Exposição do Sesc SP celebra o Brasil sob a perspectiva afro-ameríndia

De forma imersiva, "Terra de Gigantes" atualiza a visão de nação brasileira a partir da experiência de ser um corpo negro e indígena

Até 02 de setembro de 2023

Terça - Quarta - Quinta - Sexta - Sábado - Domingo

Terça a sexta, das 9h às 21h30
Sábado, das 9h às 20h
Domingo e feriado, das 9h às 18h

Grátis

Site: sescsp.org.br

Telefone: (11) 2475-5550

O que significa ser negro e ser indígena no mundo contemporâneo? A pergunta ecoa e funciona como um elo entre as obras da exposição “Terra de Gigantes”.

A nova mostra ocupa gratuitamente o Sesc Guarulhos entre 30 de março e 03 de setembro e propõe uma experiência imersiva coletiva, cujo aparato tecnológico foi desenvolvido para garantir uma vivência interativa singular.

O que esperar da mostra?

Daiara Tukano, Davi Kopenawa Yanomami, Denilson Baniwa, Jonathan Neguebites, Jota Mombaça, Juçara Marçal, Katú Mirim, Legítima Defesa, Marcelino Freire, Naná Vasconcelos e Naruna Costa compõem o time de artistas e coletivos convidados que atualizam a visão de nação brasileira a partir da experiência de ser um corpo negro e indígena no país.

Pensada a partir das memórias dos parques temáticos – trem fantasma, labirinto de espelhos, montanhas e rodas -, “Terra de Gigantes” propõe um jogo de proporções em que o visitante é reduzido ou ampliado diante de projeções em diferentes escalas.

Às vezes gigante, às vezes minúsculo, o público é constantemente convidado a interagir com os artistas que, em cada obra, se tornam personagens desse percurso construído como um longa de ficção, num passeio através de cenas que, juntas, compõem uma ambiência fantástica.

Um dos corações da mostra, Davi Kopenawa Yanomami, liderança ianomâmi e autor do livro “A queda do Céu”, aguarda seu interlocutor antes de se apresentar gigantescamente em cena.

Em sua obra, ele fala ao espectador sobre a força de resistência que existe não só em sua figura, mas na cultura do povo ianomâmi que, simbolicamente, através da dança de seus xamãs, garante que o céu permaneça sobre nossas cabeças e não caia.

Na exposição, a imensa figura de Kopenawa, projetado em escala aumentada de 800%, aborda temas sensíveis e atuais, como a dimensão atual da crise ianomâmi e o projeto de civilização que se construiu a partir de um progresso destrutivo.

Davi Kopenawa
Créditos: Davi Kopenawa / Gil Souza
Davi Kopenawa

Daiara Tukano, artista que pesquisa o direito à memória dos povos indígenas, expõe dez pinturas da série “Kahpi Hori” que, em “Terra de Gigantes”, deixam o suporte da tela e ganham animação em formato tridimensional.

Nesta sala de imersão visual e sonora de imensas dimensões, Tukano instaura um outro tempo de miração dentro da exposição, operando como um mergulho no universo simbólico de uma das expressões da arte indígena contemporânea brasileira.

Imerso em um cubo com projeções mapeadas nas paredes e no piso, e sonorizado com cantos entoados pela própria artista, o espectador vivencia uma experiência que sugere visões alcançadas por meio do caapi (ayahuasca), a medicina de origem de todo o conhecimento, história, língua, cantos e desenhos do povo Tukano.

Daiara Tukano
Créditos: Ana Pigosso Millan
Daiara Tukano

Jonathan Neguebites, dançarino da 1ª geração do passinho carioca, explora essa manifestação cultural e periférica ligada às batidas mais maduras do funk enquanto dança ao som vocal de Juçara Marçal, expoente da renovação da música popular brasileira. Aos dois, junta-se música de Naná Vasconcelos (1944 – 2016), papa da percussão.

Jonathan Neguebites
Créditos: Jonathan Neguebites / Gil Souza
Jonathan Neguebites

Naruna Costa, atriz, diretora e musicista, dialoga com a obra do escritor Marcelino Freire, interpretando o texto “Da paz”, que ganhou notoriedade em slams e competições de poemas ao falar sobre uma mãe que teve um filho morto pela polícia e se recusa a ir em uma manifestação pela paz.

Costa é mais uma gigante da mostra, interpretando uma figura materna que simboliza a revolução por um novo Brasil que somente as mães de filhos que sofreram violências podem convocar.

Naruna Costa
Créditos: Naru Costa / Gil Souza
Naruna Costa

Ao todo, são 11 cenas audiovisuais que, entre diferentes caminhos poéticos, como textos, músicas, performances, entrevistas e animações, examinam os significados sobre ser negro e ser indígena no mundo contemporâneo, abrindo espaço para se pensar o amanhã a partir de referenciais plurais.

É o aparato tecnológico desenvolvido para a instalação que garante a experiência imersiva em um universo onde as forças poéticas e mitológicas da cultura afro-ameríndia são evocadas através de sons, luzes e imagens.

Dá só uma olhada nesses outros rolês que acontecem em SP: