Flores silvestres controlam pragas e substituem pesticidas
O plantio de flores silvestres no meio de plantações comerciais, com o objetivo de atrair os predadores naturais de pragas, está sendo experimentado no Reino Unido. Elas podem substituir ou reduzir o uso de pesticidas em diferentes tipos de cultivo.
Existe uma espécie de vespa, por exemplo, que come pulgões, espécie nociva em diversos tipos de cultivos, como colza (canola, de cujas sementes se extrai óleo usado em cozinha ou para produzir biodiesel).
Mas essas vespas só se alimentam de pulgões quando são recém-nascidas. Quando adultas, precisam de pólen e néctar das flores. Por isso não há como elas sobreviverem em plantações comuns. Mas plantar faixas de flores em meio a esses cultivos pode mudar isso.
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Flores silvestres já vinham sendo testadas como uma forma de controlar pragas. Elas podem reduzir o uso de pesticidas e ajudar a manter baixa a população de espécies nocivas à agricultura. Mas elas eram plantadas em volta das lavouras, e os predadores naturais não chegavam no meio, pois não se deslocam por longas distâncias. Agora, elas estão sendo plantadas em faixas de seis metros de largura, em meio às plantações.
O estudo está sendo desenvolvido pelo Centro para Ecologia e Hidrologia, no Reino Unido, por meio do programa Assist, em 15 fazendas produtoras de cereais. As plantas usadas pelos pesquisadores britânicos incluem trevo vermelho, centáurea maior e cenouras selvagens.
Segundo os pesquisadores, com o avanço de sistemas agrícolas de precisão, seria possível implementar esse tipo de habitat de inimigos de pragas. Colheitadeiras podem usar sistemas de navegação de GPS para evitar destruir as faixas de flores.
Na Suíça, em um outro estudo, pesquisadores experimentaram plantar papoulas, coentro e endro, entre outras flores, em meio ao trigo. Elas abrigavam insetos como joaninhas, que comem os insetos que atacam o trigo, reduzindo o dano às folhagens em 61%.
Os pesquisadores na Suíça estimaram, ainda, que a escolha certa de flores pode aumentar a produtividade em 10%, tornando essa alternativa sustentável economicamente ou mesmo lucrativa.
Os pesquisadores britânicos querem fazer essa experiência em mais fazendas, para saber se o uso de flores funciona em diferentes tipos de plantações, e entender como isso pode ser incorporado a tecnologias modernas de agricultura.
Esse tipo de experiência pode ser combinado com outras técnicas, como o desenvolvimento de espécies mais resistentes a pragas, melhores ferramentas para diagnosticar e prever pragas e tecnologias que permitem aplicar quantidades menores de pesticidas de forma cirúrgica. Tudo isso traz uma perspectiva mais ecológica para a agricultura.
Curadoria: engenheiro Bernardo Gradin, especialista em soluções sustentáveis.