Vale a pena investir em diversidade nas empresas?
Pesquisa revela que menos da metade das empresas no Brasil possuem política de diversidade e inclusão
O levantamento “Combate ao assédio nas organizações”, da Protiviti, divulgado em junho, revelou que 58% das empresas no Brasil não possuem uma política de diversidade, equidade e inclusão.
Contudo, Thalita Gelenske, fundadora da Blend Edu, explica que, nos últimos anos, tem percebe uma maior adesão das corporações. “A gente tem visto esse aumento, inclusive em relação ao orçamento para a diversidade. Até empresas de pequeno e médio porte, que antes não eram um percentual tão alto, estão começamos a olhar para o tema como um diferencial. Como uma forma também de se posicionar para a captação de investimento”, explica.
A Blend Edu nasceu em 2018 e, de lá para cá, já ajudou mais de 100 empresas a criarem uma cultura de diversidade e inclusão. “É muito importante construir as ações de diversidade baseadas num exercício de escuta com os colaboradores e em dados, para poder ver informações e saber onde é que a gente vai alocar da melhor forma os recursos que as empresas têm”, pontua a executiva.
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Impacto social
“A gente consegue ter um impacto muito grande em relação ao aumento de empregabilidade de pessoas de grupos minorizados, que a gente sabe que nem sempre acessam as mesmas oportunidades”, analisa Thalita. “Estamos falando também de abrir nas empresas reflexões sobre preconceito, assédio, discriminação, como a gente pode tentar diminuir essas violências que acontecem na sociedade como um todo, mas também no ambiente de trabalho”, acrescenta.
Thalita enfatiza que o tema também engloba premissas de remuneração mais justa, saúde mental, etc. “Quando uma pessoa tem acesso ao trabalho, isso, muitas vezes, transforma toda a estrutura familiar dela. Uma pessoa que tem a chance de estudar, que tem acesso a determinadas oportunidades, ela quebra um ciclo de pobreza na sua família que pode transformar todas as próximas gerações”, reflete.
Valoriza o negócio
“Hoje a gente tem muitas pesquisas de instituições renomadas, de grandes universidades e de diferentes organizações que sinalizam o quanto ter uma maior diversidade internamente gera para a empresa uma série de benefícios. Uma pesquisa publicada na Harvard Business Review, diz que quando a empresa tem maior diversidade, ela tem 152% maiores chances de compreender seus clientes”, exemplifica a executiva.
Dessa forma, ela explica que as empresas que investem em diversidade e inclusão também têm ganhos no lucro. “A gente tem pesquisas e análises de correlação que inclusive mostram que empresas que têm maior diversidade chegam a ter uma rentabilidade 35% maior”, esclarece.
“Isso pode gerar benefícios para o negócio e também para os colaboradores. Você tem um aumento de um ambiente de segurança psicológica ao falar de diversidade, criar uma cultura inclusiva. Se fomenta um ambiente que é livre de assédio, de discriminação. Além de proporcionar um bem-estar maior, uma saúde mental melhor para as pessoas colaboradoras”, revela Thalita.
Ações genuínas
“Seria um pouco ilusório eu dizer que 100% das empresas que estão fazendo esse trabalho estão fazendo de forma ultra genuína, de coração cheio. Claro que a gente sabe que tem uma demanda de mercado, né? É no amor ou na dor”, analisa a fundadora da Blend Edu. “Às vezes a empresa, a liderança de algumas organizações não necessariamente acreditam genuinamente na diversidade, mas elas falam ‘não tem como não fazer’. O consumidor, o investidor e os colaboradores estão cobrando”, acrescenta.
Desse modo, ela ressalta que há empresas que entendem que essas ações são importantes. Além de se conectam com a cultura da empresa e com o que ela quer construir. Entretanto, lideranças de algumas organizações ainda não têm essa percepção.
”Independente de como o processo começou, o que eu acho muito legal, é que mesmo quando você encontra pessoas que são resistentes, sempre tem pessoas naquela empresa que apoiam, sempre tem alguém que fala, ‘isso aqui faz muito sentido, isso é legal’ e que estão muito engajadas para construir essa cultura, genuinamente”, pondera.
A executiva explica que para ser genuíno nas ações de diversidade e inclusão, é essencial que a empresa sempre se atualize, por meio de consultorias, treinamento, palestras, entre outras ferramentas. “Diversidade é um assunto que a gente fala que evolui junto com a sociedade. É um assunto que está sempre se atualizando”, finaliza Thalita.