Emagrecer com injeção é mais fácil para um dos sexos, e a ciência explica o motivo

Influência hormonal e comportamental pode explicar a diferença dos efeitos entre os sexos

27/05/2025 12:02

Medicamentos injetáveis para emagrecer, como Wegovy (semaglutida) e Zepbound (tirzepatida), têm mostrado resultados mais eficazes em mulheres do que em homens, e a ciência começa a investigar os motivos dessa diferença. Estudos clínicos recentes revelam que, em média, as mulheres perdem significativamente mais peso com essas medicações do que os homens, mesmo com as mesmas doses.

Essa descoberta, apresentada no congresso da Associação Europeia de Obesidade e publicada no New England Journal of Medicine, destaca a necessidade de tratamentos personalizados para o controle do peso.

Entre os principais achados, homens perderam cerca de 6% menos peso do que as mulheres. Em estudos anteriores, mulheres perderam até 28% do peso inicial com tirzepatida, contra 19% nos homens.

Por que as mulheres emagrecem mais com GLP-1?

Especialistas apontam uma série de fatores possíveis:

  • Diferenças hormonais: o estrogênio, mais presente nas mulheres, pode potencializar os efeitos dos medicamentos à base de GLP-1 no cérebro, aumentando o controle do apetite e o gasto energético.
  • Distribuição de gordura corporal: mulheres acumulam mais gordura subcutânea, enquanto homens concentram gordura visceral — e os remédios podem agir de maneira diferente em cada tipo.
  • Motivação e adesão ao tratamento: a pressão social para emagrecer pode tornar as mulheres mais dispostas a tolerar efeitos colaterais como náuseas, constipação e vômitos, aumentando a eficácia geral.
  • Dosagem relativa ao peso corporal: como as mulheres, em média, pesam menos, podem estar recebendo doses relativamente maiores para seu corpo.
As evidências atuais mostram que medicamentos injetáveis para emagrecer funcionam melhor em mulheres, possivelmente por influência hormonal e comportamental
As evidências atuais mostram que medicamentos injetáveis para emagrecer funcionam melhor em mulheres, possivelmente por influência hormonal e comportamental - asikkk/istock

A Dra. Karolina Skibicka, da Universidade de Gotemburgo, explica que o estrogênio parece amplificar os efeitos do GLP-1, aumentando o número de receptores nas células que respondem ao hormônio intestinal. Quando o estrogênio é bloqueado em estudos com animais, o efeito de supressão do apetite do GLP-1 diminui.

O que isso muda no tratamento?

Entender por que esses medicamentos agem de forma diferente em homens e mulheres é essencial para otimizar os resultados. Pode ser necessário ajustar doses, combinar tratamentos ou desenvolver estratégias específicas para públicos que não respondem bem — como homens ou mulheres após a menopausa, cujo estrogênio está em queda.

Além disso, os efeitos colaterais e até mesmo os benefícios cardiovasculares podem variar conforme o sexo, segundo as especialistas Melanie Jay e Skibicka. Por isso, há um chamado crescente por mais estudos clínicos que incluam análises específicas por sexo.