier CRJ-200 LR todas as segundas e sextas-feiras e custam US$ 215 (R$ 834).

Europa

O trecho aéreo comercial regular mais curto, no entanto, fica na Europa: para além do estreito canal que separa as ilhas de Westray e Papa Westray, na costa Norte da Escócia, a companhia aérea local Loganair opera a ponte aérea entre os dois pequenos territórios há meia década. Ele é considerado até hoje o voo regular mais rápido do planeta — dura um minuto.

Os aviões de oito lugares, porém, chegam a fazer a viagem em menos tempo: 53 segundos, para ser preciso. Tudo depende do clima. “A rota é usada principalmente pelas pelas pessoas das ilhas em suas rotinas diárias”, disse o diretor de operações de voos da Loganair, Andy Thornton, ao jornal escocês Evening Times. “É usado por professores, pelos oficiais policiais locais, pelas crianças que vão à escola. Mas é também um roteiro turístico para visitantes e entusiastas da aviação”, completou.

O voo comercial mais curto, porém, pode estar na Ásia. São apenas 1,3 milhas náuticas (2,4 km) que separam um destino do outro, mas as colônias de Kegata e Apowo, no topo de duas colinas da Papua, são separadas por um vale profundo em uma área isolada da Indonésia. A viagem entre os dois vilarejos por terra envolve uma árdua trilha por meio da selva fechada e montanhas em declives acentuados.

É muito melhor se o viajante puder tomar os pequenos aviões monomotores de 10 passageiros operados pela companhia britânica Dearden, que atua apenas em áreas remotas da Papua — e gera muitos lucros com isso. Apesar de não ser uma conexão aérea regular, ela cobra pelas passagens. Assim, pode ter nas mãos o voo comercial não-regular mais curto do mundo. Quem já foi conta que, para além da rapidez, o trecho vale a pena pelo trajeto cênico das montanhas da região.

Na África

Tangier city beach in Tangier, Morocco. Tangier is a major city in northern Morocco. Tangier located on the North African coast at the western entrance to the Strait of Gibraltar.
Créditos: saiko3p/iStock
Tangier city beach in Tangier, Morocco. Tangier is a major city in northern Morocco. Tangier located on the North African coast at the western entrance to the Strait of Gibraltar.

A Royal Air Maroc entrou na briga recentemente, afirmando que o voo comercial não-regular mais rápido do planeta é o que ela opera entre Tangiers, no Marrocos, e Gibraltar, território britânico ultramarino –os dois pontos são separados por 69 quilômetros. Normalmente, o trecho é superado por embarcações que saem constantemente dos portos, mas quem deseja evitar as águas geladas entre as duas áreas continentais tem a alternativa do voo da companhia marroquina.

Há ainda o voo mais curto entre duas capitais nacionais, operado por três companhias aéreas africanas entre Kinshasa, na República Democrática do Congo, e Brazzaville, na República do Congo. As duas cidades são separadas por um rio — o Congo — com 26 quilômetros de largura. A ASKY, uma companhia pan-africana que voa para toda a parte ocidental do continente, e a Camair-Co, dos Camarões, fazem os trajetos regulares.