Venha viajar pela parte desconhecida do Japão
Japão: o país das gueixas, dos samurais, dos castelos e das flores de cerejeira. O país do sushi, sashimi e tempura. O país dos mangás, das invenções tecnológicas malucas e do karaokê. O país de pessoas cordiais, trabalhadoras e de fala mansa. Fala mansa, mas extremamente complicada, com um idioma que nos demora, em geral, quatro vezes mais tempo para aprender do que o alemão.
Sim, nós vimos isso tudo ao longo de nossas 4 viagens ao Japão. Mas queríamos mais.
Nessa nossa quinta viagem ao Japão, bem ao estilo Two Free Guys, montamos um roteiro de aventuras completamente grátis, algo muito menos turístico, menos glamuroso até, onde certamente nenhum viajante de primeira viagem iria se meter.
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Chegamos em Osaka, e não em Tóquio, que é geralmente o portão de entrada do Japão. Osaka é considerada a capital gastronômica do país. Embora Tóquio seja bem maior, e tenha um numero assombroso de restaurantes, é em Osaka que nasceram os famosos tepanyaki, okonomiyaki, takoyaki e tipos especiais de udon. É lá que os locais saem de casa para fazer o kuidaore (“comer até cair“). Para celebrar esse momento especial, comemos até cair em Dotombori, um bairro que é considerado o centro da culinária e da ferveção noturna.
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A comida, como vocês podem imaginar, vai muito além do sushi. Assim, após satisfazermos o desejo inicial de comida japonesa, partimos para o nosso roteiro pouco ortodoxo. Visitamos praias, montanhas, grandes cidades, santuários. Só não fomos a um daqueles banhos termais (onsen), porque tatuagens ainda têm certo status curioso no Japão. Mas falamos disso numa outra ocasião.
Nossas visitas sempre foram no inverno. Decidimos tentar acompanhar a floração das cerejeiras nas nossas visitas, por isso, dessa vez, fomos na primavera.
No nosso primeiro destino, no entanto, tinha até neve em algumas árvores. Uma das áreas mais antigas e sagradas do Japão fica em meio às montanhas. Visitamos a maravilha que é Koyasan e os muitos templos ao redor. Apenas japoneses e uma meia-dúzia de gaijins (estrangeiros).
Claro que os templos e santuários são parte muito forte da cultura do Japão. Por isso, não podíamos deixar de lado lugares como Ise. E, assim como em qualquer lugar do mundo, é bom saber se portar nesses locais sagrados, sempre obedecendo a etiqueta. Um outro ponto curiosamente sagrado é um conjunto de pedras no mar, em que duas estão amarradas uma a outra, e que é associado a sapos. Esse lugar super diferente é chamado Meotoiwa.
Mas se o seu negócio é mesmo gastronomia, você deve estar familiarizado com o famoso kobe beef. Infelizmente isso é relativamente caro e demos uma pulada, mas a cidade de Kobe tinha muito mais a nos oferecer. Visitamos um museu dedicado aos desastres da natureza, provamos sake no lindo museu do sake, e ainda lá conseguimos fazer nosso almejado hanami (ver as flores de cerejeira e ameixeira).
Ao fim disso tudo, os pés e as costas podem dar uma sofrida. Sem problemas! Arranjamos até massagem de graça, hehe.
Um pouco mais ao sul, visitamos um complexo de arte na pequenina Naoshima. Sim, é como Inhotim, mas numa ilha. Algumas áreas eram pagas, mas havia muita arte de graça exposta no meio da rua, em piers, em parques, tudo absolutamente de primeira linha.
Ainda na pegada das ilhas, resolvemos fazer algo um pouco mais ousado: uma trilha de 90 km ao longo de dois dias, de bicicleta. Essa trilha é conhecida como Shimanami Kaido. O lindo disso tudo foi passar por uma área totalmente rural e relativamente isolada do Japão. Vilas, cidades pequenas, muitas laranjas e tangerinas (catamos umas que não estavam lá muito boas, sinceramente). Tomamos um tempo para descermos em pequenas baías, prainhas, jardins. Até nos esquecemos do friozinho que ainda fazia.
Mas como nós viajamos tanto, de um lado pra outro, o tempo todo? “Deve ter saído uma fortuna” – você deve estar pensando. Não exatamente. Nós compramos um passe de trem válido para 21 dias, que nos conectava com o Japão inteirinho. Há vários tipos de trens que podem ser usados de graça e sem ter que reservar com antecedência inclusos neste passe, e o mais legal deles é o Shinkansen. Um dos nossos destinos com o Shinkansen foi a fantástica ilha de Kiyushu. Exceto por Nagasaki, essa ilha é quase inexplorada por turistas.
Próximo a Fukuoka, ainda ao norte de Kiyushu, visitamos um museu de privadas. Sim, de vasos sanitários! É o Toto Toilet Museum, que ainda conta com um histórico de como os banheiros japoneses passaram de buracos no chão para os mais modernos e mecanizados do mundo. Mas não é só de privada que vive Fukuoka. É uma cidade grande, bonita, com praias e cheia de turistas asiáticos. Tem muita coisa legal, e dá pra fazer tudo em dois dias.
Entre uma parada e outra, numa estação de trem, num museu ou numa loja de conveniência, você sempre verá centenas de panfletos. São como pôsteres pequenos, do tamanho de uma folha A4, que anunciam desde eventos regionais a pontos turísticos das cidades. Até aí, normal. O incrível disso é o cuidado com o design e a preocupação estética. Coletamos vários deles, sempre que víamos algum lindo, para uso futuro. Até como presente eles servem, após serem devidamente enquadrados. Alguns amigos já receberam esses “pôsteres” de outras viagens nossas.
Apesar de um pouco cansados, mas ainda muito curiosos, decidimos pegar um longo percurso de trem até o outro lado do Japão, em Kanazawa. Sabe as gueixas e os samurais dos quais falamos no começo do texto? Então, nessa cidade super antiga você pode ter um gostinho de como era a vida deles. É uma Kyoto menorzinha, toda original, pois não foi atingida durante a II Guerra Mundial.
Depois de tanta aventura, de neve, bicicleta, horas e horas de trem, gueixas, castelos, incontáveis cerejeiras, resolvemos “descansar”. Voltamos à nossa tão amada Tokyo. Tanta coisa para fazer por lá, e um monte de aventuras gratuitas. Perto de Tokyo, São Paulo e Nova York parecem meros vilarejos.
Saímos do Japão já completamente tristes. Que incrível que seria ter ficado lá por meses a fio, aprendendo melhor o idioma, interagindo com esse povo incansavelmente cordial, nos embasbacando com as descobertas a cada nova esquina.
Ao mesmo tempo, saímos felizes de deixar uma trilha um pouco mais ampla de descobertas nipônicas onde muito menos visitantes se aventuram. Espero que todos vocês fiquem fascinados com o Japão, façam as malas, agarrem um punhado pequeno de dinheiro (muito menos do que o dia-a-dia nos EUA ou na Europa) e saiam se aventurando loucamente. Ah, e por favor nos conte tudo em primeira mão!