Vinhos e belas paisagens em Salta, no norte da Argentina

A Argentina sempre foi renomada por seus vinhos tintos, especialmente os elaborados com a célebre uva Malbec, uma variedade de origem francesa que encontrou no país o ambiente perfeito para prosperar. O Malbec se tornou sinônimo de qualidade e foi considerado, por muitos, o acompanhante ideal para um bom churrasco argentino.

No entanto, o que tem ganhado destaque nos últimos anos entre enólogos e sommeliers são os vinhos brancos feitos a partir da uva Torrontés. Exclusiva do solo argentino, essa casta é cultivada em altitudes extremas, onde sua particularidade a torna inimitável em qualquer outra parte do mundo.

O berço dessa inovação é a província de Salta, no noroeste do país, que, antes conhecida por suas paisagens selvagens e destinos de aventura, vem se destacando como um polo de turismo enológico, rivalizando com a famosa Mendoza, a terra do Malbec. Salta, cujo nome vem do termo “sagta”, que significa “lugar bonito” na língua dos aymaras, reflete a beleza não apenas de suas paisagens deslumbrantes, mas também de seu patrimônio histórico, com uma das maiores concentrações de construções coloniais do país, especialmente em sua capital.

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Desertos e montanhas imponentes 

A região tem se tornado um destino cada vez mais acessível, com voos diretos de menos de duas horas a partir de Buenos Aires. Aos arredores de Salta, podem ser explorados desde imensos desertos de sal até montanhas imponentes, mas para os apreciadores de vinho, o maior atrativo fica em Cafayate, a 150 km da cidade.

Esse pequeno e charmoso município colonial é o centro da produção vinícola da região, abrigando mais de 30 vinícolas que cultivam vinhedos a cerca de 1.600 a 1.700 metros de altitude, no coração do Vale Calchaquí. Algumas dessas vinícolas possuem hotéis e restaurantes próprios, como a El Esteco, que ocupa um belo casarão colonial, além de outras opções de hospedagem boutique e spas.

Os vinhos de Torrontés são descritos como frescos, vibrantes e aromáticos, com notas frutais que enganam pela doçura, mas revelam uma secura surpreendente. Seus sabores podem variar entre cítricos e minerais, oferecendo uma experiência única ao paladar. A origem dessa uva permanece envolta em mistério. Por muito tempo, acreditou-se que ela tivesse sido trazida por imigrantes espanhóis da Galícia, onde existe uma variedade homônima. No entanto, estudos genéticos revelaram que as duas uvas são distintas e que a Torrontés cultivada na Argentina provavelmente surgiu de um cruzamento entre a Moscatel de Alexandria e a Criolla Chica.

O que antes era apenas um segredo bem guardado das vinícolas argentinas, agora brilha como um novo ícone do enoturismo, colocando Salta e sua Torrontés no radar dos amantes de vinho ao redor do mundo.

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