Pesquisa mapeia a burocracia no ciclo de vida das empresas

Falta de informação para o cidadão, ineficiência no fluxo dos processos e problemas na gestão dos servidores públicos são alguns dos problemas que levam o Brasil a ter 86% das empresas com alguma irregularidade e 3,7 milhões de CNPJs “zumbis”

Se o empreendedorismo é o motor da economia, as distorções na burocracia deixam tudo congestionado. Com o intuito de investigar a raiz do problema de congestionamento enfrentado pelos empreendedores no Brasil, conhecido por bater recordes nos rankings mundiais, a Endeavor acaba de lançar a pesquisa “Burocracia no Ciclo de Vida das Empresas”.

Com o apoio de EY, Ibracem, Neoway e SEDI, a organização global de fomento ao empreendedorismo aprofundou o conhecimento sobre a ineficiência da burocracia brasileira e seus impactos para o país, e construiu ainda um mapa inédito dos processos que precisam ser navegados por empreendedores na abertura e no fechamento de empresas.

Além disso, ouviu empreendedores, burocratas e especialistas e fez um compilado das ações de melhoria mais apontadas pelos três atores. o guia inédito para empreendedores. (Confira também um checklist gratuito para guiar quem quer abrir ou fechar uma empresa)

  • CNPJs zumbis 

No que diz respeito ao impacto da burocracia, chamam a atenção os 3,7 milhões de CNPJs “zumbis”, revelados pelo estudo. São CNPJs ativos na Receita Federal, porém sem atividade efetiva, que representam quase 20% do total, e que podem ser um indicativo da dificuldade enfrentada para se fechar uma empresa no Brasil.

A pesquisa aponta que, embora o fechamento pareça simples, por envolver poucos processos, pode se tornar um pesadelo para negócios com problemas de saúde tributária, algo que é comum no Brasil.

De acordo com outros dados levantados, 86% das empresas brasileiras operam hoje com alguma irregularidade. Dentre os escritórios de advocacia e contabilidade, que são os que deveriam conseguir lidar melhor com a burocracia, essa taxa é de 80% e 88%, respectivamente. O dado assusta, mas parece fazer sentido quando se analisam números como o de atualizações tributárias, que podem chegar a 558 em 4 anos, no caso do ICMS – ou seja, cerca de 1 atualização a cada 3 dias.

Pensando nisso, o estudo se desdobrou em duas ações para guiar atuais e futuros empreendedores:

Um mapa inédito dos processos que precisam ser navegados para se abrir e fechar um negócio no Brasil, que pode ser acessado neste link.

Uma mentoria online e gratuita, no próximo dia 21, com fundadores de duas empresas que são especialistas em processos e impostos. Inscreva-se aqui.

E as amarras da burocracia impactam não apenas as empresas, mas a produtividade geral do país. Estudos acadêmicos revisitados ao longo da pesquisa mostram que países como o Brasil, que apresentam muitas dificuldades regulatórias para o ciclo de “destruição criativa”, acabam concentrando muitas empresas pequenas, antigas e pouco produtivas.

O resultado é a menor produtividade média na maioria dos setores e a menor geração de renda por trabalhador. Os acadêmicos estimam ainda que se os procedimentos e atrasos fossem reduzidos à metade no Brasil, o crescimento da renda per capita no longo prazo seria de 25%.

“Essa convergência de opiniões coloca ainda mais urgência na resolução do problema.”, comenta Marcela Zonis, diretora de Relações Institucionais da Endeavor. “As ações para melhoria mapeadas são simples e não são novidade – muitas delas estão, por exemplo, na Redesim, instituída pelo governo federal em 2007, ou em projetos de desburocratização liderados por alguns municípios. Os gestores públicos, principalmente os prefeitos eleitos, precisam virar o jogo na implementação.”, completa Marcela.

Conheça algumas das ações sugeridas: 

  • Padronizar e melhorar o fluxo de informações e de comunicação sobre quais os processos e os dados necessários em cada etapa que o empreendedor precisa percorrer;
  • Mapear e redesenhar processos e fluxos com vistas a racionalizar procedimentos, tornando o processo mais célere;
    Priorizar a confiança na autodeclaração do empreendedor;
  • Melhorar as condições físicas (equipamentos, mobiliário, etc) nos órgãos públicos para aumentar a produtividade dos servidores;
  • Treinar e qualificar os servidores e melhorar a alocação de talentos para tratamento com o público;
  • Aplicar nos órgãos e secretarias sistemas e softwares integrados e com capacidade de processamento de grande volume de informações;
  • Instituir o cadastro fiscal único da pessoa jurídica;
  • Compilar, analisar e revogar as regras tributárias contraditórias;
  • Simplificar e automatizar as cobranças tributárias, valendo-se de Guia Única.

Quer saber mais? Para baixar o relatório da pesquisa e conferir todos os resultados, acesse: