Vale a pena investir em diversidade nas empresas?

Pesquisa revela que menos da metade das empresas no Brasil possuem política de diversidade e inclusão

12/07/2024 14:52 / Atualizado em 10/09/2024 15:29

O levantamento “Combate ao assédio nas organizações”, da Protiviti, divulgado em junho, revelou que 58% das empresas no Brasil não possuem uma política de diversidade, equidade e inclusão. 

Contudo, Thalita Gelenske, fundadora da Blend Edu, explica que, nos últimos anos, tem percebe uma maior adesão das corporações. “A gente tem visto esse aumento, inclusive em relação ao orçamento para a diversidade. Até empresas de pequeno e médio porte, que antes não eram um percentual tão alto, estão começamos a olhar para o tema como um diferencial. Como uma forma também de se posicionar para a captação de investimento”, explica.

Thalita Gelenske, fundadora da Beld Edu, explica a importância social das empresas investirem em diversidade e inclusão
Thalita Gelenske, fundadora da Beld Edu, explica a importância social das empresas investirem em diversidade e inclusão - Reprodução/Linkedin

A Blend Edu nasceu em 2018 e, de lá para cá, já ajudou mais de 100 empresas a criarem uma cultura de diversidade e inclusão. “É muito importante construir as ações de diversidade baseadas num exercício de escuta com os colaboradores e em dados, para poder ver informações e saber onde é que a gente vai alocar da melhor forma os recursos que as empresas têm”, pontua a executiva.

Impacto social

“A gente consegue ter um impacto muito grande em relação ao aumento de empregabilidade de pessoas de grupos minorizados, que a gente sabe que nem sempre acessam as mesmas oportunidades”, analisa Thalita. “Estamos falando também de abrir nas empresas reflexões sobre preconceito, assédio, discriminação, como a gente pode tentar diminuir essas violências que acontecem na sociedade como um todo, mas também no ambiente de trabalho”, acrescenta.

Menos da metade das empresas no Brasil possuem política de diversidade e inclusão
Menos da metade das empresas no Brasil possuem política de diversidade e inclusão - iStock/gorodenkoff

Thalita enfatiza que o tema também engloba premissas de remuneração mais justa, saúde mental, etc. “Quando uma pessoa tem acesso ao trabalho, isso, muitas vezes, transforma toda a estrutura familiar dela. Uma pessoa que tem a chance de estudar, que tem acesso a determinadas oportunidades, ela quebra um ciclo de pobreza na sua família que pode transformar todas as próximas gerações”, reflete.

Valoriza o negócio

“Hoje a gente tem muitas pesquisas de instituições renomadas, de grandes universidades e de diferentes organizações que sinalizam o quanto ter uma maior diversidade internamente gera para a empresa uma série de benefícios. Uma pesquisa publicada na Harvard Business Review, diz que quando a empresa tem maior diversidade, ela tem 152% maiores chances de compreender seus clientes”, exemplifica a executiva.

Dessa forma, ela explica que as empresas que investem em diversidade e inclusão também têm ganhos no lucro. “A gente tem pesquisas e análises de correlação que inclusive mostram que empresas que têm maior diversidade chegam a ter uma rentabilidade 35% maior”, esclarece.

“Isso pode gerar benefícios para o negócio e também para os colaboradores. Você tem um aumento de um ambiente de segurança psicológica ao falar de diversidade, criar uma cultura inclusiva. Se fomenta um ambiente que é livre de assédio, de discriminação. Além de proporcionar um bem-estar maior, uma saúde mental melhor para as pessoas colaboradoras”, revela Thalita.

Ações genuínas 

“Seria um pouco ilusório eu dizer que 100% das empresas que estão fazendo esse trabalho estão fazendo de forma ultra genuína, de coração cheio. Claro que a gente sabe que tem uma demanda de mercado, né? É no amor ou na dor”, analisa a fundadora da Blend Edu. “Às vezes a empresa, a liderança de algumas organizações não necessariamente acreditam genuinamente na diversidade, mas elas falam ‘não tem como não fazer’. O consumidor, o investidor e os colaboradores estão cobrando”, acrescenta.

Desse modo, ela ressalta que há empresas que entendem que essas ações são importantes. Além de se conectam com a cultura da empresa e com o que ela quer construir. Entretanto, lideranças de algumas organizações ainda não têm essa percepção.

“Diversidade é um assunto que a gente fala que evolui junto com a sociedade”
“Diversidade é um assunto que a gente fala que evolui junto com a sociedade” - iStock/xavierarnau

”Independente de como o processo começou, o que eu acho muito legal, é que mesmo quando você encontra pessoas que são resistentes, sempre tem pessoas naquela empresa que apoiam, sempre tem alguém que fala, ‘isso aqui faz muito sentido, isso é legal’ e que estão muito engajadas para construir essa cultura, genuinamente”, pondera.

A executiva explica que para ser genuíno nas ações de diversidade e inclusão, é essencial que a empresa sempre se atualize, por meio de consultorias, treinamento, palestras, entre outras ferramentas. “Diversidade é um assunto que a gente fala que evolui junto com a sociedade. É um assunto que está sempre se atualizando”, finaliza Thalita.