Vinho com chocolate é uma das atrações inusitadas de Garibaldi (RS)
Neste roteiro pela Serra Gaúcha você também visita a fábrica de um dos últimos tanoeiros da região
Vinho com chocolate combina? Na Serra Gaúcha, combina.
O Viagem em Pauta voltou para a Serra Gaúcha para conhecer a Rota do Espumante, um roteiro que reúne cerca de 20 vinícolas em cidades como Garibaldi, conhecida como a Capital Nacional do Espumante, a 120 km de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.
Uma das novidades por ali é o Taça & Trufa, uma experiência enoturística, em que o visitante participa de uma harmonização de vinhos e espumantes com chocolates artesanais.
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Neste roteiro pela Serra Gaúcha você também visita a fábrica de um dos últimos tanoeiros da região, conhece o processo de fabricação de vidros e come em alguns dos melhores endereços gastronômicos de Garibaldi e Monte Belo do Sul.
Conheça atrações imperdíveis para amantes de vinhos, no Brasil
O que fazer em Garibaldi
1 – Taça & trufa
Com uma produção de cerca de 18 milhões de litros, anualmente, a Vinícola Garibaldi abre suas portas com experiências enoturísticas, como o Taça & Trufa, um projeto inédito no Brasil em que o visitante faz uma inusitada degustação de chocolates, harmonizados com vinhos e espumantes.
Durante uma hora, é possível provar três espumantes e dois vinhos, acompanhados de chocolates artesanais, como Chardonnay e trufa de maracujá, espumante Brut com chocolate de laranja e Moscatel com trufa de champanhe.
Recentemente, a vinícola lançou o Taça & Trufa Kids, versão especial para crianças e adolescentes, em que os visitantes fazem harmonização com dois filtrados doce (branco e rosé sem álcool) e três sucos.
A experiência acontece dentro de uma pipa desativada de 115 mil litros, onde também é realizada a degustação às cegas, em que o visitante tem olhos vendados e participa de uma sequência de atividades relacionadas ao paladar e aroma dos produtos.
“A degustação às cegas é mais técnica e a de trufas mais relacionada com a experiência”, explica a monitora Débora Carvalho Pinto.
2 – Fábrica de vidros
Um dos destaques da visita é a taça de espumante gigante, produzida pela empresa. A peça entrou no Guinness por conta de suas dimensões: são 2,19 metros de altura, 33 quilos e capacidade para comportar 186 garrafas de espumantes, o equivalente a 140 litros.
A visita guiada na Madelustre vai da história do vidro à fábrica da vidraria, onde é possível acompanhar de perto todo o processo de fabricação das peças.
“O turista que vem a Garibaldi está acostumado a visitar vinícolas. Então a nossa vidraria é uma quebra nessa roteiro para as pessoas poderem conhecer o processo artesanal da produção de vidro”, explica a monitora Jenifer Luana da Rosa dos Santos.
3 – Gastronomia
A gente sabe que está na Serra Gaúcha quando o primeiro prato chega à mesa.
Em terras de passado italiano, as refeições são sempre uma sequência de refeições fartas que parecem não ter fim. E quando a gente acha que já veio de tudo, entre massas e carnes, o atendente volta à mesa para sugerir reposição de pratos como raviolli recheado com ricota, espinafre e nozes ou a tenra carne de panela.
“Não é requinte, é fazer a pessoa se sentir em casa”, explica Morgana Cristófoli, proprietária do imperdível Casa Olga.
Nesse restaurante em Monte Belo do Sul, a menos de 30 km de Garibaldi, é como se a nonna tivesse acabado de estender as massas de espaguetes, raviolis e tortéis. O estabelecimento funciona na casa dos avós de Morgana, uma construção de 1958 onde são feitos os pratos com receitas reformuladas da família.
A experiência gastronômica segue na cenográfica Osteria Della Colombina, conhecida pelo concorrido almoço de oito tempos com pratos como sopa de capeleti, nhoque de três queijos e fortaia. O ponto alto da experiência é quando a matriarca Dona Odete deixa a cozinha para, de mesa em mesa, entregar suas tradicionais colombinas, uma pombinha feita de massa de pão.
No Valle Rústico, comandado pelo chef Rodrigo Bellora, o menu surpresa é um passeio pelo mundo com ingredientes locais e resgate de técnicas antigas, em pratos inusitados como bolinho de kimchi, carpaccio de lagarto, cannoli de pinhão e sorvete de azeite de oliva com flor de sal.
Ambos restaurantes ficam em Garibaldi e recomendam reserva com antecedência.
4 – Tanoeiro
Em Monte Belo do Sul é possível conhecer também um dos últimos fabricantes de barris de madeira da Serra Gaúcha.
Na Tanoaria Mesacaza, os visitantes são recebidos pelo ‘Seu’ Eugênio, 62 anos, e seu filho Mauro que mostram, orgulhosos, cada etapa da fabricação de barris de madeira produzidos no local.
A família recebe apenas pequenos grupos, em visitas gratuitas que terminam com prova de cachaças preparadas em barris da própria Mesacaza.
“Com a popularização da cachaça no Brasil, as encomendas de barris para a bebida vem aumentando, desde 2005”, explica Mauro, um jovem de 26 anos que, embora seja sommelier e analista de sistemas, não pretende abandonar o trabalho com o pai.
Para se ter uma ideia, anualmente, são produzidos mil barris de cachaça e apenas 50 para vinhos.
5 – Primeiro champanhe do Brasil
Primeira vinícola brasileira a obter o direito de uso do termo champanhe, a vinícola Peterlongo tem tour em um edifício com padrões arquitetônicos da francesa Champagne e nas cenográficas salas subterrâneas de fermentação, sob telhas originais da década de 30.
Um dos destaques do tour de 50 minutos é a sala com 108 barricas de carvalho que guardam o cobiçado licor de expedição com 22 anos de armazenamento em barris, bebida adicionada em pequena quantidade na etapa final do processo de elaboração dos espumantes.
Outra etapa da visita, que passa por sete espaços temáticos, é o histórico ‘Túnel à la glace’, um corredor estreito de pedras, usado para congelar os gargalos com a técnica de dégorgement, processo que consiste em eliminar sedimentos da garrafa.
Origem
Garibaldi é considerada a primeira colônia de italianos do Rio Grande do Sul e a primeira cidade a produzir espumantes no Brasil.
A pioneira na fabricação dessa bebida com borbulhas, no Brasil, é a Vinícola Peterlongo, que em 1913 produziu o primeiro champanhe do Brasil, dois anos antes da fundação da vinícola. Curiosamente, eles são os únicos produtores brasileiros autorizados a usar o termo champanhe, de acordo com decisão do Supremo Tribunal de Justiça brasileiro.
Embora os primeiros imigrantes europeus em Garilbadi fossem alemães, em 1870, o maior número de imigrantes vinha da Itália. E com eles vinha também a experiência na produção artesanal de vinhos.