Istambul, várias cidades em uma
Sabe o que nos deixou mais felizes ao chegarmos em Istambul?! Ver faróis, faixas de trânsito, barulho de buzina numa quantidade aceitável, motoristas dirigindo todos na mesma mão…entre outras coisas. Foi engraçado isso, em muitas conversas com pessoas que cruzamos ao longo da viagem, todos tinham a opinião de que Istambul é bem agitada, foi ai que percebemos que estávamos sob o efeito do caos do Cairo, pois para nós, nos primeiros minutos, a cidade pareceu uma calmaria – assumo que não demorou muito para vermos que Istambul na verdade é uma cidade frenética…gente para tudo quanto é canto, inclusive concorre com Londres na posição de mais populosa da Europa.
Istambul é a única cidade que ocupa dois continente – europeu e asiático, isso por si só, já a deixa com um charme especial. O Estreito de Bósforo é o responsável pela divisão ocidente e oriente, além disso, o Corno de Ouro (onde o Mar de Mármara se encontra com o rio) divide o lado ocidental em duas regiões a antiga e a moderna. Já deu para perceber que realmente tem muito o que ser visto pela cidade, né? Além do velho e do novo, seus centros de compras, o litoral, a boa comida, a religião…enfim, são muitas atrações num lugar só. Acho que o ideal para conseguir conhecer tudo –coisa que vale a pena, é ficar por lá pelo menos cinco dias, nós ficamos quatro e partimos sabendo que a cidade ainda tinha mais coisas para serem descobertas.
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Sentimos uma certa dificuldade em andar pela cidade. Para ir para o centrinho histórico ou íamos a pé ou pegávamos o bondinho – aprendemos que táxi ali é impossível, tivemos tantas chateações com taxistas do mal que desencanamos deles. Detalhe que para todo mundo que contávamos as histórias dos taxistas pilantras, ouvíamos que uma das recomendações da cidade é fugir dos motoristas de táxi (fica a dica) – só de pensar neles fico com raiva novamente. Bom…para atravessar de um lado para o outro do Bósforo ou mesmo do Corno de Ouro indico o metrô ou os ferry boats. Vou ter que dizer que não fomos para o lado asiático…simplesmente não deu tempo, vimos ele de longe durante o passeio pelo Bósforo.
Ficamos num hotel ótimo (Bekdas Hotel), uns 10 minutos caminhando até a parte histórica, o problema é que ele ficava no meio da muvuca do comércio . Na nossa opinião, o melhor lugar para ficar é na região perto da Mesquita Azul, amamos aqueles lados e foi onde passamos a maior parte do nosso tempo. Nosso hotel não era longe dali, mas com certeza pegar um hotel ali teria facilitado as coisas, além de ser um lugar bem charmozinho.
Chegamos, deixamos as coisas no hotel e fomos explorar a cidade. Fiquei na dúvida de qual tipo de roupa usar e decidi manter a saia longa, mas me permiti uma regata…mas com o lenço sempre na bolsa. Na real, Istambul é bem mais tranquila que o Cairo, mas isso não quer dizer que os homens não olhem e tal…vimos até um tirando foto no bondinho de uma turista de shortinho. Acho que vale o mínimo de noção…eu não me senti avontade de colocar roupas mega curtas, mas isso vai de cada um.
Saimos meio sem rumo e já no caminho, cruzamos com uma das estrelas da cidade – o Grande Bazar. Inclusive, gente, nunca vi uma terra tão cheia de mercados e vendinhas…nas ruas perto do nosso hotel as vezes víamos tarde da noite vários vendedores ambulantes –o comércio está realmente no sangue desse povo. O Grande Bazar tem de tudo, de bolsas de marca até tapetes…o passeio vale a pena e negociar faz parte –mostrar um certo desinteresse depois de perguntar o preço pelo primeira vez, faz os caras quase te darem de presente –recomendo essa tática (rs).
Continuando o nosso passeio, caimos na Mesquita do Solimão O Magnífico (Mesquita de Suleymaniye) –Solimão está se revirando no túmulo nesse momento por causa dessa tradução do seu nome para o português– sorry, juro que não fui eu. Olha, para nós, o Sultão Solimão e o arquiteto mais badalado do passado de Istambul –Sinan, arrasaram aqui!! Gostamos mais dessa mesquita do que da famosa Mesquita Azul!!
Ela foi construída entre 1550 e 1557 e ganha de todos os outros edifícios antigos pelo tamanho do seu complexo , inclusive com quatro escolas teológicas, uma de medicina, um refeitório beneficente, uma casa de acolhida para pobres, um banho turco e um cemitério –onde estão os corpos do Sultão Solimão e de sua esposa.
Localizado em cima de uma das sete colinas da cidade, a mesquita se destaca no horizonte com as suas quatro minaretes –que são aquelas torres que todas as mesquitas têm e por onde são chamados os muçulmanos para a hora da reza….momento em que por todos os cantos da cidade se ouve uma cantoria, um negócio bem característico do mundo mulçumano e que combina muito com toda aquela atmosfera.
Esses lugares, da foto abaixo, vão ser vistos em todas as mesquitas, servem como lavatórios (ablução) e são usados pelos mulçumados para se lavarem. Segundo a religião, eles têm que estar purificados pisicologicamente e limpos sempre, mas principalmente antes das rezas.
No calor que fazia, logo fui linda e loira me refrescar…recebi olhares fulminantes e logo percebi que aquela área era só para os homens, as mulheres têm um cantinho privado para se lavarem (tão privado que não achei).
No interior, o curioso é a acústica do local que foi pensada “geniamente” para que não fosse necessário nenhum equipamento de som. Além disso, como em muitas outras mesquitas, ovos de avestruzes foram colocados entre as luminárias para espantar aranhas (estranho, né?).
Reparem nos ovos entre as luminárias.
Aqui a área reservada para a reza das mulheres…os homens, claro, ficam com todo o resto.
Continuamos a andança rumo a encosta…queríamos ver o mar.
Chegamos na verdade no Corno de Ouro e ali, do outro lado, a cidade nova e a Torre de Galata, um dos monumentos mais antigos daquele lado.
Andamos tanto que chegamos ao Estreito de Bósforo, lá avistamos a pequena ilhota onde fica a Torre Leandro ou Torre Donzela – que servia como farol. Os dois nomes dados a torre são fruto de lendas bem populares da Turquia, o Torre Donzela vem da lenda que conta que a história de um sultão que amava profundamente a sua filha, então ele mandou construir a torre depois que um oráculo profetizou que a menina morreria mordida por uma cobra no seu aniversário de 18 anos.
A menina que viveu presa na torre, no dia em que completou os seus 18 anos recebeu do pai uma cesta de frutas e nesta havia uma cobra que a picou e a mesma morreu nos braços do sultão. Torre Leandro vem da lenda de amor grego entre Hero e Leandro que acabou em tragédia — a morte de ambos.
Andamos contornando o Palácio de Topkapi, até chegarmos as ruazinhas atrás da Mesquita Azul e do museu de Santa Sofia.
Nada de mulheres se refrescando no mar…só grupos de homens! Eu doida para cair na água!
Demos uma voltinhas ali pelas praças perto da Mesquita Azul (Sultanahmet Camii) e museu Santa Sofia (Ayasofya), mas já estava tarde para entrar em ambos. Deixamos para o dia seguinte.
A Santa Sofia foi cosntruída primeiramente para ser uma basílica ortodoxa, depois passou a ser uma catedral católica e só depois é que foi transformada em mesquita. Dizem que a Mesquita Azul foi construída com toda a sua suntuosidade para mostrar a soberania do islamismo sobre o catolicismo.
Hoje, mesmo com as mudanças para transformar a Santa Sofia em mesquita é legal de pensar que uma igreja e uma mesquita ocupavam lugares de destaque numa mesma praça.
Paqueramos um pouco da comida de rua por ali e depois partimos de bondinho para o hotel (as fichas pareciam de brinquedo).
No jantar, escolhemos um restaurante Serbethane, bem típico e que ficava colado na Mesquita Azul…uma vista linda!
O lugar é tão tradicional, que eles não servem bebida alcoólica. Disse o garçom, que é em respeito a Mesquita, já que o restaurante fica tão pertinho.
Pedimos um prato que vem numa jarra de barro que é quebrada só na hora de servir. Bem gostoso!
Depois fomos ver as cores da cidade a noite…
No dia seguinte, acordamos no pique sabendo que teríamos que enfrentar filas. Começamos pela fila da Cisterna Yerebatan.
Essa cisterna nos lembrou muito a de Matera (relembre aqui essa viagem incrível), mas essa de Istambul era mais impetecada. A Cisterna de Yerebatan é a maior das 60 que existem na cidade. As cisternas eram construídas muitas vezes para, além de armazenar, proteger as águas dos soldados inimigos que durante as guerras costumavam destruir os aquedutos e envenenar as águas.
Construída em 532, a cisterna tem um total de 336 colunas, entre elas três de destaque – a coluna das lágrimas e as duas cabeças de Medusa que foram usadas como base para duas colunas.
A Coluna das Lágrimas recebeu esse nome por causa dos desenhos que ela possui.
Mas, o grande mistério fica por conta das cabeças de Medusa. Ninguém sabe de onde vieram e nem como foram colocadas ali como base das colunas. Uma das histórias que contam é que as cabeças estavam ali para proteger a cisterna, outros acreditam que é uma simbologia já que as mesmas se encontram num espelho d’água, e como a lenda diz que quem olhasse para a Medusa virava pedra, elas se viram no reflexo e o mesmo as teria transformado em pedra.
Nossa próxima parada foi o ex-igreja, ex-mesquita e hoje museu, Santa Sofia. Foi construída em 537 e durante 916 anos desempenhou o seu papel de igreja, até a data da conquista de Istambul em 1453. A cúpula é uma das mais altas da Turquia e do mundo.
No seu interior existem vários pontos onde podem ser vistos painéis de mosaicos representando, em sua maioria, a Família Sagrada.
Claro que não poderíamos deixar de fazer o nosso pedido no buraco da “coluna que chora”. Acredita-se que se colocar o polegar no buraco, que é úmido –por isso o nome, e conseguir girá-lo, o desejo será realizado.
É muito curioso ver o mix de imagens católicas e frases ou símbolos do mundo muçulmano.
Na foto abaixo se vocês olharem bem vão ver a marca de uma mão na coluna. Existe uma lenda, que sinceramente é um pouco difícil de acreditar, que diz que é a mão da Virgem Maria.
Do lado de fora o lavatório lindão, que fazia parte do lugar enquanto mesquita!
Seguindo o nosso caminho, fomos para a Mesquita Azul –cartão postal da cidade!
Casei Mudei pulando em Istambul!!!
Gente, tenho que ser sincera….entrei e sai correndo da Mesquita Azul. Deus que me perdoe, mas estava o maior chulé….não consegui nem admirar a mesquita, fiquei com a maior aflição de pisar naquele tapete. Mas mesmo com essa visita relâmpago, fiz algumas fotos.
Maridon se refrescando e eu aqui morrendo de vontade!
Demos mais umas voltas, comemos um Kebab, uns docinhos e fomos para o hotel –queríamos ver o pôr do sol do alto de um dos restaurantes ali colados na Mesquita Azul– na noite anterior, um casal de brasileiros que encontramos no restaurante nos deram a dica. Depois encontramos com eles na Capadócia e tivemos que agradecer…foi sensacional!!
Apesar da correria, ter reservado o restaurante (Seven Hills) para o pôr do sol foi a melhor coisa que fizemos. Foi um espetáculo!!
No nosso penúltimo dia resolvemos conhecer o Palácio Topkapi –simplesmente imperdível. Amei ver de perto como viviam os sultões e as riquezas que ostentavam – tudo muito cheio de ouro, esmeraldas…sério impressionante. Mas o que mais gostei de conhecer melhor foi sobre como funcionavam os harens.
O palácio foi o centro administrativo do império otomano por quase 400 anos… Lá é possível ver coleções de porcelanas, roupas usadas na época, relíquias sagradas, coleção de relógios, jóias feitas pelos joalheiros do palácio –verdadeiras obras primas…enfim, dá para perder umas três horas lá dentro, babando pelo bom gosto dos povos antigos.
Tudo muito bonito e cheio de detalhes!!!
O harém era onde viviam as mulheres do palácio…pelo que entendi, a mandachuva era a mãe do sultão. Aqui dentro existia muita disputa entre as mulheres, todas queriam ser a mãe do primeiro filho do sultão –o que lhes dava regalia, mas mesmo depois de dar a luz ao primogênito a mulher não tinha sossego, tinha que passar o resto da vida protegendo o rapaz da fúria das outras mulheres doidas para matá-lo e fazer do seu filho primeiro filho do sultão –ai que preguiça, né (rs)!!
Área da piscina…haviam outras pelo palácio onde eram realizadas competições entre anões.
Saimos correndo do palácio para o nosso passeio de barco. Existem milhares de caras que ficam nas ruas oferecendo o passeio de duas horas pelo Bósforo, nós preferimos fechar o de seis horas com almoço e uma parada para mergulho –estava desejando o mar e assim continuei, já já eu explico.
Vista de longe da Fortaleza de Rumeli.
Antes de embarcamos, passou por nós um barco só de muçulmanas…achei um barato!
Bora navegar do Bósforo até o Mar Negro!!
Sim…o barco era bem cafona… Para quê tanto tecido?
Jeito turco de ir a praia! rs
Antes da voltarmos, paramos numa praia que ficava num vilarejo…ai tinham as opções passear pela cidade (nop, estava um calor dos infernos), nadar na praia (terrível, não nos deu a menor vontade) ou ficar no barco e ai nos levariam para nadar em alto mar (a melhor de todas as opões, mas ninguém topou). Resumindo, ficamos na praia feia, sem tomar banho de mar, mas tomando uma cervejinha –que custou o olho da cara (golpe).
Nessa foto a praia até parece boa, mas juro, não era.
Último dia antes de partimos para a Capadócia…resolvemos ir para o lado “moderno” da parte ocidental de Istambul, ou seja, atravessamos o Corno de Ouro. Fomos de metrô e foi bem tranquilo.
Fomos na praça de Taksim, na famosa rua Istiklal, que na real é um calçadão cheio de lojas e café, enfim, demos uma boa volta e fomos para o aeroporto prontos para a última parte da viagem.
Subimos na Torre de Galata que apesar do ticket bem carinho, tem uma vista linda da cidade. Lá também funcionam um café e um restaurante –esses com os mesmos preços que encontramos na cidade.
Na volta, resolvemos atravessar a ponte andando e aproveitar os últimos minutos na cidade.
Istambul é uma delícia…é do tipo de lugar que se você estiver procurando agito, vai encontrar, mas se quiser ficar mais tranquila, é só se afastar do centro. Gostamos muito de tudo o que vimos por lá…só tivemos más experiências com taxistas e presenciamos cenas de homens não se comportando bem com turistas mulheres…. mas ao mesmo tempo conhecemos pessoas bem amigáveis. Enfim, como toda cidade grande, tem que ficar esperto para poder aproveitar sem dores de cabeça.
Próximo post Capadócia!!! Ai que lugar incrível..acho que vocês vão amar! Inté!
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