12ª Mostra Ecofalante tem exibição gratuita de 101 filmes

Evento gratuito apresenta filmes relacionadas aos povos indígenas e ao racismo

A Mostra Ecofalante de Cinema, um dos maiores festivais do Brasil e o mais importante evento audiovisual sul-americano sobre temas socioambientais, chegou na sua 12ª edição. O evento acontece até o dia 14 de junho, com entrada gratuita e 101 filmes na programação.

A 12ª edição dá destaque para questões indígenas e combate ao racismo. As salas de exibição incluem o Espaço Itaú de Cinema – Augusta, o Centro Cultural São Paulo e a Galeria Olido.

12ª Mostra Ecofalante de Cinema traz filmes sobre questões indígenas e raciais. Na foto, o longa “Xaraasi Xane – Vozes Cruzadas”.
Créditos: Divulgação
12ª Mostra Ecofalante de Cinema traz filmes sobre questões indígenas e raciais. Na foto, o longa “Xaraasi Xane – Vozes Cruzadas”.

O cardápio cinematográfico inclui obras premiadas em festivais como Cannes, Berlin, Cinéma du Réel, CPH:DOX e Tribeca, além de produções em pré-estreia mundial ou inéditas no Brasil.

Rolam também filmes de cineastas renomados como Jorge Bodanzky, Gabriela Cowperthwaite, Eduardo Coutinho, Paul Leduc, Gillo Pontecorvo, Ousmane Sembène, Safi Faye, Marta Rodríguez, Jorge Sanjinés e William Klein.

Destaques da 12ª Mostra Ecofalante:

A programação inclui as seções Panorama Internacional Contemporâneo, Competição Latino-americana e Concurso Curta Ecofalante. A Mostra Histórica deste ano é dedicada ao tema “Fraturas (pós-)coloniais e as Lutas do Plantationoceno” e exibe 17 filmes icônicos produzidos entre 1966 e 1984. Os longas discutem a herança do colonialismo em diferentes partes do mundo.

Além das exibições de filmes, a programação da mostra inclui estreias mundiais, uma sessão especial, um programa infantil, um trabalho em realidade virtual, uma masterclass com o pensador Martiniquês Malcolm Ferdinand, que também explora o conceito de Plantationoceno em sua obra, uma oficina de cinema ambiental com Jorge Bodankzy e um ciclo de debates.

No Panorama Internacional Contemporâneo, destaque para os filmes que abordam questões como racismo, legado do colonialismo e consequências socioambientais atuais. Alguns exemplos são “Filhos do Katrina“, que discute o racismo ambiental a partir das consequências do furacão Katrina, e “Duas Vezes Colonizada”, que retrata o ativismo de uma defensora dos direitos humanos inuíte no parlamento europeu.

A Competição Latino-americana traz produções que abordam temas relacionados aos povos indígenas, territórios e lutas, bem como racismo, migração e trabalho. Destacão para o filme “A Invenção do Outro”, que narra uma jornada emocionante na Amazônia para tentar encontrar e fazer o primeiro contato com indígenas isolados da etnia Korubo.

O consagrado diretor, já homenageado na 4ª Mostra Ecofalante de Cinema, Jorge Bodanzky (de “Iracema – Uma Transa Amazônica”, 1975) assina “Amazônia, A Nova Minamata?”. O longa acompanha a saga do povo Munduruku para conter o impacto destrutivo do garimpo de ouro em seu território ancestral, enquanto revela como a doença de Minamata, vinda da contaminação por mercúrio, ameaça os habitantes de toda a Amazônia hoje.

“Amazônia, A Nova Minamata?” acompanha a saga do povo Munduruku para conter o impacto destrutivo do garimpo de ouro, enquanto revela como a doença de Minamata, decorrente da contaminação por mercúrio, ameaça os habitantes de toda a Amazônia hoje
Créditos: Divulgação
“Amazônia, A Nova Minamata?” acompanha a saga do povo Munduruku para conter o impacto destrutivo do garimpo de ouro, enquanto revela como a doença de Minamata, decorrente da contaminação por mercúrio, ameaça os habitantes de toda a Amazônia hoje

No inédito “Mamá”, uma obra de cunho intimista com elaborada narrativa e técnica, o realizador de descendência maia Xun Sero relata como, sendo mexicano tzotzil, cresceu cercado pela sacralidade da Virgem de Guadalupe e da Mãe Terra – e sendo ridicularizado por não ter pai.

Já o doc observacional peruano “Odisseia Amazônica”, de Terje Toomistu, Alvaro Sarmiento e Diego Sarmiento, testemunha o trabalho feito nos barcos que constituem o principal meio de transporte de mercadorias e pessoas no rio Amazonas.

Longa “Odisseia Amazônica” na Mostra Ecofalante
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Longa “Odisseia Amazônica” na Mostra Ecofalante

Uma sessão especial exibe “Mulheres na Conservação”, dirigido pela jornalista Paulina Chamorro e pelo fotógrafo João Marcos Rosa. O documentário, desenvolvido a partir da websérie homônima, mostra na prática o trabalho realizado por sete mulheres que lutam pela conservação da biodiversidade no país e que são referência em suas áreas de atuação.

O Concurso Curta Ecofalante promove competição entre curtas-metragens realizados em universidades e cursos audiovisuais. Em 2023, participam 18 produções, representando os estados da Bahia, Ceará, Maranhão, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e São Paulo.

Destaca-se na programação ainda um trabalho em realidade virtual, assinado por Estêvão Ciavatta (de “Amazônia Sociedade Anônima”, exibido na 9ª Mostra Ecofalante de Cinema). Trata-se de “Amazônia Viva”, no qual a cacica Raquel Tupinambá, da comunidade de Surucuá (Reserva Extrativista Tapajós Arapiuns, no Pará), guia o espectador em uma viagem pelo rio Tapajós, em um passeio virtual em 360º.

Uma sessão infantil está incluída na programação da 12ª Mostra Ecofalante de Cinema. Nela, ganha projeção o longa “A Viagem do Príncipe”, de Jean-François Laguionie e Xavier Picard, obra exibida nos festivais de Locarno, Roterdã, BFI Londres e na Mostra Internacional de Cinema em São Paulo.

Todas as informações sobre exibições e demais atividades do evento poderão ser encontradas na plataforma Ecofalante.

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